A novela envolvendo Flamengo e Jorge Jesus parece ainda estar longe do fim em que pese o técnico ter anunciado sua intenção de cumprir até o fim o seu contrato com o Benfica inviabilizando, ao menos até o meio do ano, sua volta ao Rio.
Em Portugal se diz que tudo não passa de um jogo de cena. Jesus não aguenta mais o Benfica e o Benfica e sua torcida não aguentam mais Jesus. E a saída após os dois jogos com o rival Porto, qualquer que seja o resultado, seria boa para ambos os lados.
Mas o retorno do português, reivindicado pela torcida nas redes sociais e vontade expressa de boa parte da diretoria e dos conselheiros rubro-negros seria uma cartada arriscada, com boas chances de dar errado. Muito mais do que de repetir os êxitos do ano inesquecível de 2019.
Ora, mas por que isso se o time é praticamente o mesmo e JJ manteria o seu estilo e suas suas convicções reimplantando um jogo ofensivo, intenso, bonito e que não deixava o adversário respirar?
Este é exatamente o ponto.
O elenco continua milionário, recheado de craques, com reforços importantes como Davi Luiz, Pedro, Michael em plena forma. Dos 11 titulares que conquistaram a Libertadores apenas três não continuam no Ninho do Urubu. E, é claro, ninguém desaprendeu a jogar bola.
Mas o time não é mais o mesmo.
Três anos fazem diferença no futebol que se joga hoje. Filipe Luiz, Rodrigo Cairo, Everton Ribeiro, Diego Alves já não têm o preparo de antes. Contusões perseguem não apenas esse grupo de trintões mas até Bruno Henrique e Gabigol. E por mais que se questione o departamento médico, a fisiologia do clube, claramente há um desgaste natural, uma dificuldade em atingir e manter a forma especialmente num calendário enlouquecedor como o brasileiro. E que vai se repetir no ano que vem.
Essa temporada foi um espelho disso.
Jesus teria como vantagem conhecer o clube por dentro e entender o futebol brasileiro nas nossas particularidades. Dispensaria uma fase de adaptação. Mas, por mais que o Mister seja um ídolo da galera rubro-negra, as cobranças viriam. E seriam imediatas. Por resultados que talvez demorassem para surgir mais do que a paciência do torcedor suportaria.
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O dilema do Flamengo para escolher seu novo comandante vai além de JJ. Há, como se sabe, outros portugueses na mira do clube. Mas não deveriam ser nomes, e sim projetos, a nortear a decisão dos cartolas. Evitar o troca-troca que se viu nessa temporada é fundamental, um fator preponderante para apagar as frustrações de 2021 e voltar de novo ao tal outro patamar em que o Rubro-Negro esteve em tempos recentes.
O Flamengo, movido pelas redes sociais, essas redes que hoje clamam por Jesus e amanhã poderão crucificá-lo, é o maior adversário dele mesmo.