O presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, vem recebendo críticas negativas e também apoio por aceitar chefiar a delegação da Seleção Brasileira na Copa América. Desta vez, foi o ex-presidente do clube Helio Ferraz que se manifestou sobre o assunto. O ex-mandatário escreveu uma carta aberta a Bandeira, na qual se posiciona de forma contrária à decisão.
Confira:
'Meu Caro Presidente Eduardo Bandeira
Havia decidido não me manifestar sobre sua aceitação à honrosa distinção de chefiar a delegação brasileira à Copa América nos EUA.
Ocorre que diversos posicionamentos de Presidentes de Poder do Clube, Fla +, Vice Presidentes, especialmente, o Rafael Strauch, no Face, do ex Presidente Marcio Braga e, ontem, a sua própria, no site do Flamengo, acabaram por me provocar a reproduzir o que dissera, sexta feira, no almoço do Garden, ao qual comparecera o Fred Luz, que justificou a decisão tomada com sólidos argumentos.
Disse eu, então, que: em 2003, como Presidente, fora convidado pelo Presidente da CBF, à época, Ricardo Teixeira para chefiar a delegação de nossa Seleção à Copa das Confederações, na Europa, em Portugal.
Sucessor do Presidente deposto, em movimento pela transparência, austeridade e da separação entre o interesse do Clube e seus gestores, e uma proposta de transformação da estrutura do futebol, inspirada no pensamento de Marcio Braga.
Uma contração de receita devido a quebra da ISL, 65%, da verba anual, descrédito financeiro, vencimentos e penhoras diárias, um orçamento de quarenta e poucos milhões, mais da metade comprometido.
A CBF, nos fizera empréstimos que chegaram a 50% da verba disponível, naquele ano, além de que as arbitragens não nos prejudicavam, e começamos a nos equilibrar.
O futebol não ia bem, havíamos perdido o Carioca, do Vasco, do Fluminense, e reformara o futebol, havia pouco tempo, e os resultados ainda não começavam, afinal, Comissão Técnica e time compatíveis às verbas disponíveis.
Logo, entretanto, fomos à final da Copa do Brasil, com o Cruzeiro, 100%, Campeão Brasileiro, com 100 pontos, e chegamos em 8o, no brasileiro, que embora muito pouco, era o melhor resultado, desde 92, quando chegamos na mesma posição, até ganhar as finais.
Eu não aceitei o convite!!!!!
Eu disse sexta feira, no Garden (restaurante onde alguns sócios do Fla se encontram semanalmente), “eu penso que o Eduardo não devia aceitar, agora”, embora concorde que se deve debater o modelo de dentro, e estimular a evolução, como o novo Colégio, de 40 Clubes, e vinte e poucas federações, e o significado do próprio convite ao Flamengo, que indiscutivelmente homenageia um conceito de gestão como paradigma.
Penso, entretanto, que o convite formulado basta-se a si mesmo, no sentido que referi acima.
Emerge, ademais, que o futebol do Clube, a despeito de que, ainda, seja admissível possa não ter se reestruturado, porém diante dos resultados dolorosos, seria emblemático o Presidente aqui ficar, por conta desta situação, para o torcedor, o caso de nós todos, dramática.
O nosso torcedor do futebol é o maior ativo do Clube, em justo desespero, não pode contagiar o bom dirigente, mas precisa saber seu “Comandante em Chefe”, seu Maior General, ainda que fosse um EL CID, o que não é o caso, comandar suas tropas, dentro do campo de batalha.
Outrossim, a decisão foi aceitar e afastar-se, entre 30 e 60 dias, e neste caso, o Vice Presidente vai assumir, espero que: com a plenitude dos Poderes, e como interlocutor, exclusivo, do Presidente licenciado, na forma estatutária, e porque nosso futebol reclama o Presidente presente e plenipotenciário no comando das tropas, aqui, no campo de batalha.
Com apreço, admiração e respeito pelo trabalho realizado até agora.
SRN
Helio'