O Estádio Norberto "Tito" Tomaghello, em Florencio Varela, na Argentina, será palco do primeiro confronto entre Flamengo e Defensa y Justicia, a ser realizado nesta quarta-feira, às 21h30 (de Brasília), pela ida das oitavas de final da Libertadores. Mas há um inusitado episódio que liga as histórias de ambas as equipes. E tem a ver com as cores rubro-negras.
A situação ocorreu no dia 10 de novembro de 1984, nos áureos tempos da Era Zico, quando o Defensa y Justicia ainda estava engatinhando nos torneios menos expressivos na Argentina.
À época, o que estava em jogo era uma vaga no octogonal final da quarta divisão, mas, restando apenas algumas horas para a bola rolar, foi avisado ao técnico Rubén Moreno que, dos dois conjuntos de uniformes que o clube possuía, um não estava completo e o outro estava encharcado.
De chofre e na base do desespero, Moreno mandou buscar um conjunto de camisetas de qualquer cor de um loja esportiva no centro da cidade de Florencio Varela, região metropolitana de Buenos Aires. O local enviou 14 camisas listradas de vermelho e preto, com gola e punhos brancos, pois era o único completo que tinha no momento.
E, como uma "cabala", segundo o próprio clube conta, o uniforme à la Flamengo inspirou a vitória por 3 a 1 sobre o Flandria, o que culminou na almejada vaga à próxima fase. Os dirigentes adotaram as camisas e as tornaram um talismã.
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O uniforme rubro-negro ainda seria utilizado pelo DyJ em outras duas ocasiões. Neste mesmo ano, em que foi avançando, chegou à final e estava na briga para subir à terceira divisão, o clube voltou a usá-lo no jogo da volta da decisão, já que na ida foi derrotado por 2 a 1 para o Villa Dálmine. Ou seja, apelou para o misticismo.
Pois bem, dessa vez, o feito não se repetiu, embora antes tenha ocorrido um contratempo insólito que atiçou os supersticiosos: o ônibus que conduzia os jogadores ao estádio quebrou, fazendo com que o elenco completasse o trajeto de carro. Porém, houve novo e frustrante revés no duelo da volta: 1 a 0.
O acesso veio no ano seguinte, em 85, quando o Defensa y Justicia sobrou em toda a campanha e, na partida de despedida da temporada, com a garantia da subida, voltou a vestir rubro-negro. E só em um tempo, o segundo, na goleada por 5 a 0 diante do DockSud, para aposentar a camisa à Flamengo com estilo.
O PRIMEIRO ENCONTRO
Agora, chegou a vez do Defensa y Justicia, já consolidado no cenário nacional e continental, encontrar o rubro-negro "original". O time de Sebastián Beccacece, atual campeão da Sul-Americana e Recopa, possui uma folha salarial de apenas 100 mil dólares, mas já provou que o seu jogo coletivo faz sucesso.
- Vamos jogar contra o que talvez seja o time mais poderoso da América do Sul. Foi campeão da penúltima edição. Eles ganharam o Brasileiro e uma (Super) Copa do Brasil. Agora vão ter a volta de cinco ou seis jogadores que estavam nas suas seleções. Vai ser um desafio difícil, mas lindo, e vamos enfrentá-lo com a mentalidade de que é possível (passar) - disse Beccacece, completando:
- A união coletiva às vezes esconde a diferença que pode existir em jogadores de futebol ou clubes. Com essa união, tudo se equipara no futebol. Vamos competir, não tenho dúvidas.
Ainda sem atuar na atual temporada argentina, o Defensa y Justicia volta a campo depois de cerca de dois meses para um jogo oficial, agora sem o goleador Braian Romero, que foi para o River Plate. Mas Lucas Barrios e Walter Bou têm estofo suficiente para assumirem o protagonismo e alertarem a defesa do Flamengo, desfalcada de Willian Arão (suspenso) e Rodrigo Caio (lesionado). O embate promete.
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O L! transmite o jogo (estreia de Renato Gaúcho, inclusive) em Tempo Real.