Em novas frentes! Veja o que sósias de astros têm feito na quarentena
Em meio à rotina em suas profissões, 'covers' promovem 'lives' e interações com fãs e aguardam fim da pandemia do novo coronavírus para fazer 'Confronto do Século'
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O impacto da pandemia do novo coronavírus no futebol não fez apenas com que os jogadores lidassem com uma rotina diferente. Mesmo sem a bola rolar, os sósias de astros dos gramados tentam agora compensar a falta de eventos com novas formas de entreter seguidores.
- Além de não ter mais viagens e das idas aos jogos, outras coisas foram adiadas. Tinha comercial fechado, os sósias foram convidados para trabalhar em um filme. Eu, que já tinha desfilado em uma escola de samba em Manaus e tinha sido maravilhoso, voltaria lá para acompanhar o Festival de Parintins. Mas foi cancelado, está muito crítica a situação no Amazonas - detalhou ao LANCE! Jeferson Sales, o "Gabigol da Torcida", que chega a complementar sua renda com cachês variando entre R$ 300 e R$ 1 mil por participação em eventos nos quais encarna o camisa 9.
O "cover" do artilheiro do Rubro-Negro segue requisitado, mesmo à distância. Nesta terça-feira, às 20h, ele participará de uma "live" do Grupo Aceitaí, que será transmitida no Instagram, YouTube e Facebook do conjunto.
- A gente decidiu fazer esta "live" para ajudar a doar cestas básicas a comunidades que tanto eles quanto eu queremos ajudar. Vou apresentar da minha casa, mas eles também pediram para eu cantar (risos) - destacou Jeferson, que espera o fim da pandemia também para retomar a rotina de trabalho como técnico em uma cervejaria.
As transmissões ao vivo têm sido a alternativa mais frequente entre os sósias. Porém, o motorista Oscar Sampaio Júnior, que "adota" o estilo do técnico Jorge Jesus, lida com percalços virtuais.
- Fiquei no início em Visconde de Mauá, e o sinal, em especial à noite, estava muito ruim. A "live" caía o tempo todo, eu até recusei alguns convites e podia passar uma impressão errada. Hoje estou em Resende, a conexão melhorou bastante - afirmou.
O "Mister" brasileiro passou por apuros que fizeram com que ele redobrasse suas atenções com a sua saúde neste período de pandemia.
- Na mesma época que divulgaram que o teste do (Jorge) Jesus deu positivo para COVID-19, eu estava internado. Não sabia se era dengue, zika, mas depois diagnosticaram que era leptospirose. Eu me recuperei e rezei muito para o "Mister" ficar bem. Foi um alívio quando deu negativo o outro teste dele - e detalhou como tem sido sua rotina:
- Tenho 55 anos, estou em grupo de risco, e minha imunidade ficou mais baixa com a minha doença. Com isto, fico em casa, principalmente porque o meu trabalho como motorista para empresas da região caiu muito. Estou dependendo mais dos meus filhos. Além disto, os comerciais que eu ia fazer foram adiados - complementou.
ROBERTO CARLOS EM RITMO DE COMBATE AO NOVO CORONAVÍRUS
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O "elenco" deste Flamengo ainda conta com um reforço de impacto. O sósia do lateral-esquerdo Roberto Carlos veste o Manto Sagrado. João Marcos ainda enfrenta uma missão e tanto em meio à pandemia do novo coronavírus.
- Trabalho desde 2005 em uma empresa de saúde, na área de remoção e de internação. Neste período de COVID-19, tem sido de uma correria muito grande, está bem desafiador - declarou.
Ele detalhou como lida com as perguntas sobre a presença do pentacampeão mundial no time rubro-negro.
- Sempre que me falam que o Roberto Carlos não jogou no Flamengo, eu digo que joguei na Gávea aos 10 anos e está valendo (risos) - disse.
Em seguida, ele, que mora no Rio de Janeiro, contou os detalhes de sua rotina como "cover" do pentacampeão mundial.
- Desde 2002 eu ganhei destaque como sósia do Roberto Carlos. Cheguei a ir a programas de TV, como o "Pânico", fiz comercial do lado dele... Mas, desde que ele parou de jogar, os trabalhos ficaram mais difíceis. Gravo mais mensagens de aniversário e participo de eventos beneficentes, sem cobrar nada - declarou.
ARRASCAETA À ESPERA DE 'SE FIRMAR' PARA A NAÇÃO
A pandemia afetou a "estreia" de mais um integrante da lista de sósias do Flamengo. Segundo Leonardo Garcias, um jogo da Copa Libertadores foi divisor de águas para que ele ficasse na mira da equipe de "covers".
- Durante o Flamengo e Barcelona de Guayaquil (em 11 de março), o "Gabigol da Torcida" passou por mim e disse: "ih, é o Arrasca". A partir daí, passei a ser o "Arrascaeta da Torcida" - e emendou:
- No Flamengo e Portuguesa, eu ia para a arquibancada junto com o pessoal, mantendo o visual dele de 2019. Só que determinaram que a partida teria portões fechados, aí não deu... - completou.
O bombeiro civil contou como tem mantido sua rotina como sósia do uruguaio.
- Faço as "lives", converso com fãs e também com outros sósias. Mas, em paralelo, estou tendo aulas com um professor de espanhol, que vem me ajudando muito a deixar mais parecida a maneira como o Arrascaeta fala. Já digo "buenas, soy Arrascaeta de la hinchada, mucho gusto" ("olá, sou Arrascaeta da torcida, muito prazer").
Na noite de segunda-feira passada, o "Arrasca da Torcida" teve um convidado especial para sua "live": o ex-zagueiro Álvaro, que foi campeão brasileiro em 2009 pelo Flamengo.
Cada atleta tem uma sucessão de "covers". Além do Diego Alves que hoje ocupa a meta do time de sósias, há um concorrente para ser o camisa 1 em Juiz de Fora que, em meio à pandemia, também tenta mostrar suas credenciais.
- Sou goleiro de futebol amador, comecei em eventos no ano passado. Tenho aproveitado este período para fazer "lives" e manter a forma em casa. Mesmo não fazendo parte do time, torço muito para o sósia do Diego que está lá. Somos amigos - disse Wilson Damião, que trabalha em uma lanchonete.
O IMPACTO NO COTIDIANO DOS SÓSIAS DE SÃO PAULO
A pandemia do novo coronavírus também afetou sensivelmente os sósias que moram em São Paulo. Responsável por "representar" Romário há 20 anos, Rafael Sousa Oliveira detalhou as mudanças pelas quais todos passaram.
- Quatro eventos que teríamos foram adiados. Está todo mundo parado devido ao coronavírus. Uma alternativa à qual recorri foi a "live" para seguir falando de futebol e manter este espaço como sósia do Romário - disse.
Em seguida, ele, que tem 52 anos, detalhou que tem sido o dia a dia na sua outra profissão.
- Sou motorista de loja de conveniência. Assim como é exigido aqui, tenho trabalhado de máscara, com todo cuidado... - afirmou.
"Cover" de Neymar, Eigon Oliver viu o calendário esportivo trazer mudanças nos seus trabalhos.
- Sou sósia e dublê dele já há oito anos. As coisas ficaram paradas desde que decidiram adiar a Olimpíada. Sem a possibilidade de publicidade ou de eventos devido à pandemia, decidi me dedicar mais ao meu ofício de origens - afirmou o envelopador de móveis.
Oliver, que cobra entre R$ 800 e R$ 1 mil por três horas de presenças em eventos e já participou de programas como "Zorra Total", "A Praça É Nossa" e do "Canal do Porpetone", preferiu se afastar neste momento dos holofotes.
- Não estou fazendo "lives", nem divulgando fotos em rede sociais. Quero aproveitar para estudar um pouco - afirmou.
Um dos "estrangeiros" do time, o sósia de Ibrahimovic tem convivido com as idas e vindas de ser autônomo.
- Trabalho por conta própria. Faço serviço de jardinagem, manutenção predial... Varia muito o serviço. Este trabalho como sósia começou a ficar mais forte de uns três anos para cá, quando conheci outras pessoas. O que fazia o Felipão, o Romário... Mas faço mais presenças em jogos beneficentes, eventos, que não estão acontecendo agora - declarou Cezar Mota.
O "cover" do astro sueco falou sobre o caminho das "lives'.
- Já fiz mais "lives", para falar com os outros sósias. Mas ultimamente tem ficado difícil a conexão. Neste período, também tem acontecido de muita gente pedir que você grave mensagem para enviar a outra pessoa - disse.
Valter Ziviani viu seus trabalhos como o técnico Luiz Felipe Scolari mudarem devido à pandemia.
- Tinham algumas participações em programas de TV, nas quais a emissora ou uma agência negociavam comigo o valor. Mas veio o COVID-19 e cancelou tudo, né?! - declarou.
O "Felipão" também toma cuidados diante da escalada do novo coronavírus em São Paulo.
- Sigo meu trabalho como motorista de uma empresa, mas tenho 55 anos, sou diabético. Fico preocupado, tento tomar o máximo de cuidado - frisou.
À ESPERA DO 'CONFRONTO DO SÉCULO'
Os sósias também terão de esperar para entrar em campo em um aguardado desafio. Trata-se do "Confronto do Século", no qual a "equipe" do Flamengo medirá forças com uma "seleção" repleta de astros de todo o mundo.
- O sósia do Felipe Melo (Adriano Marcolino), eu e outras pessoas resolvemos encabeçar este projeto de fazer uma partida beneficente no estádio do America (Giulite Coutinho). Nosso objetivo é arrecadar doações para as comunidades da Baixada Fluminense, que são pessoas que sofrem com dificuldades financeiras. Como sósia, a gente pode dar este tipo de contribuição - afirmou Felipe Pisom.
O barbeiro tem se esmerado como sósia do capitão rubro-negro Diego.
- Eu fui abordado por uma criança uma vez, e ela que pediu para tirar foto comigo no metrô. Aí veio a ideia de ser o Diego. Desde que fui pela primeira vez uniformizado ao Maracanã, no Flamengo e Goiás (jogo vencido pelo Fla por 6 a 1), parecia que ia deslanchar. Aí, quando o Diego se machucou contra o Emelec, achei que já tinha dado errado. Mas passei a ir de bota ortopédica e de muletas, minha mãe confeccionou a braçadeira de capitão e acabei fazendo sucesso. Só com o tempo, depois que conheci os outros sósias, comecei a pensar em vida artística. Vivo do que ganho na barbearia - declarou.
Jogando na seleção "adversária" ao clube no qual Felipe Melo ganhou projeção, o sósia do volante ressalta.
- A rivalidade é muito forte. Percebi isso quando fui ao estádio do Palmeiras. A expectativa é que este jogo ajude muita gente e divulgue nosso trabalho como sósias - disse Adriano Marcolino, que, mesmo com previsão de atuar entre os "rivais" do Rubro-Negro, mora em Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Adriano contou como tem sido sua rotina em meio à pandemia.
- Na verdade, as coisas que faço como sósia do Felipe Melo são esporádicas, garantem uma renda extra. Vou a muito aniversário de criança, já fui até a casamento. Mas meu cotidiano em nada mudou. Sou carteiro, minha profissão é considerada essencial. A gente tem de lidar com este momento crítico, torcer para a pandemia passar e logo a gente fazer o nosso jogo, dar essa alegria para o pessoal mais carente - declarou.
O "Confronto do Século" é antecedido por muita ansiedade e irreverência em grupos de WhatsApp e nas "lives" promovidas pelos sósias nas redes sociais. Além dos rubro-negros contarem com Filipe Luís, Willian Arão e Bruno Henrique, a seleção de sósias do resto do mundo tem em seu "elenco" astros como Soteldo, Piqué, Dudu e Ronaldinho e até um "cover" do Tiririca. Enquanto a bola não pode rolar, todos se mobilizam na torcida para que a pandemia tenha um ponto final.
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