Em 2019, o Flamengo de Jorge Jesus engrenou e carimbou um estilo admirável e vencedor na história do futebol brasileiro. E um personagem chamou a atenção dos torcedores quanto a análises publicadas no Twitter, dissecando taticamente os principais trunfos da equipe rubro-negra. Este atende por Téo Benjamin, que está prestes a lançar o livro "Outro patamar", com direito à participação de Everton Ribeiro, da editora Mapa Lab.
A obra passou por um financiamento coletivo e, por conta da pandemia do novo coronavírus, ainda não há datas concretas para o lançamento, mas Téo afirmou que as versões digitais devem ser enviadas a quem colaborou no crowdfunding na primeira quinzena de abril. Já as físicas, para o fim do mês.
Ao LANCE!, o analista tático, que ganhou mais de 30 mil seguidores nas redes sociais em poucos meses, contou sobre a iniciativa do livro, colaboração de Everton Ribeiro, efeitos de Jorge Jesus e o maior interesse de torcedores pelo "tatiquês" nos debates esportivos, atualmente.
- O livro, de maneira geral, é sobre o Flamengo, mas não um panfleto sobre o Flamengo, um "olha só como esse time é f***", que de fato é, mas é para a gente entender sobre futebol de uma maneira geral e conhecer alguns conceitos a partir desse time. Faço muito isso nos meus textos e aprofundei para o livro.
Aos 31 anos e engenheiro de formação acadêmica, Téo ainda disse que o livro não se restringe a torcedores do Fla:
- A análise do jogo não é apenas sobre o jogo, mas sobre conceitos e ideias. Acredito que seja um livro muito interessante e emocionante para o rubro-negro, mas também útil para todos os torcedores de outros times, para jornalistas, e a quem gosta de futebol. Pelo menos estou escrevendo para isso (risos) - comentou.
Siga o "fio" e confira outras respostas de Téo Benjamin sobre o livro:
Como se deu a iniciativa de transformar as análises que fazia no Twitter em um livro?
- Eu sempre tive a ideia de escrever um livro de futebol, é uma vontade há muito tempo, já tinha até proposto uma ideia de livro, não era nem sobre o Flamengo, vinha organizando, mas... A iniciativa de escrever sobre o ano de 2019 surgiu dos torcedores no Twitter, fazendo essa provocação: "Se (o time de Jesus) ganhar, vai ter que transformar em um livro". Eu relutei no início pois não queria escrever sobre um tema específico, mas a ideia foi ficando consistente ao longo do ano, passei a analisar quase todos os jogos e fez muito sentido. Aceitei, ganhou e, aí, tive que fazer (risos).
Como foi a participação de Everton Ribeiro no livro?
- Ele escreveu o prefácio, a abertura do livro. Vai ser assinada por ele, que topou o projeto e foi super solícito. O Everton Ribeiro é um cara extremamente inteligente, bem articulado e muito gente boa.
Consegue mensurar quantos seguidores ganhou em 2019? As suas análises no Twitter foram uma atração à parte durante a campanha vitoriosa do Fla...
- Todos, basicamente. Eu usava pouquíssimo o Twitter. Escrevia para o (site) Mundo Rubro-Negro, só postava o link (das matérias) e saía. Até a contratação do Jorge Jesus, tinha no máximo 400 seguidores. Basicamente todos os cerca de 36 mil vieram neste período.
Você acredita que, por parte da torcida, em geral, tem aumentado o interesse no aprofundamento tático? Por quê?
- Creio que sim. No início, principalmente, recebia muita mensagem interessante, no sentido de: "Cara, eu nem sabia que dava para falar de futebol desta forma. Eu descobri esse tipo de conteúdo e me abriu um leque de possibilidades e até parei de assistir à TV". Acho que existe uma ideia dentro da mídia que as pessoas não gostam de falar de tática, inclusive ouvi isso de jornais e jornalistas. Teve até um cara interessado em administrar um canal meu no YouTube que já chegou falando que ninguém se interessava pelo meu conteúdo. Enfim, não foi uma boa estratégia. Cansei de ouvir isso já, o problema que isso é uma profecia auto-realizada, pois a mídia, com este pensamento, não gera conteúdo sobre tática e nem sequer dá a oportunidade do público se interessar ou não. É um ciclo vicioso. A minha percepção pessoal é que se torna mais prazeroso quanto mais entendo, apesar de achar que cada um assiste de um jeito e tem a sua onda.
Encontrei muitas pessoas que descobriram esta nova forma, que assistem ao jogo de uma maneira diferente. Acredito que o interesse está crescendo pois muitas pessoas estão produzindo conteúdo tático e, se ele chegar ao mainstreaming, rádio e TV, aumentaria ainda mais. Penso que é melhor para o jogo quando se entende e se aprofunda, pois, assim, o torcedor não vai ficar vaiando na hora errada, cornetando treinador por uma escolha errada, colocando pressão nas diretorias para demitir o tempo todo. Melhora o ambiente do futebol, e acredito que essa é um pouco a missão que coloco para mim nas análises.
Consegue resumir em uma frase os maiores benefícios trazidos por Jorge Jesus ao futebol brasileiro?
- Em uma frase é difícil, mas diria que ele trouxe uma certa modernidade em termos de metodologia de treinamento e uma convicção muito forte quanto a modelo de jogo. Não que seja algo inédito no futebol brasileiro, mas creio que vínhamos perdendo isso, de um time se impor ao adversário. Dentro deste contexto, é bastante diferente. Se fosse em uma palavra, seria modernidade.