A passagem de Paolo Guerrero pelo Flamengo chegou ao fim. Isto é, se depender do cenário atual, no ano que vem quando acabar sua suspensão ele não vestirá mais a camisa 9 rubro-negra. Aos 34 anos, o jogador tem contrato com o Fla até o dia 10 de agosto, quando encerra o vínculo assinado em 2015. Uma renovação, dentro da Gávea, já está considerada fora dos planos com o novo gancho.
Desta maneira, o camisa 9 se despediu do Rubro-Negro neste dia 13 de maio, diante da Chapecoense e com gol. A situação envolvendo o atacante já não era tratada de forma simples. O Flamengo já tinha oferecido a manutenção dos cerca de R$ 500 mil em salários - desta vez sem luvas - para ele renovar até o fim da temporada. Guerrero e seu staff queriam um contrato até o fim de 2019 ou meio de 2020. As luvas seriam negociadas.
A falta de consenso já estava atrapalhando as tratativas, tanto que o Flamengo colocou sua equipe de scout no mercado atrás de um novo centroavante, que chegue com a mesma condição de Henrique Dourado. A ideia é ter dois grandes nomes. Este processo, passava por Guerrero também. Isto é, se o jogador não fosse novamente punido e aceitasse o novo vínculo.
Quando chegou ao Flamengo, em 2015, Guerrero recebeu cerca de R$ 12 milhões em luvas. A vista, o Fla pagou R$ 4 milhões e parcelou os outros oito nos 36 meses de contrato. Além dos vencimentos, o peruano recebia cerca de R$ 200 mil diluídos em seu salário, referente ao prêmio por assinatura. Esta fórmula não estava nos planos da diretoria. Era apenas a ideia de renovação, com prioridade por mais um ano.
A confiança que ele seria absolvido cresceu entre as pessoas que cuidam de sua carreira e por isso as tratativas e o acordo com o Flamengo não foram assinados. Foram pelo menos três reuniões para discutir o novo contrato e nenhuma resposta de quem cuida da carreira do peruano. A ideia era esperar o Mundial e ver o quanto o jogador sairia valorizado.
A última taca de Guerrero e seus agentes eram exatamente essa: um grande desempenho na Copa que o fariam acertar o último vínculo de sua carreira por mais dois anos e meio ou três, para aí sim, pendurar as chuteiras. O Flamengo era a preferência e internamente sabia-se que se ele se destacasse com a camisa do Peru, a renovação chegaria aos moldes mais favoráveis a ideia do jogador do que do clube.
Agora, com a nova suspensão que durará mais oito meses, Guerrero só poderá retornar aos gramados em janeiro do ano que vem, no mês em que completará 35 anos, no primeiro dia do ano de 2019. Apesar de querer o Flamengo, o atacante tinha sondagens de outros grandes clubes do Brasil e voltando a jogar em alta sabia que podia negociar este novo contrato.
Agora, ele terá que esperar e treinar em separado e por conta própria, como já fez por quatro meses. As dependências do Fla ele só poderia voltar a usar em novembro, quando faltariam dois meses para o fim da suspensão. Esta é uma exigência da Fifa em relação a jogadores punidos por esta conduta. Porém, quando chegar lá, ele já estará sem vínculo contratual com Flamengo a três meses.
O camisa 9 do Flamengo assinou seu último ato. Marcou contra a Chapecoense e animou novamente os torcedores. Um dia depois - de se declarar inocente mais um vez - veio o balde de água fria. Eduardo Bandeira de Mello está em seus últimos meses de mandato e já se decidiu que não vai renovar.
Ao todo, ele se despede com 108 partidas pelo Rubro-Negro e 43 gols marcados. Apenas o título carioca de 2017 no currículo. O sonho de disputar sua primeira - e provavelmente única - Copa do Mundo também chegou ao fim. E a passagem de Guerrero pelo Flamengo e pelo futebol brasileiro, chega ao fim de forma melancólica. E injusta para os envolvidos.