Há um ano, Mário Bittencourt se tornava o 35º presidente da história do Fluminense em eleição antecipada. Ele, ao lado do vice-presidente Celso Barros, bateu Ricardo Tenório nas urnas para o mandato até o final de 2022. A posse aconteceu apenas no dia 10 e a gestão se iniciou de fato no dia seguinte, dia 11 de junho de 2019. De lá para cá, uma crise política, resultados ruins em campo no ano passado, reforços em 2020, voz ativa durante a pandemia, pagamento de salários e a contratação do atacante Fred.
Foram 2225 votos, a maior quantidade na história das eleições tricolores, para a chapa de Mário e Celso. Entre as urgências da gestão antes no início do mandato estavam pagar os salários, renegociar a dívida, conseguir um patrocinador e reforçar o elenco. O LANCE! mostra o que aconteceu nos últimos 12 meses.
Saída de Celso Barros
Uma das ideias de Mário com Celso Barros era a extinção da vice-presidência do futebol, deixando a pasta para o ex-presidente da Unimed-Rio. Abaixo dele ficariam um diretor executivo, um supervisor e um coordenador. Em novembro do ano passado, porém, a relação rachou e Barros acabou afastado do comando do departamento de futebol do Fluminense. A princípio, a medida seria pelo menos até o final do Brasileirão, mas nada mudou desde então.
As divergências entre presidente e vice se tornaram públicas, especialmente com relação à continuidade do técnico Marcão naquele momento em que o time lutava contra o rebaixamento. Mário acabou isolando Celso do futebol de forma gradual até evoluir para o afastamento completo. A falta de sintonia foi algo comum nos cinco meses de gestão. Enquanto o ex-patrocinador do Flu entendia que não tinha autonomia no futebol, algo prometido anteriormente, o presidente acreditava ter sido desrespeitado com as declarações do vice.
Atualmente, Celso segue afastado e tem sido discreto. Quando se manifesta, parece estar de acordo com as ações de Mário, especialmente com o que diz respeito à volta dos jogos de futebol no meio da pandemia do novo coronavírus. No entanto, não há reaproximação entre as partes.
Pagamento de salários
Desde que venceu nas urnas, a diretoria já pagou 12 folhas salariais. Funcionários e jogadores receberam - ainda em 2019 - o 13º e férias completos do ano passado e o 13º de 2018. Além da CLT de dois meses da gestão anterior que estavam em atraso e todos os outros que vieram em seguida. Neste ano, abril continua em aberto.
Os salários de março foram pagos em totalidade para quem ganha até R$ 1.500 e cerca de 40% pro restante (há uma divisão dentro desse grupo e nem todos receberam essa porcentagem). Quem recebe como pessoa jurídica (PJs) tem 100% de março aberto. A divisão dos pagamentos em parcelas tem sido uma prática adotada constantemente.
Balanço financeiro
No final do último mês, o Fluminense divulgou o balanço financeiro referente ao ano de 2019. Em um período marcado pela transição entre os mandatos de Pedro Abad e Mário Bittencourt, o clube registrou um deficit de R$ 9,3 milhões. Com o resultado, este foi o quarto ano seguido em que o Tricolor fechou as contas no vermelho. A maior parte dessa receita bruta do ano passado foi por venda de jogadores, que ficou em R$ 105,4 milhões. As transferências de Pedro e João Pedro representaram a maioria desse valor.
Foram R$ 265 milhões em receitas e queda de R$ 13 milhões para R$ 9 milhões em patrocínios, assim como o sócio-torcedor, que reduziu de R$ 23 milhões em 2018 para R$ 20 milhões no ano passado. Os custos no futebol foram de R$ 147 milhões. No entanto, houve melhora no valor da dívida.
Patrocínio master
Um dos assuntos que ainda não foi resolvido foi o patrocinador master para o Fluminense. Mário Bittencourt explica que ainda não fechou com nenhuma empresa por não considerar as propostas financeiras interessantes. Ele defende que o Flu só estampará uma marca na parte mais importante da camisa quando os valores propostos sejam condizentes com aquilo que ele acredita que o Tricolor vale.
Linha de frente no Carioca
Um dos pontos destacados na campanha de Mário era a defesa institucional. Ou seja, maior atuação em entidades como Ferj, CBF, Conmebol e Fifa. Neste momento da COVID-19, o Fluminense tem sido uma das vozes mais ativas na discussão sobre o retorno do futebol. O clube, ao contrário de Flamengo e Vasco, acredita que é preciso aguardar a diminuição da curva de casos para que se pense em retomar as partidas.
Atualmente a relação está balançada. O mandatário tricolor, inclusive, deixou o grupo de WhatsApp com os demais presidentes de clubes e a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FFERJ). O L! mostrou nesta matéria todos os passos do Flu ao longo dessa pandemia do novo coronavírus. O clube segue sem demissões de funcionários e tenta acertar os salários atrasados.
Promessa por Fred e elenco mais forte
O último ato da gestão antes de completar esse ano foi a contratação de Fred. Repatriar o ídolo era um dos maiores desejos de Mário Bittencourt enquanto estivesse eleito e foi concluído há pouco mais de uma semana. Com valores bem abaixo do que o jogador ganhava no Cruzeiro e expectativa por ganhos com marketing e sócio-torcedor, o Flu fechou um vínculo até o meio de 2022.
Com relação ao elenco para 2020, antes do camisa 9, o Flu já havia acertado com 10 novos reforços que incluem Egídio, Henrique, Hudson, entre outros titulares. Além da importante contratação definitiva de Nino. Isso se soma aos de 2019, quando foram 21 contratações com nomes importantes e que permanecem, como Nenê, Muriel e Paulo Henrique Ganso.
Em campo, o Fluminense tem feito um ótimo Campeonato Carioca, apesar de não ter vencido o título da Taça Guanabara. O time lidera a classificação geral do Estadual. Na Copa do Brasil, a equipe de Odair Hellmann sofreu um pouco, mas avançou em duas fases. Agora, na terceira, perdeu o jogo de ida para o Figueirense por 1 a 0. Na Sul-Americana, uma eliminação precoce já no primeiro adversário, o Unión La Calera (CHI).
Promessas da campanha
Mário deixou claro que as propostas da gestão foram traçadas para os três anos e meio e dificilmente, até pela situação que o clube se encontrava, seriam cumpridas a curto prazo. O programa da chapa "Tantas Vezes Campeão" nas finanças envolvia organizá-las com responsabilidade e equilíbrio fiscal e a captação de patrocínio e criação de instrumentos para investimentos. A implantação do portal da transparência, lançado no dia 31 de janeiro, também era uma prioridade.
Há o projeto de revitalização da sede social e do Estádio Manoel Schwartz, além de um estudo de viabilidade de um estádio próprio. Atualmente o Fluminense é gestor do Maracanã ao lado do Flamengo.
No futebol, havia a ideia de contratar grandes ídolos, algo que aconteceu com Fred, além de criar o Centro de Inteligência do Futebol do Fluminense, concluir as obras do CT e recuperar a hegemonia no futebol carioca, além da disputa de torneios internacionais. Para a base, independência operacional e investimento na captação, vice-presidência de futebol de base, parcerias com outros clubes e um percentual destinado a Xerém pela venda de atletas.
Para o sócio-torcedor, o projeto é desenvolver um programa de pontuação e resgates em produtos e experiências, reformular o programa, aumentar a base de sócios, planos familiares e se basear em casos de sucesso para melhorar o modelo. Essas mudanças já foram divulgadas, mas acabaram adiadas por conta da pandemia.