Em um comunicado oficial, o Argentinos Juniors responsabilizou o Fluminense pelos incidentes que aconteceram entre a Polícia Militar e os torcedores visitantes no jogo válido pelas oitavas de final da Libertadores. O clube criticou a ação das forças de seguranças, que atuaram com cassetetes e balas de borrachas após uma confusão no setor norte.
Segundo o clube, a PM entrou nas arquibancadas com "clara intenção de reprimir e machucar" os presentes no setor visitante. O Argentinos Juniors também denunciou que o atendimento médico aos torcedores que foram detidos havia sido negado até a chegada de membros do consulado argentino.
Além disso, o Argentinos Juniors relatou que insultos e arremessos de objetos aconteceram contra o local em que se encontravam dirigentes e membros do clube que não estavam no banco de reservas, mas foram ao Maracanã acompanhar a delegação. E reclamaram da falta de proteção por parte dos seguranças.
Segundo informações obtidas pelo Lance! no dia do jogo, três torcedores visitantes haviam sido detidos e levados ao Juizado Especial Criminal (Jecrim) por conta de violência contra os seguranças do Maracanã, mas também por casos de racismo.
VEJA A NOTA OFICIAL DO ARGENTINOS JUNIORS:
A Asociación Atlética Argentinos Juniors repudia energicamente os atos de repressão vividos pelas pessoas que foram assistir o jogo da Copa Libertadores que foi disputado no Maracanã.
Os atos de conhecimento público são violações aos direitos constitucionais e ao próprio regulamento da Conmebol. O clube mandante deve garantir a assistência e segurança do público visitante e sua comitiva.
Longe disso, os responsáveis em matéria de segurança, incluindo a polícia, conjuntamente autorizaram a entrada de pessoas não identificadas na arquibancada, com clara intenção de reprimir e machucar. A agressão com cassetetes, balas de borracha e gás lacrimogêneo em uma torcida em que se encontravam famílias, meninos, meninas, adolescentes, que haviam viajado horas para desfrutar do encontro, foi implantada sem mensurar a magnitude dos danos.
Em meio a repressão policial contra o público, uma menor se perdeu de sua família. A polícia, longe de deixar o pai sair e buscá-la, continuou incitando a violência, deixando não só mais feridos, mas também uma criança sem a proteção de seu pai até que o permitiram aproximar novamente.
Todos que tentaram intervir para que a polícia cessasse as agressões foram golpeados ou ameaçados, tal como se vê em diversos vídeos. Foi o caso de uma mulher que acabou detida por pedir que parassem de bater em seu companheiro e foi arrastada por um grupo de policiais.
Foi negada assistência médica primárias as pessoas que foram presas, permanecendo detidas sem garantias de legítima defesa até a intervenção de funcionários do consulado argentino.
Simultaneamente, produziram-se agressões ao setor que se encontrava a diretoria do nosso clube, onde a segurança do estádio juntamente com o público mandante desferiram insultos e lançaram elementos contundentes.
No mesmo setor, os jogadores profissionais que não foram ao banco de reservas, juvenis que acompanharam o elenco, médicos, fisiologistas, analistas e imprensa do nosso clube receberam as mesmas agressões, totalmente desprotegidos pela segurança.
Ao fim da partida, em um acontecimento infeliz, uma cadeira em que estava sentado um torcedor foi quebrada. Essa pessoa, apesar de querer sair voluntariamente com a polícia para resolver o inconveniente, foi retirada e detida violentamente. Tanto oficiais como dirigentes locais detiveram essa pessoa impedindo sua saída do estádio até que o clube pagasse R$ 490,00 como estava cotada a cadeira. Nesse momento, mediante uma breve mediação, o Tesouro e Secretário de Imprensa e Marketing do clube chegaram a um acordo para pagamento posterior, permitindo a saída do torcedor de forma segura com os ônibus que estavam esperando na saída do estádio.
Todo o descrito deixa claro que as forças atuantes na operação de segurança do Maracanã não tinham como objetivo evitar incidentes, mas sim provocá-los e produzir uma escala de violência.
O acontecido gera uma imensa dor para nosso clube, deixando um sabor amargo que não se relaciona com o resultado da partida, mas sim a impossibilidade de viajar e poder desfrutar do encontro esportivo e do jogo da nossa equipe.
Sentimentos a responsabilidade não só de repudiar, mas também denunciar o que aconteceu para que o futebol não siga preso a violência. Reforçamos nosso compromisso por um esporte livre de violências, dentro e fora de campo, para que possamos seguir sendo visitantes ou mandantes.