Atraso na entrega do balanço expõe conturbado momento político do Flu
Oposição e ex-aliados têm dúvidas quando ao planejamento da diretoria a curto e médio prazo, principalmente por conta de crise financeira. Atual gestão mantém confiança
O atraso na entrega do balanço financeiro referente ao ano de 2017, quebrando regras do Estatuto do Torcedor e com a possibilidade de ter sérias consequências ao Fluminense, pode ter sido o estopim para expor de vez o momento conturbado pelo qual passa os bastidores do Tricolor. Segundo o LANCE! apurou, há um certo isolamento da "Flusócio", grupo político ao qual pertence o presidente Pedro Abad, causando um afastamento, inclusive, da própria base aliada que ajudou a eleger o mandatário, em pleito no fim de 2016.
Internamente, grupos de oposição e até mesmo ex-aliados demonstram desconfiança quanto à capacidade da atual gestão em traçar um planejamento para médio e curto prazo diante da crise financeira que o clube atravessa. Há ainda um entendimento de que essa incerteza em relação à "Flusócio" já chegou às arquibancadas e aos torcedores que não necessariamente fazem parte da vida política do Tricolor.
Apesar de já ter anunciado oficialmente a ruptura com a gestão de Pedro Abad, a "Unido e Forte" - união do "Flu 2050" e "Por Amor ao Fluminense" com o "MR21" e o "Esperança Tricolor" -, de certa maneira, estaria, atualmente, sendo um dos pilares para que a atual gestão, de forma geral, se mantivesse de pé. Pastas importantes, como a vice-presidência patrimonial e a de finanças, estão nas mãos da associação e um possível impeachment não é visto como algo interessante, já que, segundo o estatuto, deveria ser convocada uma nova Assembleia Geral.
Vale lembrar que, um dia após a "Unido e Forte" anunciar a descontinuidade, no dia 12 de abril, uma nota oficial de apoio a Pedro Abad foi divulgada com a assinatura de todos os vice-presidentes, inclusive os que integram o grupo.
Pessoas ligadas à atual gestão, porém, garantem que há um trabalho intenso para que o boletim financeiro da última temporada seja entregue da maneira mais confiável possível e, para isso, há um processo de análise que já dura alguns meses.
Panorama
Como era
Pedro Abad foi o escolhido pela Flusócio para dar prosseguimento à gestão do grupo no comando do Fluminense e recebeu apoio não só de Peter Siemsen, o ex-presidente, mas também de Pedro Antonio, vice-presidente de Projetos Especiais e responsável pela construção do CT na Barra da Tijuca.
Ele ainda foi apoiado por Cacá Cardoso, que era candidato pela chapa Fluminense Unido e Forte e agora é o vice-geral. Antes, Cacá e o Unido e Forte já haviam se aliado a Pedro Trengrouse, que seria o escolhido de Esperança Tricolor e MR21 e retirou a candidatura.
Como está
Pedro Abad agora já não conta mais com o apoio da Unido e Forte, que anunciou ruptura em meados do mês passado. No dia seguinte, porém, alguns vice-presidentes que fazem parte do grupo assinaram nota de apoio a Abad.
Além disso, a própria Flusócio vive crise interna e perdeu muitos membros com os últimos acontecimentos. Essa dissidência deu origem ao "PróFlu". O "Esportes Olímpicos" segue junto com Abad.
O grupo "Tricolor de Coração", que faz oposição à atual gestão e apoiou Mário Bittencourt no último pleito, estuda a possibilidade de ir à Justiça para pedir o impeachment de Abad.
Eleição
Na última eleição, Pedro Abad foi o representante da Chapa "Somos Fluminense" , enquanto Mário Bittencourt foi da "Fluminense me domina" e Celso Barros da "Todos pelo Fluminense".