A vitória sobre o Grêmio, no último domingo, além de trazer mais tranquilidade ao Fluminense e deixar o ambiente mais leve nas Laranjeiras, chamou a atenção pela nova cara da equipe, sob o comando do técnico interino Marcão. O resgate de alguns pontos do trabalho de Fernando Diniz puderam ser notados na parte ofensiva, enquanto na defesa, a sensação foi de uma maior segurança.
Logo nos primeiros dias de trabalho, Oswaldo de Oliveira promoveu mudanças no time titular, em especial, nas peças de confiança de Diniz. Nomes como Igor Julião, Daniel e Marcos Paulo perderam espaços para atletas mais veteranos. No último domingo, o meia voltou a ser titular e teve boa atuação. O atacante também entrou no fim, o que indica que pode voltar a ser aproveitado.
Com a mudança, Allan atuou como primeiro volante, dando mais qualidade na saída de bola, enquanto Ganso teve auxílio na armação das jogadas A dobradinha Daniel-Ganso, que já havia funcionado antes da troca de comando, voltou a mostrar resultado. Dos 63 passes de Ganso na partida, 17 foram para Daniel. O camisa 10 foi o destinatário dos passes do jovem jogador 12 vezes, em 53 toques.
O movimento em relação ao trabalho de Diniz parece ter agradado os jogadores, que, apesar de não admitirem publicamente, ficaram insatisfeitos com a saída do agora técnico do São Paulo. Em coletiva após as atividades da última terça-feira, o meia Nenê confirmou a boa impressão deixada pelas mudanças de Marcão.
– Ele pediu para resgatarmos o que vínhamos fazendo durante o ano com a bola. Pudemos usar mais essa arma que temos, o time tem qualidade, e ele achava que essa parte que o Diniz trabalhou durante o ano era muito produtiva e que nós poderíamos resgatar isso. E esse jogo deu uma mostra que o time pode fazer isso e fazer muito bem. E conforme os resultados vierem, a tendência é melhorar ainda mais – afirmou Nenê.
O próprio treinador interino confirmou o movimento em direção ao trabalho do ex-técnico. A lógica, segundo ele, era colocar o time para jogar da forma com a qual estava acostumado e que os cerca 40 dias de Oswaldo no comando não foram capazes de mudar totalmente.
– Eles fizeram esse jogo por sete, oito meses. Característica da equipe. Por isso colocamos hoje o Daniel, que vinha fazendo isso há bastante tempo, um jogo apoiado. Diante de casa, do nosso torcedor, optamos por isso. É bom ver o time jogando dessa forma – explicou Marcão, logo após a partida.
TABELA
Confira aqui a classificação do Campeonato Brasileiro
Defesa mais segura
No setor defensivo, Marcão não adotou a conhecida marcação sob pressão, característica dos trabalhos de Diniz. O que se viu foram os jogadores bem postados e dando poucos espaços ao time gaúcho.
Sem um consenso da diretoria sobre o nome do novo treinador, a tendência é que o técnico interino esteja no comando da equipe novamente, no próximo domingo, no clássico com o Botafogo e mantenha o estilo. A boa impressão deixada fez o nome do ex-volante ser ventilado para uma possível efetivação no cargo. Ídolo nos tempos de jogador, o agora treinador tem grande identificação com o clube e a preferência de grande parte do elenco, pela relação próxima.
Uma boa atuação no clássico de domingo é essencial para que o sonho da contratação se torne realidade para Marcão. O jogo é encarado como uma final no Tricolor, que busca uma arrancada para se afastar de vez da zona de rebaixamento. O Flu é 16º colocado, com 22 pontos, três a mais que o Cruzeiro, primeira equipe no Z-4.
O momento do rival pode ajudar o Tricolor. O Alvinegro vive uma semana agitada, depois da terceira derrota seguida no torneio nacional e vai para o jogo pressionado. Na última terça, os muros de General Severiano amanheceram pichados com frases de protestos. No dia seguinte, um grupo de treinadores invadiu o treino para cobrar o elenco.
A partida válida pela 23ª rodada será disputada no domingo, às 16h (de Brasília), no Nilton Santos.