A Valle Express foi anunciada como patrocinadora master do Fluminense no dia 19 de janeiro, tendo como objetivo estabilizar os problemas financeiros vividos pelo clube. Pelo valor de R$ 20 milhões e contrato válido até o final de 2019, expôs a sua marca no peito do uniforme. Em tese, um cenário perfeito, mas que virou uma dor de cabeça para os dirigentes tricolores em uma relação turbulenta.
Com oito meses de patrocínio, a empresa atrasou o pagamento das parcelas em cinco oportunidades. Mesmo nos meses onde o depósito foi realizado, enfrentou problemas com as datas marcadas, atrasando os valores ou pagando em outras datas para manter o vínculo. A Valle divulgou nota se defendendo das acusações, afirmando que suspendeu o pagamento pelo não-cumprimento de obrigações.
Em março deste ano, a Valle Express não conseguiu realizar o pagamento de R$ 200 mil no dia 15, mas fez um acordo com o clube das Laranjeiras e pagou o valor 11 dias depois. No mês seguinte, o início de um problema que se arrastaria: a empresa voltou a não pagar o clube em abril, referente a parcela de R$ 250 mil, que até o momento não foi quitada.
O cenário se repetiu em maio, junho e julho, completando quatro meses de débitos atrasados e uma dívida que gira na casa dos R$ 1,4 milhão. Antes deste acerto, o Fluminense estava sem um patrocinador master desde março de 2016, quando a Viton 44 rompeu o contrato. Assim, o clube tricolor vive hoje uma situação financeira delicada, com dificuldades para manter os salários em dia e buscar reforços de peso no mercado.
Venda para investidores americanos
Um dia antes da rescisão, a Valle Express anunciou que foi comprada por um grupo de investidores americanos, se transformando em empresa multinacional. Segundo a companhia, a atuação da empresa no país será ampliada, com novos produtos e cartões a serem lançados no mercado.
No entanto, não havia nenhuma garantia de que os patrocínios no esporte fossem mantidos. O Corinthians, por exemplo, rompeu o patrocínio poucos meses após anunciado, diferentemente do Fluminense. Caberia aos novos investidores a negociação pelas pendências junto ao clube e a possibilidade de sequência do contrato.
O plano dos investidores americanos é transformar a Valle Express, que hoje atua com formas de pagamento, em um banco digital. Os novos produtos e serviços, no entanto, também não foram detalhados até o momento. Segundo a empresa, isso acontecerá “em breve”.
Calote no vale-alimentação
Fora das quatro linhas, a trajetória da Valle Express também é cercada de polêmicas. A empresa foi denunciada por calote no vale-alimentação de 25 comerciantes em Ibirité, região metropolitana de Belo Horizonte. De acordo com a reportagem do portal "O Tempo", a empresa tinha um convênio com a prefeitura para fornecimento do cartão, que era usado pelos funcionários das lojas conveniadas. A operação do cartão repassaria o montante gastos aos comerciantes, e a prefeitura pagaria os gastos dos servidores à administradora.
Os problemas começaram no fim de 2017. O início da parceira foi positivo, mas a empresa parou de fazer os repasses e gerou problemas na região. Muitos supermercados e sacolões entraram na Justiça cobrando valores que giravam na casa dos R$ 5 mil, R$ 30 mil e até R$ 250 mil. Os empresários acionaram os advogados, que estivam um prejuízo total na casa dos R$ 1,4 milhão.
A Valle Express emitiu uma nota confirmando que tem pendência com alguns estabelecimentos, mas responsabilizou a prefeitura ao declarar que "espera receber os valores devidos para quitar as dívidas". A empresa acrescentou o seu desejo de que Justiça determine que a prefeitura pagasse o que é devido e pediu desculpa aos funcionários atingidos.