Na conquista do Carioca sobre o Flamengo, o Fluminense fez emergir um personagem que até então estava em evidência. Depois de começar a temporada fora dos planos, Paulo Henrique Ganso foi ganhando espaço no esquema de Abel Braga e no último sábado fez uma de suas melhores atuações desde que chegou nas Laranjeiras. Com uma assistência e visão de jogo, o camisa 10 foi peça fundamental para o título do Tricolor no Maracanã.
Desde a sua contratação, o meia chegou com moral na torcida. Depois de um bom início, o jogador perdeu ritmo e não correspondeu às expectativas. Assim, perdeu espaço e chegou a ser terceira opção. Sem vez no Flu, Ganso manifestou o interesse do Santos, clube em que atuou no início da carreira. O Peixe avançou pela sua contratação, mas acabou retrocedendo após críticas da torcida e divergências internas. Na época, parecia que não havia mais espaço nos gramados para o camisa 10.
No início da temporada, Ganso não parecia estar nos planos de Abel Braga, pelo menos na primeira etapa da competição. Ainda nos primeiros jogos do ano, a torcida chegou a pedir pela entrada do jogador na partida contra o Audax Rio, o que acabou não acontecendo naquele dia. Contudo, a estreia no ano aconteceu na quarta rodada da Taça Guanabara, aos 88 minutos do jogo contra a Portuguesa-RJ. A atuação convenceu e, aos poucos, o meia se tornou a primeira opção de Abel nas reposições.
De lá para cá, Ganso atuou em três dos quatro jogos pela Libertadores, e cumpriu bem a função de criar oportunidades para o setor ofensivo. No jogo contra o Vasco, pela oitava rodada do Carioca, o camisa 10 assinou duas assistências e mostrou que poderia ser mais que o 12° jogador. Contando com o apoio da torcida, ele também deu uma assistência no duelo contra o Resende, que deu ao Flu o título da Taça Guanabara.
Contudo, foi na decisão contra o Flamengo que Ganso mostrou todo o seu potencial para contribuir com um time mais criativo. O meia não só distribuiu lances e organizou o meio-campo, como também foi o principal articulador de jogadas. Foi dos pés dele que saiu a construção para o gol de Cano, que consagrou o Fluminense como Campeão Carioca. Com visão de jogo, ele encontrou espaços para avançar na área adversária e foi responsável por um futebol mais propositivo, até então raro para o time.
Se o começo de Ganso no Fluminense deixou a desejar, a temporada de 2022 dá indícios de que o jogador ainda tem muito a realizar no futebol. Após quase dois anos como reserva ou fora das relações, o camisa 10 é, hoje, parte fundamental da criação do time e também uma liderança tática, capaz de organizar uma transição ofensiva que muitas vezes se apresenta confusa.