A sensação é que a história se repete no Fluminense, independentemente de quem esteja em campo. No clássico diante do Botafogo, no último domingo, a equipe comandada por Odair Hellmann padeceu para fortalecer seu ímpeto ofensivo e ainda passou por apuros em sua retaguarda.
Por mais que tenha lidado com uma sucessão de baixas, o Tricolor das Laranjeiras viu a "construção de jogadas", tão pedida pelo treinador, voltar a não funcionar de maneira precisa. Michel Araújo e Fernando Pacheco injetavam velocidade pelas pontas, mas se atrapalhavam ao lançar Fred. Além disto, Nenê demorou a conseguir uma tabela mais nítida com o camisa 9.
- Antes de fazer o gol, tivemos muitas chances na bola parada e até em situações de construção. Criamos, mas a definição, a parte final do cruzamento, passou um pouquinho do ponto. Erros que acontecem e a gente precisa estar sempre atentos, corrigir, aptos a olhar e melhorar para o próximo (jogo) - reconheceu o técnico Odair Hellmann.
Outra alternativa de conduzir a equipe à frente, Danilo Barcelos também pecava em excesso na tentativa de realizar cruzamentos.
Em meio à falta de válvulas de escape, o Fluminense balançou a rede graças às suas qualidades individuais e um pouco de sorte. Nenê fez cruzamento preciso e Fred soube se impulsionar entre os zagueiros no lance que culminou no gol contra de Kevin.
OS SOLAVANCOS DEFENSIVOS
Após o intervalo, as mudanças alvinegras acentuaram o quanto o Tricolor das Laranjeiras não sabe fugir do marasmo. Como se não bastassem os espaços que Danilo Barcelos deixou para Salomon Kalou avançar na etapa inicial, a equipe foi permitindo aos poucos o aumento de produção do Botafogo.
- Quando você fica muito tempo sem a bola, acaba gerando confiança para o adversário. O adversário criou essa dificuldade principalmente no segundo tempo, com a entrada do segundo centroavante - declarou Odair Hellmann.
A defesa do Fluminense se mostrou atabalhoada após duas cobranças de lateral. Desatento diante da bola viva na área, o time viu Muriel se desdobrar para evitar conclusões de Rentería (no primeiro tempo) e Pedro Raul (na etapa final).
A mudança de panorama também passou pela opção do técnico em sacar Fernando Pacheco para promover a entrada de Yago Felipe. O Tricolor perdeu sua velocidade no ataque e acabou recuando exageradamente. De tanto abrir caminho, o Fluminense viu um cochilo em uma cobrança de falta culminar no empate, marcado por Caio Alexandre.
- Em algum momento, os caras vão ganhar alguma jogada, vai ter algum rebote, algum desvio. Esse é um jogo muito difícil de você conseguir evitar. Pelo todo, acho que a defesa se comportou bem até, que tiveram muitos lances nesse sentido. Claro que erros, situações acontecem. Agora, você não pode falar de erros se um time adversário consegue a todo momento colocar a bola aérea, com dois centroavantes muito grandes, de grande imposição - completou.
Na reta final, o Fluminense voltou a se lançar, mas já mostrava-se pouco inventivo ofensivamente e preso no bloqueio adversário. Diante de um Botafogo bem postado defensivamente, restaram os chutes de fora da área de Nenê e Felippe Cardoso que pararam nas mãos de Cavalieri. Um despertar tardio, pois as limitações já tinham evidenciado as razões pelas quais a equipe de Odair Hellmann não consegue sair do lugar no Brasileirão.