Neste sábado, os sócios do Fluminense irão às urnas para escolher o novo presidente tricolor. De um lado, Mário Bittencourt, que encabeça a chapa "Tantas Vezes Campeão". Do outro, Ricardo Tenório, líder da chapa "Libertadores". Os candidatos foram entrevistados pelo LANCE!, e revelaram os seus projetos e planos para o mandato até o fim de 2022. A eleição vai ser realizada nas Laranjeiras, das 9h às 18h.
Nesta reportagem vamos conferir a entrevista com o empresário no ramo imobiliário, Ricardo Tenório, que vai concorrer pela primeira vez à presidência do Fluminense. Em 2016, participou da eleição como vice-presidente da chapa encabeçada por Mário Bittencourt. Tenório tem como vice-presidente Wagner Victer, que possui carreira política, ocupando diversos cargos públicos.
Ser presidente do Fluminense
- Desde a minha infância, eu frequentei as Laranjeiras, como sócio, independente dos meus pais. Fiz escolinhas de judô, natação e basquete lá, eu costumo repetir isso porque é uma coisa lúdica e importante na formação de uma pessoa. Laranjeiras fez parte da minha vida. Depois que casei, minhas filhas também, até uma certa idade, ficaram as escolinhas lá também, balé, esportes aquáticos. Depois que me mudei, continuei sócio, frequentando as Laranjeiras. A partir de 2007, participando das eleições, fui chamado, em 2009, pelo então presidente Horcades, para participar da gestão do Fluminense, como vice-presidente do futebol. Participei do time de guerreiros e tivemos sucesso contra aquela conta matemática de 98% de chance de cair para a segunda divisão, derrubamos os matemáticos. Tive outra passagem, em 2014, quando o presidente e o patrocinador não se falavam e a gente tentou pacificar, teve a história da Portuguesa, eu entrei logo depois para tentar comandar o futebol. Foi impossível, porque eles não se falavam, mas mesmo assim deixei o time na zona de Libertadores. Depois disto, fui candidato à vice-presidente duas vezes e, agora, me sinto preparado neste momento que é caótico no clube, para que a gente possa fazer uma gestão competente junto com a minha equipe, estruturada e competente, para que a gente tire o Fluminense dessa situação que ele se encontra. A equipe é capacitada não só na área financeira, mas também na área jurídica e na área de governança. Temos que dar um choque na hora que entrarmos. Vamos implementar procedimentos e processos, é uma coisa importante que o Fluminense não tem e, com isso tudo, eu me sinto preparado para liderar esse processo que o clube tanto precisa.
Projetos para o futebol
- Na área financeira, o Nei Brito vai cuidar. Na área jurídica, vou contar com a apoio do procurador geral do estado, o Rafael Rolim. Meu vice-geral é o Wagner Victer, que tem um currículo fantástica na área de governança e gestão, o institucional, que fala pelo Fluminense muito bem, é o Ayrton Xerez e no futebol eu vou cuidar. Não é uma coisa personalista, eu passei muito temp vivendo futebol e nós vamos pegar, a partir do dia que assumirmos, o Campeonato Brasileiro em andamento com nove rodadas, isso requer tranquilidade e sabedoria do departamento. Se você não conhece o que está lá não dá para fazer o comando daquilo, por isso que estarei presente nesse momento. O torcedor precisa saber que a gene precisa manter o Fluminense com dignidade em 2019 para que a gente possa planejar o ano de 2020. Se 2019 desandar, 2020 não vai existir. É importante saber que não tem nenhum tipo de mágica na cartola, e sim muito trabalho, uma equipe competente e eu no comando do futebol.
Laranjeiras
- Já existe um projeto de revitalização do estádio, que comporta também a revitalização da parte da sede, ali onde fica o salão nobre, sala de troféus, restaurante e toda a parte inferior da sede. É um projeto muito interessante, que vou abraçar imediatamente, vou entender melhor, porque ele ainda é um diagnóstico a ser implementado. Quanto a sede de Laranjeiras, a novidade é saber que hoje ela já está separada do futebol. A minha ideia é terminar o CT, e para isso eu convocar o Pedro Antônio, e, com tudo terminado, a gente leve todos os departamentos para lá, para que possamos ter tudo ligado: jurídico, financeiro, marketing, comercial e a comissão técnica e jogadores. Laranjeiras será para esportes olímpicos, sede social e que a gente possa usar, com as certidões em dia, processos para que a gente possa revitalizar aquela sede histórica e fantástica, onde eu passei minha infância e que me dá muito orgulho.
Maracanã
- Primeiro, temos que entender como se formou essa parceria junto ao Flamengo. Queria deixar claro que uma parceria comercial com o Flamengo é super interessante, sou a favor, mas desde que o Fluminense seja protagonista da mesma forma. Eu preciso entender como é essa parceria, acho que esses seis meses, provavelmente, pelo governo do estado, deverão ser prorrogadas por mais seis, até que se tenha um escopo de uma licitação mais bem feita. Nesse aspecto, eu vou entrar, regularizar a CND, que é importantíssimo a gente buscar isso, para que eu tenha, junto ao Flamengo, uma gestão compartilhada junto ao estádio. E aí sim, vamos explorar o estádio junto ao torcedor, comunicar melhor a nossa relação, para que todos voltem a frequentar o estádio com conforto e comodidade. O Maracanã é a nossa casa, temos Laranjeiras, que é necessária uma reforma, mas são para jogos de pequenos porte, jogos das categorias de base, até jogos do futebol feminino e eventos que possam ser feitos lá. O nosso estádio é o Maracanã e é lá que eu vou focar forças para que a gente faça uma parceria boa para o Fluminense e para o parceiro.
Xerém
- A primeira coisa com Xerém é dar transparência. A gente tem vendido jogadores com idade baixa, por necessidade de caixa, Xerém tem produzido, nos últimos cinco anos, fazendo uma conta por alto, algo em torno de 80 a 100 milhões de euros em vendas de jogadores e isso, se colocar em média que o Fluminense tem 50%, 60% dos direitos econômicos de cada um, você faz aí 40 a 50 milhões de euros. Nós temos que fazer esse dinheiro valer para investimento, e não para cobrir dívidas que estão argolando nosso fluxo de caixa. É importante cuidar de Xerém de uma forma transparente e estar lá dentro. Como eu disse que vou cuidar do futebol, também vou cuidar de Xerém, que faz parte do futebol. Unificar esses dois departamentos vai ser importantíssimo. É evidente que eu vou ter profissionais, tanto no departamento principal quanto em Xerém, para cuidar diretamente com uma filosofia implementada por nós. Isso vai ser feito de forma bem transparente e clara, Xerém é realmente a nossa joia.
Programa de Sócios
- Na sede, é preciso cuidar do equipamento para que você atraia o sócio do bairro, das vizinhanças, para que ele frequente o clube social. É preciso dar todo o apoio para que isso aconteça e é isso que eu vou fazer e não tem nenhum sentido se não for feito. A sede tem que ser cuidada, o sócio tem que ter eventos, promoções, escolinhas bem cuidadas, esportes para a juventude. É fomentar os fatores dentro da sede social para que o sócio. a família tricolor, volte a frequentar o Fluminense com prazer. No sócio-torcedor, é importante dizer que o torcedor não é o culpado, como alguns tem dito ultimamente. O torcedor é a razão da gente ser. Ele tem ser cuidado e eu vou cuidar do torcedor. O Maracanã acenou com essa parceria, é importante a gente usar essa parceria e comunicá-la ao torcedor para ele se sentir em casa. A gente vai fazer promoções, envelopar o Maracanã com a cara do Fluminense. Nos jogos do Fluminense, o torcedor vai se sentir em casa, como ele tem que se sentir. Para poder levar a família também, se sentir com segurança, é essa a relação que eu tenho que ter com todos. É evidente que devemos ter um plano de sócio-torcedor que corresponda ao torcedor. Nada como fazer uma pesquisa, comunicar, conversar com o torcedor, para saber quais são os anseios, as necessidades, os desejos... Uma promoção de uma camisa, um evento, é importante a gente fazer essa relação de troca para que a gente conclua e faça um plano de sócio-torcedor que atenda diretamente o nosso torcedor. Ele é diferenciado e precisa ser bem tratado.
Torcidas Organizadas
- É importante saber que essa relação, hoje, já está sendo regulamentada. Existe o Ministério Público, o BEPE e a Secretaria de Esportes do estado, é fazer com que eu tenha um representante oficial do Fluminense relacionado com a torcida. Eu venho conversando com as torcidas de uma forma geral e venho dizendo a eles que falta esse representante, um interlocutor do clube, a representação do clube nesses órgãos para que ele fale em nome do torcedor, para que o torcedor seja tratado como ele merece e não seja confundido com marginais e nem outras coisas. O torcedor do Fluminense vai ao estádio, na sua grande maioria, para poder vibrar, torcer e fazer uma festa. Essa relação tem que ser bem comunicada e lidada, para que os órgãos competentes entendam que essa é a intenção do Fluminense, e o Fluminense se fará um representante. Se você não tem uma pessoa para representar o clube, você larga o torcedor na mão das pessoas, sem nenhuma legitimidade para falar pelo Fluminense. Nós vamos ter essa relação com a torcida oficializada, bem clara e transparente para que as coisas não fiquem passando uma informação equivocada, como tem sido ultimamente.
Esportes Olímpicos
- Eu separo bem os esportes olímpicos das escolinhas, dos sócio-atletas, que você desenvolve ali, além de ter o lado da formação da pessoa, o atleta. Separo eles e o esporte de alta performance, que aí sim, você pode montar um time que represente o Fluminense no vôlei, no basquete e outras modalidades. São duas coisas diferentes: para as escolinhas, você fomenta com bons professores, que já temos em Laranjeiras, temos 18 diretos abnegados, não-remunerados, que trabalham diuturnamente pelo Fluminense e, na grande maioria, são pessoas que querem ajudar e a gente vai dar suporte para que eles fomentem essas escolinhas, com viagens, torneios a serem disputados em todo o Brasil, e é importante saber que lá já existe esse departamento, nós precisamos cuidar dele. Enquanto aos esportes de alta performance, é buscar patrocínios incentivados, coisa que nós sabemos que é possível, a gente precisa ter a certidão na mão, são projetos que podemos desenvolver, não só para esses espotes, mas também para a revitalização da sede. É importante para Laranjeiras como uma unidade separada do futebol, e aí nós, já no futuro, implementar o futebol-empresa, que eu acho importantíssimo ter essa independência.
Fornecedor de Material Esportivo
- Eu venho tendo conversas com um fornecedor de material esportivo, que, como o Fluminense não tem muita transparência, eu não sei se a Under Armour denunciou o contrato, mas acredito que ela deve estar saindo. Eu, em paralelo, tenho conversado com uma empresa da Itália, a Macron, se prontificou a fazer uma proposta, a conversar, quer entrar no mercado brasileiro e nos procurou. Eu acho importante, porque ela traz, além de fornecimento de material esportivo, parceiros para o patrocínio master, uma coisa que é necessária, e a gente precisa fomentar isso. De imediato, logo que entrarmos, já vou oficializar essas conversas e, de forma bem transparente, a gente vai anunciar isso.
Patrocinador Master
- Já temos conversas em um nível que me permite conversar, porque eu, como candidato, ainda não tenho a legitimidade do cargo e, assim que tiver, eu já tenho adiantado algumas conversas, não só para o fornecimento de uniformes, como já disse, mas com o patrocinador master. Para esta área, tenho duas a três conversas paralelas, uma bem adiantada, mas evito dizer nomes porque não podemos envolver isso agora. Mas eles têm interesse em entrar e ai vem o interesse do Fluminense que o aporte de alguma parte seja de imediato, porque a gente sabe que o fluxo de caixa está engessado. E pior, tem uma notícia de que a gente está com salários atrasados e isso pode chegar no dia 10 de junho, o dia da posse do novo presidente, com três meses de salários atrasados. Isso é um precedente terrível, a gente sabe que, no passado, nos custou alguns jogadores e isso me preocupa bastante. Espero que, de imediato, a gente possa solucionar isso ao chegar com nova credibilidade, uma condição melhor de negociar e já estou me preparando para isso, evidentemente, em conversas com patrocinados de máster e fornecedor de material.
Fred
- Ídolo a gente não manda embora. Foi um equívoco e eu acho que a gente tem que mudar essa política. Quanto ao Fred e outros ídolos que nós temos que queiram voltar, todos são sempre muito bem-vindos. A conversa existirá, evidentemente, dentro das necessidades e expectativas do clube tem e do próprio jogador, que tem muito a dar, não só como atleta, mas também como conhecedor da história do Fluminense, pelos anos que passou aqui. É importantíssimo isso, minha relação com ele é de muito respeito, muito boa, eu não vejo nenhum problema dessa conversa ser aberta. Não é ainda uma conversa feita porque ele tem contrato com o Cruzeiro até o final do ano que vem e a gente tem a prioridade ao assumir de cuidar diretamente da equipe que existe, que é muito qualificada, ainda precisa ser melhorada, mas está desenvolvendo um futebol que a torcida está abrançando. É importante dar condição de trabalho para a equipe, para a comissão técnica, subir as nossas joias para que elas deem retorno esportivo e para que a gente tenha um ano de 2019 digno. Volto a dizer, buscando os objetivos que o Fluminense sempre busca, que são títulos e posições no alto da tabela. Esse é o objetivo do clube e, para isso, eu tenho que cuidar desse futebol que a gente vai pegar no meio do caminho.
Pedro
- Tentar manter o Pedro é uma expectativa que todos nós temos. Pelo o que sei, o Pedro estava praticamente vendido, mas aí veio a infeliz contusão. Ele também estava convocado para a Seleção Brasileira, é um ativo do Fluminense que é muito valorizado. Eu acho que o Pedro pode dar muito retorno esportivo para a gente, dentro do campo, já é um ídolo e, como eu disse, ídolo a gente não manda embora, e sim tentamos segurar o máximo possível. Evidentemente, competir com o mercado internacional, principalmente nas condições que estamos hoje, é difícil, a gente vai ter que entender a relação com os empresários do Pedro e como está a situação para que a gente possa entender como está o projeto e, aí, fazer que ele fique o máximo de tempo possível. Não só ele, como o Marcos Paulo, que ainda é nosso, e o João Pedro, que parece que já foi vendido mas a gente tem um prazo para que ele saia. Tudo isso vai estudado e considerado. Não só isso, mas também projetos, como a parceria para patrocínio master e fornecedor de material, mas também dinheiro de repatriação. Você vê o Thiago Silva lá fora e ele gravando vídeos demonstrando carinho e amor pelo Fluminense. Esses projetos, não só de mante um jogador como Pedro, mas também de repatriar um ídolo, eles têm qe ser muito direcionados a uma relação com o patrocinador e os fornecedores de material esportivo. É uma área comercial que eu pretendendo desenvolver de forma transparente e que seja interessante, não só para o jogador, mas também para o clube e o patrocinador.
Mensagem ao Torcedor
- O torcedor pode esperar muito trabalho, junto à equipe que estou montando, a gente vai dar uma guinada nessa relação com o torcedor. Vamos abraçar o torcedor e dizer a ele que as minhas passagens no futebol me qualificam para a gente montar um elenco campeão. Eu estive no Fluminense em 2009 e 2014, foram 51 jogos no comando da vice-presidência do futebol, com 20 vitórias, 13 empates e 8 derrotas, 101 gols a favor, 56 contra e 67% de aproveitamento. É importante o torcedor saber que o meu trabalho no tratamento de futebol é intenso e que eu vou viver diuturnamente trabalhando pelo futebol do Fluminense. Evidentemente, também vou cuidar do clube, porque temos uma equipe qualificada para fazer isso.
Considerações Finais
- Que o torcedor conte com a gente e no dia 8 de junho nos dê o voto.