O Fluminense vive uma semana decisiva para fechar o ano: o impeachment de Pedro Abad será votado no próximo dia 20 e o Conselho Deliberativo irá decidir se o mandatário seguirá no cargo ou será deposto. Com o clube dividido e o caos político tomando conta do ambiente, os grupos de situação e oposição se movimentam na busca por votos e uma "guerra fria" é travada nos bastidores.
Quando Pedro Abad foi democraticamente eleito presidente do Fluminense, em 2016, foi estabelecido que o próprio teria 200 membros do Conselho Deliberativo por ter tido mais que 50% dos votos totais. Mario Bittencourt, derrotado na eleição em segundo lugar, ficou com apenas 15 nomes do pleito. Entretanto, de lá para cá, as brigas políticas foram minando esse cenário.
Antes fiel escudeiro, Pedro Antônio marcou idas e vindas entre apoio e críticas a Abad. Outra rachadura importante ficou marcada com o grupo 'Unido e Forte', ligado a Cacá Cardoso, antes vice-presidente e que rompeu ligações em maio deste ano. Se antes a coalização de apoio dominava o Conselho, pelo menos 110 membros romperam com a gestão. Atualmente, 215 conselheiros estão aptos a votar.
Então, a guerra fria entra em cena: a busca por votos. O Estatuto do clube diz que é necessário um mínimo de 150 conselheiros presentes para iniciar a reunião. Os membros da situação se dividem em dois pensamentos: estar presente e usar de sua maioria para encerrar o processo e adiantar o planejamento da temporada, ou esvaziar a sessão e não permitir que o pleito seja realizado - o que adiaria a resolução do caos político.
"§ 8º – Nas reuniões extraordinárias expressamente convocadas para deliberar sobre pedidos de Impedimento do Presidente do FLUMINENSE, a matéria só será apreciada com quórum de 150 (cento e cinquenta) Conselheiros. O Impedimento só será aprovado se obtiver, em escrutínio secreto, os votos favoráveis de, pelo menos, 2/3 (dois terços) do número das assinaturas no Livro de Presença", diz o Estatuto.
Entre os opositores, a busca é por conselheiros presentes para completar os 150 necessários para assinar o livro de presença. O caminho está sendo buscar os "outros", membros da Flusócio e Esportes Olímpicos que estão insatisfeitos e aqueles que não tem ligação direta com grupos políticos. No melhor cenário, o impeachment seria aberto na sessão esvaziada e a maioria opositora votaria contra o atual presidente.
O clima até então é de certa tranquilidade na base de apoio de Pedro Abad, pois sabem que ainda são maioria mesmo com a quebra de parcerias. Os Esportes Olímpicos também já manifestaram contra o impeachment, o que aumenta a margem de segurança. A busca de ambos os lados está nos indecisos, esse talvez seja o ponto central do impeachment.