Na véspera do Fla-Flu, Abel Braga foi à sala de imprensa do CT Pedro Antonio disposto a falar sobre o clássico, mas, durante a coletiva, não teve como fugir das perguntas sobre o conturbado momento do clube das Laranjeiras. Se dentro de campo a fase não é boa, os bastidores também estão agitados, especialmente após a saída de Fernando Veiga da vice-presidência de futebol.
Logo na primeira pergunta, o treinador do Fluminense pediu a palavra e revelou a visita de Carlos Alberto Parreira ao CT antes do treino desta terça. Campeão mundial pelo Brasil e ídolo do Fluminense, o ex-técnico foi convidado para assumir a VP de futebol, mas recusou por conta de viagens marcadas.
- Antes eu quero fazer uma colocação para vocês. Recebi uma visita extremamente cordial hoje pela manhã, de uma pessoa querida e que tenho uma relação muito forte desde o tempo de menino, na Penha. O professor Parreira gentilmente, não precisava disso, mas por ser um gentleman veio comunicar o motivo pelo qual não poderia aceitar neste momento o cargo de VP de futebol. Agenda cheia de compromissos até fevereiro, ainda falei para ele, brinquei, que pode ser depois, mas tem a Copa e com certeza ele estará atarefado também. Queria deixar claro. Ele está colaborando e torcendo muito para que a gente saia dessa situação, mas no momento, por saber que não vai poder estar 100% presente, ele preferiu não aceitar. Veio aqui me falar isso. Ele explicaria pessoalmente, mas veio aqui antes do treino e não poderia esperar.
Confira outros tópicos que foram abordados na coletiva do técnico Abel Braga:
1. O clube vive um momento agitado nos bastidores. Isso influencia no rendimento em campo?
Não vamos usar isso como desculpa. Não nos envolvemos em questões políticas. O Fernando trabalhou com muito desses jogadores da base por muitos anos. Então cria uma relação, uma amizade e claro que a gente sente. No aeroporto foi o torcedor. Temos que entender. Conversei com meus jogadores sobre isso. É o momento, preocupa, é difícil e vem aí um jogo que o torcedor que não gosta de perder. Uma equipe qualifica e cascuda. Temos que procurar a superação. Isso que o torcedor quer ver.
Me envolveram em um monte de coisa. Um disse que estava em São Paulo acertando um contrato com a seleção dos Emirados Árabes. Outro disse que eu tinha vetado um amistoso contra o PSG. Eu nunca soube disso. Pro treinador não chegou. Quando a coisa está muito boa começam a surgir umas coisas inacreditáveis, e quando a coisa está muito ruim as coisas se tornam piores, pois tomam um dimensão ainda maior. O momento é de nós sabermos a nossa dimensão. Temos que saber que o que está acontecendo é absolutamente normal. Em campo sim, temos que mudarmos a nossa realidade, cada dar o máximo em prol do coletivo.
2. Como foi a reunião de torcedores com alguns jogadores?
Não conversei pois já tinha falado com eles no aeroporto. Foi um negócio muito bom. Eles falaram que vão apoiar muito. O São Paulo dá um ótimo exemplo, um time que ficou 17 rodadas na zona de rebaixamento. Nós ainda não entramos. Não sei se foi o presidente que pediu que houvesse. Pelo o que fui informado, o nível foi muito bom. Veio muito apoio. Isso é legal.
3. Foi consultado sobre a participação do Fluminense na Florida Cup?
Claro, me perguntaram. Eu posso nem estar aqui ano que vem, não sei. A cada ano que passa a qualidade do torneio aumenta. É a divulgação da marca internacionalmente. O Corinthians faz todo ano, Atlético-MG também... Fluminense já foi no primeiro ano. Já reparou que os grandes europeus saem para fazer treinos na China, no Japão, em toda Ásia? É faturamento e divulgação de marca. Não vejo empecilho. O hfazem direto? O chato é que estando lá ou não estando vai ter de se começar 18 dias depois no Carioca. A apresentação é dia 3. Toda parte de exames médicos será feita antes das férias.
4. Qual impacto da saída de Fernando Veiga no seu trabalho?
Não atrapalha nada. Só lamento porque foi uma pessoa em que me tornei amiga. Saiu uma pessoa que tinha uma boa relação. No fundo ele não falou muita mentira. Isso é um problema político, nós somos profissionais. Isso é uma questão política. Ano passado, na eleição, me pediram para gravar vídeo de um candidato. Lógico que não gravei. Não tem nada a ver. Eu sou profissional, trabalho com todo mundo. Ficaria feliz com a chegada do Parreira. É outro amigo, um cara com uma experiência enorme e nesse momento duro que estamos vivendo seria muito importante.
5. Nome de Paulo Bhering como possível novo VP de futebol agrada?
Trabalhou comigo em 2005, fomos campeões cariocas e chegamos nas final da Copa do Brasil. Mais um amigo que fiz no futebol e no Fluminense.. Agora, não sou eu que escolho o VP. Amanhã tem jogo. É hora de falar do Fla-Flu.