Perícia contratada pelo Fluminense aponta vídeo de suposta ofensa a Gabi, do Flamengo, como inconclusivo
Instituto Forense Pro foi contratado pelo Tricolor para encontrar responsáveis pelos gritos, mas perícia disse que não há como apontar torcedores ou confirmar injúria racial
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Nesta quarta-feira, o Fluminense protocolou, no TJD, o laudo de um vídeo que viralizou nas redes sociais após o último clássico contra o Flamengo. Após a partida, internautas suspeitaram de que Gabi, do Rubro-Negro, havia sido vítima de injúria racial por parte da arquibancada adversária. O Tricolor, que entrou com denúncia no TJD após o ocorrido, contratou uma empresa especializada para analisar os vídeos, que foram classificados como inconclusivos em documento. O documento foi divulgado pelo jornal O Globo.
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De acordo com o Vice-Presidente de Interesses Legais do Flu, Heraldo Iunes, o intuito do clube era o de achar o autor dos gritos, e não questionar a legitimidade da denúncia. Em declaração ao 'ge', ele destacou que mesmo que não tenha ocorrido agora, o episódio tem que servir de lição para que casos assim nunca aconteçam.
- O objetivo do Fluminense sempre foi encontrar o autor da ofensa apontada através das redes sociais. Nosso objetivo não era negar nada, mas cumprir com nosso papel de forma justa, sem açodamento, que pode ser muito ruim. O fato de o resultado do laudo mostrar ser impossível identificar, naquela gravação, o xingamento que se imaginava, não significa que não vamos seguir na luta de combate ao racismo. Não houve desta vez, mas não pode haver nunca. O Fluminense seguirá sua luta para que atos preconceituosos, alguns deles criminosos, não aconteçam no futebol - disse.
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Valéria Leal, que assinou o laudo do Instituto Forense Pro, afirma no documento que não é possível descobrir de onde vem o grito, e tampouco é possível afirmar se a ofensa foi mesmo proferida. Para chegar ao resultado, a perícia reproduziu a palavra em laboratório acústico e comparou as ondas sonoras produzidas com as dos vídeos fornecidos para análise. As vogais da palavra "macaco" aparecem com maior amplitude nas linhas horizontais, enquanto as consoantes têm menor amplitude. Nas gravações, os padrões sonoros encontrados não foram os mesmos do laboratório.
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O laudo explica que os ruídos de fundo e mascaramento de sons, que provocam interferências, tornando impossível a detecção exata da palavra. No documento, a perita também pontua que o cérebro humano pode dar sentido a fragmentos, e 'fornece os dados onde faltam informações'.
- O cérebro na falta de algumas pistas, completa o restante pelo contexto, tanto na fala como na escrita, como no exemplo da palavra a seguir: IN73LIG3NC1@.
Contudo, a perícia foi capaz de identificar que o autor do grito estava próximo ao smartphone que filmava, baseando-se na capacidade de captação do som dos aparelhos. Caso contrário, a fala estaria mascarada por sons sobrepostos. Ainda assim, não é possível afirmar que os torcedores que aparecem na filmagem são autores dos gritos.
- Imagem e som são registrados de forma síncrona, mas foram gravados e captados em espaços distintos. Não há como atribuir a voz masculina gravada pelo mecanismo de captação (microfone) aos torcedores que são vistos nas imagens em zoom distantes 40 metros aproximadamente do equipamento de captação (smartphone).
Veja a conclusão do laudo:
"Não é possível identificar o autor (voz masculina). Imagem e som são registrados de forma síncrona no arquivo de vídeo objeto de exame. O autor da fala encontra-se próximo ao sistema de captação e distante 40 metros aproximadamente do local, cuja imagem foi captada com recurso de zoom. Não é possível realizar a representação espectrográfica completa da emissão da fala questionada, pela presença de intenso ruído de fundo de mascaramento.
O conteúdo do áudio é interpretado a partir de fragmentos auditivos, sendo a imagem vista em primeiro plano uma interferência marcante neste julgamento. A justa e intensa necessidade constante de conscientização da população contra todo tipo de preconceito, reforça o contexto sugestivo de emissão ofensiva. Entretanto, tecnicamente não é possível discriminar todos os fonemas emitidos. O arquivo analisado sofreu compressão de áudio interferindo na qualidade técnica da amostra. Por não ser o arquivo original, não foi possível extrair metadados".
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