Marcelo é inspiração pro Flu colher frutos após Copinha decepcionante. Entenda!

Com apenas uma vitória em três jogos, elenco de Xerém se espelha em geração que também foi eliminada precocemente mas conseguiu destaque nos profissionais

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Antes mesmo do ano completar duas semanas, o Fluminense já sentiu o gosto da primeira eliminação de 2018. A campanha decepcionante de uma vitória e duas derrotas encerra a passagem do Tricolor na Copinha ainda na primeira fase. O torcedor que acompanhou os confrontos contra Mogi Mirim, Tubarão e Marília não gostou do que viu, mas não quer dizer que a geração é descartável. O passado recente mostra que há chances dos garotos vingarem na carreira.

A maior inspiração vem justamente da última campanha encerrada com apenas três jogos. Em 2006, o time de Xerém também venceu um só jogo - e dois empates não foram suficientes para avançar de fase. Mesmo assim, alguns atletas da geração nascida em 1988 ganharam destaque no profissional, como Fernando Bob e Digão, campeões brasileiros pelo clube, além do promissor Lenny e do craque Marcelo. O melhor lateral-esquerdo da atualidade é espelho para um jogador em especial da base: o atacante Ramon.

Lenny também fracassou na Copinha, mas fez sucesso no elenco profissional meses depois da eliminação (Divulgação)
Gols de Ramon não foram suficientes para evitar campanha decepcionante na Copinha. Ele é o próximo da fila a subir (Divulgação)

O camisa 11 de apenas 1,65m foi um dos poucos a chamar atenção. Em três partidas, dois gols e uma assistência. No clube desde os 12 anos de idade, Ramon se destacou em todas categorias de Xerém, inclusive com convocações para torneios com a Seleção Brasileira. E tem Marcelo como um 'irmão mais velho'. Com famílias próximas, o titular do Real Madrid e da Seleção tenta acompanhar a trajetória e assistir aos jogos do garoto quando possível. Inclusive manda mensagens antes de partidas importantes. Confira uma delas:

Analisando as partidas, é possível entender a descrença dos tricolores com a nova geração. Mesmo iniciando preparação ainda em novembro, com as disputas do Torneio OPG e Copa RS, o elenco da Copinha veio desfigurado. Três atletas subiram ao profissional: Pedro Paulo (goleiro), Ibañez (zagueiro) e Diogo (lateral). O último, capitão, foi chamado às pressas antes do terceiro jogo e desfalcou a equipe em momento decisivo. Assim como Marcelo Teixeira, diretor da base, que viajou para Porto Alegre na véspera para conversar com empresário de Henrique Dourado e voltou horas antes da partida contra o Marília.

O lateral Mascarenhas, grande destaque da geração, também desfalcou o elenco. A diretoria antecipou sua ida aos profissionais e o emprestou ao Botafogo-SP para ganhar experiência no Paulistão. Outros cinco atletas estão no projeto Flu-Europa e atuando pelo Samorin, como o meia Breno Lacerda. O lateral Wisney, o volante Nascimento e o atacante Schutz já voltaram da Eslováquia, mas não puderam ser inscritos na competição a tempo.

Mas o grande problema na montagem veio da comissão técnica. Por conta de um acidente grave, Léo Percovich não pôde comandar o time que assumiu no segundo semestre de 2017. O cargo caiu no colo de Marcelo Veiga, coordenador da base, que teve apenas oito treinos com os garotos e fez algumas mudanças - por exemplo, Evanilson de centroavante e o meia Rômulo no banco, com Renato de titular.

'Formação da pessoa é muito mais relevante para o atleta do que disputar uma Copinha ou Carioca sub-20'

- Não é o momento de dar desculpas e entendemos a chateação do nosso torcedor. Teve o acidente, nosso coordenador assumiu o time de forma corajosa. Os meninos têm uma ligação muito forte com Léo. Sobre as ausências, acreditamos que esse processo de formação da pessoa e do atleta em um contexto internacional e profissional é muito mais relevante para o futuro do atleta do que disputar a Copinha ou o Carioca Sub-20 - afirma Marcelo Teixeira ao LANCE!, antes de completar.

- Justificativas não apagam a campanha ruim, mas teríamos outro time. A prioridade do trabalho continua sendo a formação de atletas para o clube. Claro, se pudermos conquistar títulos na base será muito bom, pois a vitória faz parte do DNA do Fluminense.

Vale lembrar que o Fluminense, segundo maior campeão da Copinha com cinco títulos, não vence o torneio desde 1989. Em 2017, não teve bom desempenho no Brasileirão e na Copa do Brasil sub-20. Por outro lado, o elenco de Abel Braga atualmente tem mais da maioria dos atletas formadas em Xerém.

SE O PROJETO É FORMAR ATLETAS AO PROFISSIONAL...
Com o time profissional fica cada vez mais desfigurado, a base pode ser alternativa para ausências deixadas por Wellington, Wendel, Scarpa e possivelmente Henrique Dourado. Por isso, o LANCE! analisa a participação de alguns talentos do time usado por Marcelo Veiga na Copinha. Algum deles teria vaga no atual elenco de Abel Braga?

​Ramon
O principal destaque da equipe na competição. Fez dois gols em velocidade e foi referência nas bolas paradas. É canhoto, ágil e gosta de chutar pro gol. Joga na mesma posição de Wellington, nos dois lados. É o próximo da fila a subir para os profissionais.

Carlinhos
Ganhou espaço na equipe em novembro, no Brasileirão sub-20. É um meia que cria próximo a área, canhoto, mas que também lança com a perna direita. Foram duas assistências na competição. Poderia ser utilizado na função de Scarpa - atualmente, Abel tem apenas Sornoza, Lucas Fernandes e Luquinhas no setor.

Caio
Volante de muita força física, com alta estatura e desarmes duros. Fez dois gols em jogadas de bola aérea na competição. É quem mais está preparado para atuar nos profissionais, mas teria a concorrência de Richard, Marlon Freitas, Jadson e Luiz Fernando.

Evanilson
Atacante de lado, foi improvisado como camisa 9 na Copinha. Não tem cacoete para posição, mas se virou como pôde. Tem força física, velocidade e bom arranque no um contra um. Mas precisa aprimorar a finalização se quiser ser substituto de Dourado e Pedro no elenco profissional.

Pedrinho
Mesmo função de Carlinhos e características parecidas com Scarpa. Também é criador, porém mais franzino. Por voltar de lesão, não foi titular nos dois primeiros jogos. Utiliza mais do passe refinado com a perna esquerda e da leveza para fugir da marcação. Ainda não está pronto para aguentar o tranco na elite do futebol.

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