Longe dos gramados desde o dia 2 de junho, o zagueiro Matheus Ferraz convive com uma dura rotina para se recuperar de uma grave lesão no joelho direito. O jogador rompeu o ligamento cruzado ainda no primeiro tempo da partida contra o Athletico, na Arena da Baixada, tendo que passar por cirurgia.
Desde então, realiza fisioterapia, ficando apenas na torcida para que o Tricolor tenha um fim de ano tranquilo. Aos 34 anos, Matheus Ferraz vivia no Fluminense um dos melhores momentos da carreira. O zagueiro era titular absoluto, contando com um grande carinho dos torcedores. Em entrevista exclusiva ao LANCE!, o jogador lamentou a lesão em um período importante da temporada.
- É complicado ficar fora, principalmente quando você começa um ano assim como eu tinha começado, com um trabalho diferente do Diniz, que vinha tendo uma evolução muito boa. Individualmente eu também vinha fazendo um bom trabalho. É complicado ver esse momento do time e não poder ajudar dentro de campo. Nossa equipe tem muita força para superar esse momento e começar a crescer no segundo turno para sair dessa situação difícil.
Com o retorno ao time programado apenas para o segundo trimestre de 2020, restou ao zagueiro dar força para os companheiros. Pela experiência, Matheus Ferraz é um dos líderes do elenco e faz questão de sempre estar presente.
- Tenho um bom tempo no futebol e já vivi muitas situações como essa. Sei que nesse momento nós precisamos focar ainda mais no trabalho e nos dedicarmos em todos os aspectos, tanto dentro, quanto fora de campo.Tento ajudar meus companheiros nas palavras, indo aos jogos, dando apoio, moral e confiança para que eles desempenhem o futebol com a cabeça mais tranquila. Sei que temos totais condições de mirar posições mais altas na tabela.
TABELA
Confira a classificação do Campeonato Brasileiro
Após a vitória sobre o Grêmio, no Maracanã, a confiança voltou ao Fluminense. Com 22 pontos, o Tricolor tem pela frente o Botafogo, em clássico no Nilton Santos. Para Matheus Ferraz, o Tricolor tem totais condições de refazer a história neste segundo turno.
- Eu vejo um segundo turno totalmente diferente. Nossa equipe, no primeiro turno, fez bons jogos, mas não conseguimos converter em resultados e isso fez com que nós brigássemos na parte de baixo. Nossa equipe já sabe o que quer, tem o conhecimento de que precisamos melhorar e não podemos mais cometer os mesmos erros. Mostramos o valor de uma equipe unida, que sabe o que quer, para crescer. Nosso grupo possui jogadores que se ajudam, que pensam sempre no bem do seu companheiro, então tem tudo para que façamos um segundo turno diferente para terminar o ano numa posição melhor do que estamos hoje.
BATE-BOLA COM MATHEUS FERRAZ
Como está sendo a sua recuperação e o que você projeta para o ano que vem?
- A recuperação está sendo muito boa, me sinto cada dia melhor. A evolução está sendo ótima! Espero me recuperar muito bem e estar firme para voltar ainda mais forte do que eu estava, me preparar para voltar à altura do que eu estava jogando. Estou focado em trabalhar forte e trabalhar duro nessa recuperação para que, na hora em que eu for liberado, eu esteja preparado para ajudar.
Acredita que quando se machucou, estava vivendo o melhor momento da carreira?
- Eu vivi um bom momento em 2015 no Sport, parecido com o que eu vinha vivendo no Fluminense, porém lá eu não havia chegado no começo do ano, cheguei já com o início do Campeonato Brasileiro. Em 2015 eu fiz um grande ano, o time foi muito bem, o Sport ficou em 6º colocado na competição. Mas comparando atuações, esse ano eu estava muito bem, muito além daquilo que até eu poderia imaginar que alcançaria. Eu achei que demoraria um tempo maior para alcançar esse nível, mas aconteceu muito rápido. Até por conta do trabalho que o Diniz implantou e deu confiança pra nós fazermos. Foi o meu melhor início de campeonato e eu vinha vivendo um momento individual muito bom. Eu vinha me sentindo muito bem e alcançando uma regularidade muito boa em todos os jogos.
A que você atribui o seu "desabrochar" aos 34 anos? Em entrevista recente, o Diniz disse que talvez vc não tivesse sido estimulado por outros treinadores e acabou sendo taxado como um zagueiro que só sabe "zagueirar". Como avalia essa situação?
- Eu sempre tive a mente muito aberta para trabalhar e evoluir sempre, independentemente dos meus 34 anos de idade, trabalho e treino muito para crescer e evoluir. Em todo o time que eu jogo, tento trabalhar além do que eu posso para evoluir. A filosofia de trabalho que o Diniz implantou contribuiu muito para o meu crescimento e de outros jogadores também. Com certeza ele tem grande parcela, juntamente com a minha dedicação.
A gente acompanha as suas redes sociais e constatamos que você é um cara muito família e religioso. São esses os pilares na sua vida e com essa força é que você encara esse momento complicado?
- Eu sempre fui um cara bem tranquilo. Tenho minhas duas filhas, eu e minha esposa estamos juntos há 14 anos. Sempre fui muito temente a Deus, tudo o que eu faço peço a direção a Deus, para que Ele possa me guiar, me dar forças para eu fazer o meu melhor. Neste momento de lesão pelo qual nenhum jogador quer passar, procuro sempre manter a minha fé e as minhas orações, nas nossas “conversas” diárias para que Ele possa sempre me guiar pelos melhores caminhos. Ele tem me fortalecido neste momento e tem sido o pilar principal para eu superar essa lesão.
Muito por conta da sua lesão, o Fluminense foi em busca de um zagueiro e fechou a contratação do Luccas Claro. O que você conhece dele? Já o enfrentou algumas vez?
- Acredito que, até antes mesmo da minha contratação, o Fluminense já vinha buscando defensores, até pela saída de alguns zagueiros que estavam aqui. Nathan saindo para o Fortaleza, o Paulo Ricardo para o Goiás, e na época também se cogitava de o Frazan sair, mas ele teve oportunidade e mostrou o seu valor e é um grande zagueiro. Joguei contra o Luccas Claro quando ele estava no Coritiba. Eu o via como um zagueiro firme, um bom jogador, que chegou para nos ajudar bastante. Estamos com 4 bons zagueiros que vão ficar à disposição da comissão técnica, assim como os meninos do sub-20 que estão treinando com o grupo principal.
Qual é o recado que você dá para o torcedor tricolor?
- Eu só tenho a agradecer a torcida que sempre me apoia, desde quando eu comecei a jogar, viram que o meu trabalho era de muita dedicação e que eu vinha me esforçando para dar o melhor para o grupo. Quando me lesionei, tive muitas mensagens de apoio. Queria agradecer a cada torcedor pelas mensagens e pela força que eles têm me dado, que possam manter essa chama de confiança na nossa equipe, acesa. Que compareçam no estádio e mantenham a casa cheia, que sejam a força que sempre foram para que possamos crescer e façamos um segundo turno com eles nos apoiando até o fim.