O racismo voltou a ficar em evidência no mundo do futebol. Neste sábado, em Goiânia, o atacante Jefferson Renan, do Brusque, teria sido chamado de "macaco" por um dirigente do Vila Nova, durante um jogo pela Série C do Campeonato Brasileiro.
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Um boletim de ocorrência foi registrado na noite deste sábado, após o jogo, em uma delegacia de Polícia Civil de Goiânia. O dirigente Vinícius Marinari, do Conselho de Administração de Patrimônio do Vila Nova, foi o acusado de injúria racial contra Jefferson Renan.
- Nossa assessora de imprensa estava do lado de cá, aqui, fazendo o trabalho dela, e ela ouviu um senhor de calça preta chamando nosso atacante, Jefferson Renan, 'levanta aí, seu macaco'. Isso aí hoje no futebol não cabe mais - disse o vice-presidente do Brusque, Carlos Bento, à Rádio Sagres, de Goiânia.
- Um dirigente falou "levanta aí, seu macaco". Chamei um dirigente do Brusque. Quando fui reclamar, uma pessoa do Vila veio falar que 'eu não tinha provas para acusar'. Ali, eles já se entregaram - afirmou a assessora de imprensa do Brusque, Lara Vantzen, à Rádio Sagres.
Presidente do Vila Nova classifica caso como 'mimimi'
Na delegacia de Polícia Civil de Goiânia, o presidente do Vila Nova, Hugo Jorge Bravo, classificou a acusação como "mimimi". O mandatário do clube goiano negou as acusações e afirmou que irá processar o Brusque por calúnia e difamação.
- Brasileiro de modo geral está "mimizento". Se preocupam com coisas ridículas e se esquecem de coisas importantíssimas. Vocês vão me desculpar: racismo hoje é dinheiro. Para com isso. Coloca eu, neguinho, andando em um carro top e vê se a mulherada não vai olhar. Hoje a sociedade arrebenta quem é pobre, seja preto, branco o que for. Quem se lasca nesse país é a classe média. O futebol está acabando por causa disso: é diretor mimizento, é imprensa mimizenta, é jogador mimizento. Hoje as pessoas estão se preocupando menos com Deus e vem uma piada dessa - declarou à Rádio Bandeirantes.
O Brusque venceu o Vila Nova por 3 a 0, com dois gols de Thiago Alagoano e um de Marco Antonio. Com a vitória, a equipe catarinense chegou aos seis pontos e dorme na liderança do Grupo C. Já o Tigre, por sua vez, segue com quatro pontos e caiu para a última posição.
Em nota, Vila Nova nega a acusação
Romário Policarpo, diretor de comunicação do Vila, também negou as acusações feitas. De acordo com o dirigente, o Brusque "quer cinco minutos de fama".
- O próprio jogador afirma que não ouviu nem viu nada. Querem ganhar cinco minutos de fama. Vivemos um momento muito grave em relação ao preconceito. O futebol precisa dar um basta nisso, mas precisamos ter responsabilidade. Não podemos transformar uma partida de futebol, em que o Brusque ganhou em campo, em um circo de carnaval.
Veja a nota emitida pelo Vila Nova sobre o episódio:
"No segundo tempo da 4ª rodada da 2ª fase da Série C 2020, em partida entre Vila Nova e Brusque no Estádio Onésio Brasileiro Alvarenga (OBA), em Goiânia, a assessora de imprensa do clube visitante acionou a polícia alegando que um membro da diretoria vilanovense teria proferido palavras injuriosas de cunho racista em desfavor do atleta Jefferson Renan, camisa 20 do time catarinense.
Ao término da partida, o próprio atleta, ao ser consultado pela Polícia Militar, negou o ocorrido e não confirmou a acusação. Vale ressaltar que a denunciante não apresentou prova e a situação está sendo apurada pelas autoridades. Cumpre frisar que ninguém ao redor aduziu ter ouvido qualquer ofensa proferida.
O Vila Nova Futebol Clube repudia todos os tipos de atos preconceituosos em qualquer forma de manifestação. O clube reafirma frequentemente, com ações práticas, o combate ao racismo, como no seu terceiro uniforme “Manto Do Povo” estampado com a frase Vidas Negras Importam, reforçando seu histórico de luta popular, inclusão social e respeito.
A instituição se coloca à disposição para esclarecimentos e acompanhará de perto as apurações do caso."