Fã de Cech, criador do ‘Desafio dos Três Pênaltis’ quer fazer desafio na Arena Corinthians
Conhecido como 'Montanha', Thiago fala ao LANCE! sobre o projeto, o sonho de realizar o desafio na Arena Corinthians e a idolatria com o ex-goleiro Petr Cech
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Em 2016, "O Desafio dos Três Pênaltis" foi criado vem ganhando bastante espaço no interior de São Paulo. Geralmente realizado nos intervalos dos jogos do Linense e em partidas beneficentes, a brincadeira é bem simples: você tem chances para cobrar as penalidades máximas. Se você conseguir fazer as três, o goleiro, que é o criador do projeto, doará uma cesta básica para uma instituição de caridade. Se você não conseguir, você terá que fazer a doação.
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A ideia surgiu do criador Thiago Coutinho, mais conhecido como 'Montanha', que é goleiro nas horas vagas e muito, mas muito fã do goleiro Petr Cech. Em entrevista exclusiva ao LANCE!, o paulistano de 24 anos contou sua trajetória e como criou o projeto.
- O desafio dos três pênaltis começou no final de 2016. Eu e um amigo gravávamos vídeos para o YouTube, mas não era o nosso desejo se tornar YouTubers. Nós ficávamos gravando uma brincadeira de chute a gol e depois separávamos os melhores lances de gol dele e uma defesa minha, e publicávamos nas redes sociais. Mas tive uma ideia de convidar pessoas do nosso dia a dia para participar do desafio dos pênaltis.
Era uma melhor de três, não era nem o ‘Desafio dos Três Pênaltis’. O prefeito da época na cidade, o Luiz Otávio, participou do desafio e isso estourou na cidade. Isso aconteceu em outubro e, depois disso (da participação do prefeito), passei novembro e dezembro recebendo cerca de dez pessoas por dia que queriam participar do desafio -, contou.
Pouco depois do início da brincadeira, Montanha teve a ideia de apresentar a ideia aos apresentadores Ivan Moré e Caio Ribeiro, do Globo Esporte-SP, que estavam na cidade de Lins para acompanhar o Linense na primeira divisão do Campeonato Paulista. Foi aí que a brincadeira ficou séria e foi para a televisão.
Ao participar de uma matéria da TV Tem, afiliada da Globo no interior paulista, Thiago teve a oportunidade de conhecer o treinador e ex-jogador Rogério Ceni, que participou do desafio em uma passagem por São Paulo. Na ocasião, Montanha afirmou ser fã de Rogério, mas nos confidenciou ter sido apenas uma jogada de marketing para ajudar a promover o desafio. Na verdade, ele é corintiano e fã de Cássio.
- A brincadeira foi ganhar uma forma no começo de 2017, quando a caravana do ‘Globo Esporte’ veio cobrir o Linense, que estava na primeira divisão do Paulistão. Tive a ideia de levar a bola para tentar uma participação do Ivan Moré e Caio Ribeiro, nem que fosse na rua. Conversei com a produtora Giovanna, que inclusive é produtora do programa até hoje, e ela autorizou minha entrada para conversar com o Ivan. Ele me ouviu e chutou na rua mesmo, tanto ele quanto o Caio Ribeiro.
A TV Tem, filiada da Globo na região, estava no local e veio conversar comigo sobre a brincadeira. Eles perguntaram por que fazia isso e, na hora, disse que era para chegar no Rogério Ceni. Foi o que veio na cabeça na hora. No começo, o meu sonho era chegar no Ceni. Como torcedor do Corinthians, não tenho idolatria nenhuma pelo Ceni, mas gosto dele pela carreira e história, assim como gosto do Marcos. Até poderia dizer na época que meu sonho era chegar no Cássio, mas ele batendo pênalti não faria sentido nenhum -, afirmou.
Além de Cássio, Thiago, que é segurança profissional, é muito, mas muito fã do ex-goleiro Petr Cech, inclusive usando o capacete de marca registrada como uma forma de homenagem. O grande objetivo de 'Montanha' é chegar ao ídolo tcheco, mas tem noção do quão difícil é isso por questões de logística. Portanto, um dos grandes objetivos do idealizador do projeto é realizar o Desafio na Arena Corinthians, da mesma forma como ele faz com o Linense.
- O Petr Cech é meu ídolo do esporte. Acompanho ele desde quando jogava na França e não era famoso. Uso capacete como inspiração nele. Como sempre assistia muitos jogos do Linense, o presidente me convidou para fazer os desafios nos intervalos das partidas. Fiz em dois jogos da Série A do Paulistão e no ano passado inteiro na segunda divisão do Campeonato Paulista. Infelizmente o Linense caiu nos dois anos e até brincam que eu trouxe os rebaixamentos do Linense.
Meu sonho, hoje, é chegar no Petr Cech. Mas, é claro, que é quase impossível. Acho que ele não viria para o Brasil e não tenho condições de ir para Londres. Mas o sonho de fazer o desafio na Arena do Corinthians é baseado no Linense. Como já faço isso por lá e sou corintiano, por que não sonhar? Eu sei que é possível, que a federação paulista libera e depende do clube. Se isso chegar no Corinthians e eles gostarem, acho que dá para fazer. Tenho esse sonho baseado no que faço em Lins -, revelou.
Entretanto, Thiago não quer fama, sucesso ou dinheiro com o Desafio dos Três Pênaltis, que foi criado com apenas um objetivo: lhe ajudar na luta contra a depressão. Ele confessa que o projeto ajudou em sua reabilitação contra a doença.
- O ‘Desafio dos Três Pênaltis’ me ajudou na minha reabilitação. Me deu vontade de acreditar em alguma coisa. É inevitável pensar em coisa ruim, quem tem depressão sabe, mas quando penso em algo ruim lembro das coisas que já fiz com o desafio e onde posso chegar -, finalizou.
Confira a entrevista na íntegra:
Como surgiu a idolatria por Petr Cech:
- O SporTV passava o Campeonato Francês, que estava no auge. Tinha Ronaldinho, Juninho, etc. As vezes passava os jogos do Rennes e tinha o goleiro Petr Cech. E todo jogo ele brilhava com uma defesa incrível. Na Euro de 2004, a Republica Tcheca era uma das favoritas e ele se destacou, sendo considerado o melhor goleiro do mundo na época. Depois ele foi para o Chelsea e lá começou a chamar a atenção, principalmente após a lesão que fez com que começasse a usar o capacete. Em 2013, quando comecei a sofrer com depressão, a única coisa que me apegava era assistir vídeos do Petr Cech -
A inspiração em Cech para superar a depressão:
- O SporTV passava o Campeonato Francês, que estava no auge. Tinha Ronaldinho, Juninho, etc. As vezes passava os jogos do Rennes e tinha o goleiro Petr Cech. E todo jogo ele brilhava com uma defesa incrível. Na Euro de 2004, a Republica Tcheca era uma das favoritas e ele se destacou, sendo considerado o melhor goleiro do mundo na época. Depois ele foi para o Chelsea e lá começou a chamar a atenção, principalmente após a lesão que fez com que começasse a usar o capacete. Em 2013, quando comecei a sofrer com depressão, a única coisa que me apegava era assistir vídeos do Petr Cech. Então me apego na idolatria ao Cech, que já superou momentos ruins e quase morreu.
Como apresentou o projeto à esposa de Cech e como participou de um livro especial para o goleiro:
- Em 2018, conversei com a esposa do Petr Cech, e ela respondeu dizendo que ele ficou feliz com a minha história e desejou boa sorte. Uma editora de Londres estava com a ideia de fazer um livro sobre a aposentadoria do Cech e me convidaram para contar a minha história nesse livro. Infelizmente esse livro não é para ser vendido, só fizeram para dar para ele em homenagem. É um livro único, que está com ele. -
Sua relação com o futebol e a influência de seu falecido padrasto no amor por Cech:
- Acompanho o Corinthians desde pequeno. Meu padrasto era torcedor do Corinthians e me ensinou a assistir futebol. Sempre gostava de assistir o Corinthians com ele. Sempre gostei de colecionar essas coisas de futebol, como álbum de figurinhas. Quando eu era moleque, antes do meu padrasto ficar internado, ele me deu uma camisa do Corinthians. Na época, tinha pedido uma camisa do Cech. Ele tinha me prometido que ia me dar uma camisa do Cech, mas ele foi internado. Na semana do meu aniversário, queria fazer uma surpresa para ele e escrevi Cech na camisa do Corinthians que ele me deu, para mostrar que ele conseguiu me dar de aniversário o que eu queria. Mas infelizmente ele faleceu no dia do meu aniversário -.
Sobre a projeção do Desafio:
- Não quero ganhar dinheiro com isso (com o ‘Desafio dos Três Pênaltis’) ou ser famoso com o YouTube. Não ganho nada com isso. Não vivo disso, sou segurança de profissão. Quando preciso viajar ou dar uma cesta básica, sai do meu bolso. Não tenho patrocínio. É uma brincadeira que virou um projeto social. Não ajudei tantas pessoas assim porque sai do meu bolso, mas tenho o objetivo de crescer. -
O melhor desafio que já fez:
- Sem dúvidas quando gravei com o Falcão, ex-jogador do futsal. Ele veio jogar o famoso ‘Jogo do Rei’, em Assis. O dono do evento não curtiu muito a ideia, mas o staff do Falcão me apoiaram na hora. Quando estava me trocando no vestiário, o Falcão veio falar comigo. No intervalo ele participou do desafio, inclusive peguei um pênalti dele. Foi um momento bacana -.
O legado do Desafio dos Três Pênaltis:
- O legado é que foi a saída da depressão para começar uma vida nova com o ‘Desafio dos Três Pênaltis’ -.
* Estagiários, sob supervisão de Paulo Victor Reis
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