Entenda acusação de estupro que faz torcedores do Atlético-MG rejeitarem chegada de Cuca
Nas redes sociais, internautas criaram hashtag contra a volta do treinador campeão da Libertadores com o clube. Caso aconteceu na década de 1980 e caducou na Justiça
Alguns torcedores do Atlético Mineiro vem usando as redes sociais para recusar a chegada de Cuca para a temporada. Anunciado pelo Galo, Cuca, no entanto, sofre com algumas críticas que vão além do futebol. Uma acusação por violência sexual em 1987 gerou revolta e rejeições ao treinador nas redes. O LANCE! explica os detalhes do caso.
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HISTÓRICO DE SUCESSO EM BH
Campeão com o clube em uma temporada de ouro, Cuca ganhou o prestígio em Minas Gerais ao conquistar a Libertadores 2013 com Ronaldinho Gaúcho, Bernard e Jô. Preterido pelos atleticanos em outros anos, a rejeição ao atual comandante do Santos relembra um caso policial de 1987, em Berna, na Suíça, quando ele jogava no Grêmio.
Naquele ano, uma garota de 13 anos acusou de estupro coletivo Alexi Stival (Cuca) e outros três jogadores do time gaúcho: Eduardo Hamester, Fernando Castoldi e Henrique Etges.
A acusação se transformou em condenação em 1989, mas não por terem supostamente estuprado a jovem e, sim, porque ela tinha apenas 13 anos, sendo uma violência sexual contra pessoa vulnerável. Cuca e os demais jogadores do Grêmio foram condenados a 15 meses de prisão, porém, ele nunca cumpriu a pena, pois o Brasil não extradita seus cidadãos.
- Venho neste momento falar de uma coisa que me incomoda muito, porque há 34 anos houve um episódio comigo. Essas coisas aconteceram há 34 anos e hoje elas estão vindo como se tivessem acontecido hoje e eu fosse condenado e culpado. Para resumir: eu não tenho culpa nenhuma de nada, nunca levantei um dedo indevidamente ou inadequadamente para alguma mulher - disse Cuca, no começo de fevereiro, ao Uol.
ENTENDA O ANDAMENTO DOS FATOS
Após longos dos anos, em 2004, o crime prescreveu - ou seja, por falta de maneiras de prender o acusado e por ultrapassar o limite de tempo, o processo caduca. A mancha na carreira do ex-atleta acabou sendo reavivada em 2020, quando o Santos contratou o atacante Robinho - condenado por estupro em segunda instância, na Itália.
De acordo com dados da época, a investigação policial aponta que a jovem de 13 anos foi até o hotel dos jogadores do Grêmio para pedir camisa e autógrafos da equipe. No quarto 204, dois rapazes que estavam com ela teriam sido expulsos pelo jogadores e lá teria ocorrido o crime sexual.
O caso ficou conhecido como "O escândalo de Berna". O Grêmio seguiu a tour que fazia pelo continente enquanto os atleta estavam detidos por cerca de um mês. Após o Imortal terminar a excursão com cinco vitórias e quatro empates, Felipão apontou apenas um agito emocional.
- Os jogadores não conseguiram se desligar do trauma de seus companheiros e, mesmo assim, voltamos invictos.
ATLETAS EM RISCO? PORTO ALEGRE FOI MOBILIZADA
De acordo com um levantamento feito pelo portal El País, a opinião pública da época teria ficado a favor dos jogadores e contra a jovem, além de ter gerado revolta em Porto Alegre por conta dos "desfalques". Familiares, como namoradas e esposas, assim como torcedores do Internacional mantinham a posição de que a culpa era da adolescente.
- Um deslize de ordem sexual em que, visivelmente, colaborou para a consumação da conduta, no mínimo, quase conivente da chamada vítima, não deve servir de amparo a uma decisão drástica - escreveu o colonista da Zero Hora Paulo Santana na época.
O Itamaraty foi convocado para acalmar os ânimos dos torcedores, que estavam indignados com a força das punições. Em agosto - o caso ocorreu em julho - foi feito um acordo para que os atletas retornassem ao Brasil e respondessem o processo em liberdade.
"FIQUEI COM A IMPRESSÃO DE QUE ELA TINHA 18 ANOS"
Cuca, em entrevista quando retornou ao Brasil, se desculpou com os pais de sua companheira e afirmou que a garota aparentava ter mais de 18 anos. A aparência da jovem foi usada contra ela pelos advogados. Cuca não foi reconhecido pela adolescente na delegacia, mesmo assim foi condenado por ter participado do crime contra vulnerável a 15 meses de prisão, em 1989.
ADVOGADO DEFENDE CUCA
Ex-representante do Grêmio, o advogado Luiz Carlos Pereira Silveira Martins, o Cacalo, foi responsável por defender os quatro atletas do Tricolor envolvidos na acusação de assédio sexual. Segundo ele, o treinador não se relacionou com a jovem.
- Especialmente sobre o Cuca, que o assunto voltou agora, ele não cometeu nenhum ato de estupro e não manteve relação com a menina. Sempre manteve uma postura absolutamente correta. Eu não seria capaz de defender uma pessoa tantos anos depois que tivesse cometido um estupro. Absolutamente isso não aconteceu - disse Cacalo ao Uol.