Ao L!, Youtuber Falcão abre o jogo sobre nova carreira: ‘Um tiro certo’

'Hoje, de 10 meninos com que eu tiro foto, um ou dois falam das minhas jogadas na Seleção, outros oito falam do meu canal', conta o ex-atleta, agora artilheiro em outra rede

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Quem é o Falcão do futsal? A resposta pode variar por faixa etária. Os mais velhos, provavelmente, vão se referir ao ex-atleta, eleito quatro vezes o melhor jogador da modalidade no planeta. Os mais jovens podem citar o Youtuber, dono de um canal que tem mais de 900 mil inscritos na maior plataforma de vídeos da internet. As duas repostas, porém, servem para definir Alessandro Rosa Vieira, de 42 anos. 

Em entrevista exclusiva ao LANCE!, o antigo ala direita falou sobre o novo momento profissional e a idolatria de um público diferente, mais jovem, e muito mais conectado nas "telinhas" do que nas "telonas". O passado como um dos maiores jogadores da história do futsal parece cada vez mais distante.

- Acho que para mim a grande jogada foi parar de jogar e já começar o canal. Então não teve esse buraco. Realmente foi um tiro certo. Vamos bater um milhão de inscritos até dezembro. A molecada hoje, se você perguntar sobre personagens de televisão, eles nem sabem quem são. Eu estar no Youtube foi fundamental. Hoje de 10 meninos que eu tiro foto, um ou dois falam das minhas jogadas de Seleção, os outros oito falam do meu canal - contou Falcão. 

O lendário camisa 12 da seleção brasileira esteve no Rio de Janeiro para lançamento de uma linha de produtos com a sua "cara", em loja de artigos esportivos em Shopping da Zona Sul do Rio de Janeiro. Em meio a cliques e à admiração do público, o paulista de Santa Cruz do Rio pardo falou da agenda cheia. 

- É um momento muito especial. Eu parei de jogar em dezembro já com planos. Mas eu não esperava que esses planos fossem de tanto sucesso. Até maio do ano que vem eu não tenho mais agenda para nada. Está tudo preenchido, tanto dentro do Brasil como fora do país - revelou. 

Falcão em lançamento de sua linha de produtos Foto: JV Castanheira

BATE BOLA COM FALCÃO

LANCE!: Pela forma de que você fala, o momento é mais atribulado do que a época de jogador profissional. É isso mesmo?
Falcão: Em termos de agenda, o momento é muito mais puxado. Porque quando você joga, você treina e volta para casa. Você viaja para jogar e volta. Porém, eu tenho liberdade para fazer a minha agenda. No ano passado, fiz dois eventos em Dubai, cheguei num domingo de manhã, no mesmo dia, à noite, eu estava vindo embora porque tinha o compromisso de treinar. Este lado era mais cansativo. Hoje eu poderia ficar mais quatro dias passeando.

L!: E qual é o lado negativo?
F: O lado ruim é que eu fico muito mais fora de casa. Antes eu treinava e jogava na cidade que eu moro. Se eu tenho 25 eventos em 30 dias, o que é habitual, são 25 dias fora de casa. Realmente isto está sendo bem puxado. A época que eu tirava para fazer evento, que era janeiro e dezembro, eu estou invertendo. São dois meses em casa descansando. Em termos de rotina fora de casa, agora é mais puxado. Em termos de cansaço físico e psicológico, quando eu jogava era pior.

L!: Estamos no Rio de Janeiro, que teve a primeira federação de futsal no Brasil. O estado porém, tem apenas um título da Liga Nacional de Futsal, com o Vasco, em 2000, e o último time na competição foi o Cabo Frio, há cinco anos...
F: A gente fica triste porque o Rio de Janeiro sempre foi uma potência na criação de jogadores e de equipes competitivas. Eu joguei no Rio de Janeiro em 1999, também fui campeão pelo Atlético-MG em cima do Rio de Janeiro Miécimo. Vim para o Miécimo, e o clube acabou. Depois joguei fui campeão em 2000 com o Vasco, e também acabou. Tivemos clubes em Petrópolis, em Teresópolis, mas também duraram pouco.

L!: Para você, porque o Rio de Janeiro vive essa realidade difícil no futsal?

F: Tudo vem de uma gestão de Federação. O Rio 'capital' é difícil por ter muitos clubes de futebol. Ao não ser que o clube de futebol tenha um time de futsal, é muito difícil competir a nível de público, mídia, e portanto, patrocínios. Acredito que os interior tem condições de levantar projetos sérios com investimento privados, que é como funciona o futsal no Brasil. O Cabo Frio, como você disse, é uma baita de uma região, com um baita ginásio. Petrópolis tem um ótimo ginásio também.

L!: O futsal do Rio de Janeiro é ainda é protagonizado por clubes de bairro, como Helênico e a Portuguesa, equipes sem ginásios com quadras de dimensões profissionais. Isso atrapalha os investimentos?

F: Com certeza. Hoje você tem que atingir as exigências. Se você não cumpre as exigências, você não atrai um projeto. Por isso eu me volto aos interiores. Volta Redonda, por exemplo, tem um grande ginásio. São cidades que poderiam levar o futsal do Rio de Janeiro de volta à elite.

L!: De acordo com apuração do LANCE!, há um projeto rodando na FIFA para incluir clubes de futsal no mecanismo de solidariedade por formação. O que você pensa sobre essa possibilidade?

F: Acho super justo. Pelo menos 40% dos jogadores dos maiores clubes de Rio de Janeiro, São Paulo, Minas, puxam jogadores do futsal. É muito jogador. E esses clubes de futsal tem que ter participação como formador. Eu mesmo tenho meu centro de treinamento Falcão 12 pelo Brasil. E hoje eu tenho pelo menos 15 jogadores em grandes clubes. E como grandes joias. Tenho um no Corinthians, um no São Paulo, um no Internacional. Acredito que os formadores no futsal merecem um percentual de transferências destes jogadores.

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