Ex-tenista que alcançou a semifinal de Roland Garros em 1999 e comentarista de tênis da ESPN e Star+, Fernando Meligeni concedeu entrevista ao LANCE! e comentou suas expectativas para a edição de 2022 do grande evento da temporada de tênis.
Entre os principais nomes do torneio estão Novak Djokovic (número 1 do ranking masculino), Rafael Nadal (5), Iga Swiatek (líder do ranking feminino) e da brasileira Bia Haddad Maia (49). 'Fininho', como ficou conhecido durante a carreira, falou do que espera da representante do Brasil.
- É dificil falar qual é a chance dela. A Bia vem jogando muito bem e eu acredito que ela está pronta para fazer um ótimo resultado. Ela se motiva muito em Roland Garros e vem de uma temporada muito boa. Ela precisa de um pouco de sorte na chave, pegando uma adversária um pouco mais fácil na primeira rodada e uma cabeça-de-chave só na segunda. Isso ajudaria muito. Mas acho que ela tem chance de ir longe.
No masculino, Meligeni indica dois favoritos - os multicampeões Djokovic e Nadal,, mas não descarta uma zebra.
- Grand Slam é um torneio muito aberto. Lógico que com Nadal, maior campeão com 13 títulos, e Djoko, vencedor no último ano, faz com que o torneio fique um pouco mais entre os dois. Mas tem o Alcaraz, que vem numa bela temporada, o Zverev e o Tsitsipas que também estão jogando em alto nível. Então eu não descartaria uma surpresa, principalmente porque não sabemos como o Nadal está voltando da lesão. Mas os dois são de fato os grandes favoritos ao título - opinou.
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Roland Garros já deu muita alegria para o torcedor brasileiro. Além da boa campanha de Meligeni em 1999, o torneio ficou marcado pelo tricampeonato de Guga (1997, 200 e 2001). Nesse ano, no entanto, o Brasil não conta com representantes no masculino de simples.
- É um pouco triste ver que não teremos um representante na chave principal pela primeira vez desde 1973. Feminino temos a Bia e nas duplas tem bastante gente, mas é um pouco preocupante não termos alguém no simples masculino. Acho que temos de estar alerta com isso e tentar entender. Não adianta relevar imaginando que aconteceu e é um acaso. Essas coisas não são um acaso. A Argentina, por exemplo, tem sete na chave principal e muitas possibilidades no qualifying. Temos bons jogadores? Temos. Temos bons valores e cada um com suas deficiências e qualidades, mas temos que olhar com carinho para poder continuar acreditando e mais pra frente termos atletas entre os 100 do mundo - analisou Meligeni.
Fininho falou ainda da possibilidade das novas gerações do tênis conseguirem construir uma trajetória do tamanho do legado que vem sendo deixado por Federer, Nadal e Djokovic.
- Normalmente, na história do tênis, sempre temos dois caras que são referência e acabam disputando a maioria dos títulos. Borg e McEnroe, depois Sampras e Agassi. Lógico que tem três ou quatro outros que ganham torneios e podem ganhar desses jogadores, mas sempre você tem uma rivalidade entre dois. Pela primeira vez tivemos uma briga entre três tenistas tão absurdos como eles. Eu acho que não é normal, acho que vai ser difícil voltar a ter uma rivalidade tripla - opinou.
- Vamos ter bons jogadores e vamos ter rivalidades. E é difícil dizer quem serão esses nomes. Havia a expectativa no Tsitsipas, ele deu uma segurada, Zverev também, e não esperávamos o Alcaraz e ele vem jogando bem. O Aliassime vem numa crescente nas últimas semanas, mostrando evolução e outros tantos nomes que estão aparecendo que podem chegar. A brincadeira de prever o futuro nunca deu certo, na vida e no esporte. Acho difícil a gente prever quem vai ser o primeiro número um entre eles, mas uma coisa é certa: temos bons nomes, bons jogadores e teremos um ótimo nível de tênis por muito tempo - concluiu.