Neste domingo, há 26 anos, o Brasil parava com um acidente de carro na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. O atacante Dener, ídolo da Portuguesa, meteórico no Grêmio e promissor no Vasco, faleceu em desastre automobilístico e marcou uma geração de torcedores na década de 90. Para recordar a data, o LANCE! convocou especialistas da bola e craques para falarem do eterno camisa 10.
ALEX - ex-jogador e ídolo de Cruzeiro, Palmeiras e Fenerbahçe:
- Quando ele surgiu na Taça São Paulo, pela Portuguesa, eu era um adolescente que sonhavam em ser jogador. Meus olhos brilhavam. Realmente foi um jogadoraço! Infelizmente, a gente acabou perdendo ele. Contudo, quem teve a oportunidade de ver o Dener jogar, são imagens inesquecíveis. O Dener foi monstruoso naquele período. Para mim, foi um prazer tê-lo visto jogar.
FALCÃO - ex-jogador ídolo de Internacional e Roma. Fez a primeira convocação de Dener para a Seleção:
- Ele entrou em um jogo contra a Argentina, em Buenos Aires, e ele tinha uma qualidade absurda. Quando eu o convoquei, ele tinha 17 ou 18 anos, estava na Portuguesa. Era muito rápido e tinha facilidade de conduzir a bola, usava o drible, arranque, a boa finalização. Anos depois, vi a notícia da morte. Lamentei logo por ele e pela família dele, que é o mais importante. O Brasil perdeu um talento. O futebol perdeu um craque.
AMARAL - ex-jogador de Vasco, Corinthians e Palmeiras:
- O Dener foi o jogador mais difícil que eu marquei na minha vida. Era a minha estreia no profissional, um Palmeiras e Portuguesa, e o professor Nelsinho Batista falou que eu iria marcar o Dener. Tive até pesadelo à noite, porque era muito difícil de marcar. Ele com aquelas perninhas tortas, você não sabia para onde ele iria.
DÉ ARANHA - ex-jogador de Bangu, Botafogo e Vasco:
- Ensaboado. Fez gols antológicos e ele pintava como um craque com "c" maiúsculo. Daqueles craques que o futebol brasileiro está acostumado. Então, a esperança era muito grande dele se tornar um novo Pelé, tamanha a velocidade, habilidade e qualidade técnica.
RICARDO ROCHA - ex-jogador de São Paulo e Seleção, e ex-companheiro de Dener no Vasco:
- Era um cracaço. Dizem até que, quando estava no Vasco, ele estava vendido para a Europa. Inteligência, força, velocidade, drible, toda a malandragem do brasileiro. Se fala que perdemos isso hoje, como o Neymar tem, o Robinho, mas o Dener tinha tudo isso. Velocidade e precisão. Ele buscava o gol. Uma pena, pois seria uma grande jogador. Até para jogar na Seleção Brasileira.
GILSON RICARDO - comentarista esportivo:
- Era diferenciado. Certamente teria jogado muito em algum time da Europa, que é o sonho de muitos jogadores. Infelizmente, deu esse azar. Depois de participar de partidas maravilhosas na Portuguesa, e acabou indo para o Vasco. A galera gostava dele, iria se consagrar. A fatalidade o derrotou. Uma pena, porque vimos que ele tinha talento. Ele era escorregadio, toque de bola genial. Teria muito para nos dar, mas o destino não quis.
PEPE - ex-jogador, ídolo do Santos e ex-comandante de Dener:
- Embora fosse um pouco mais franzino, ele tinha muitas coisas de Pelé. Fazia jogadas geniais, dribles, e estava sempre com o olho brilhando quando jogava futebol. Um jogador diferenciado, com quem a gente sabia que podia contar. Coloco o Dener entre os cinco melhores que vi jogar! - disse em entrevista ao L! em 2019.
SILVIO LUIZ - narrador esportivo:
- Mais uma vez a má formação familiar e as péssimas companhias na juventude mataram um gênio da bola.
TICO - ex-jogador da Portuguesa e um dos melhores amigos de Dener:
- Nos conhecemos em um amistoso no dente de leite. Foi a primeira vez que nos vimos. Ele se destacou pelo time do Vila Maria e acabou convidado para ir para a Portuguesa. Dali em diante a amizade foi dentro e fora de campo. Dener era, na maioria das vezes, um palhaço, brincalhão, gostava de tirar sarro das pessoas. Um sonhador.
SINVAL - ex-jogador da Portuguesa e um dos melhores amigos de Dener:
- Lembro que terminamos uma Taça São Paulo muito bem e o presidente na época, Nelson da Custódia, ofereceu para mim e para o Tico era algo cerca de R$ 900, e o Dener ganharia R$ 1.100. Na hora de assinar, eu me neguei. Queria igual ao Dener (risos). Na época, eu me achava igual ao Dener (risos), por fazer muitos gols.
O futebol foi o campo para uma semente chamada Dener. Dos campinhos de futsal da Vila Maria ao Canindé, o eterno camisa 10 deixou saudades nos corações futebolísticos.
*sob supervisão de Tadeu Rocha