O Vasco da Barreira: torcedores falam sobre relação do clube com a comunidade e a chegada da SAF

Em meio a venda milionária do futebol cruz-maltino, torcedores do clube carioca da Zona Norte do Rio, contam sobre relação de afeto com a comunidade em torno de São Januário 

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Com a finalização da SAF cruz-maltina e a chegada da 777 Partners na administração do clube, o futebol do Vasco inicia uma nova fase na sua história. Ao LANCE!, torcedores falaram sobre a relação com o time e a "mudança de identidade" do único clube, dos grandes do Rio, com sede na Zona Norte e localizado ao lado de uma comunidade.

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O apelido de "Gigante da Colina", que até hoje é usado por muitos torcedores, surgiu em razão de São Januário estar localizado numa região topograficamente elevada. Contudo, há aqueles que refutem a ideia que São Januário fique numa colina, preferindo atribuir a denominação a um equívoco geográfico, pois existia um Morro de São Januário - já demolido - que ficava no centro da cidade, distante da Rua São Januário, principal via de acesso ao estádio.

No entanto, levando em consideração todo o contexto em torno de São Januário, a Colina virou Barreira. A favela da Barreira do Vasco foi fundada na década de 1930 quando o então presidente Getúlio Vargas entregou terras a igreja católica, para permitir a construção de barracos em frente ao estádio, para pessoas que necessitavam de habitação, criando assim um laço entre a comunidade e o clube, que foi um dos primeiros a aceitar pessoas negras no futebol.

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Vasco é o único entre os grandes do Rio a ter sua sede na Zona Norte (Foto: Matheus Andrade/Lance)

Professor de história formado pela UERJ, detentor de um projeto social na Barreira, Gabriel Siqueira recorda o contexto histórico da região e exalta o sentimento de pertencimento dos moradores.

"Todos estes fatores fizeram o Vasco ser o que ele é, do povo, da favela"

- Gabriel Siqueira, professor de História.

- A Colina que virou Barreira. O Vasco não foi criado para ser um grande time. Era um clube de regatas, não era o melhor no remo, não estava na Zona Sul, como os outros clubes do Rio e ainda se meteu no futebol, quando ainda era ‘football’. Todos estes fatores fizeram o Vasco ser o que ele é, do povo, da favela.

VOZES DA BARREIRA 

Lucas Reynnan, vascaíno de 22 anos, tem o costume de acompanhar as partidas em São Januário, mesmo do que fora do estádio. Ele relata como é a sua conexão com o local e a representatividade encontrada no espaço.  

- A nossa relação (vascaínos) com a comunidade, com o povão, faz o Vasco ser o que é, o clube do povo. Aqueles que assistem ao jogo do lado de fora de São Januário, tem o mesmo sentimento de quem está dentro, é uma coisa só. A união entre os torcedores faz o local ser especial. Cerveja barata, churrasquinho, os amigos conversando e assistindo o Vasco, tudo isso dá prazer de estar aqui - afirmou o torcedor. 

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"A união entre os torcedores faz o local ser especial"

- Lucas Reynnan, vascaíno de 22 anos.

Uma das expectativas desta nova fase do clube, é a reforma do estádio. Questionado sobre esta possibilidades, Lucas esclareceu ponto de vista sobre a mudança na identidade da região.

- Se reformarem São Januário, talvez se perca essa atmosfera de caldeirão de dentro do estádio. Mas o povão do lado de fora tenho certeza que continuará o mesmo. 

Bar do Vanderlei é point vascaíno na Barreira (Foto: Matheus Andrade/Lance)

Proprietário do famoso "Bar do Vanderlei", um estabelecimento em frente ao estádio, Seu Vanderlei veio do Nordeste tentar a sorte no Rio de Janeiro e há três décadas é morador da Barreira. 

- Trabalho aqui já há muito tempo. Desde que me conheço por gente, sou vascaíno doente. Para nós que trabalhamos aqui em torno de São Januário é um misto de sentimentos, porque tiramos nosso sustento daqui e ao mesmo somos torcedores do clube, vivemos (literalmente) desse sentimento - conta. 

"Tiramos nosso sustento daqui e somos torcedores do clube, vivemos (literalmente) desse sentimento"

- Seu Vanderlei, dono de bar na Barreira.

O comerciante opina sobre  a compra de 70% da SAF para a 777 Partners, e se mostra esperançoso para uma nova história de glórias.  

- Olha, eu não gostaria (da SAF). Você vender o seu clube nunca é algo bom. Mas se for melhor para o Vasco e o clube voltar aos dias de Glória, vamos torcer para dar certo. Tiveram muitos erros que infelizmente acabaram nisto - afirma. 

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PRÓXIMOS PASSOS 

Haverá um período de transição nas próximas semanas antes que a SAF assuma totalmente a operação do futebol. Durante esse período, a 777 Partners e Club de Regatas Vasco da Gama trabalharão em conjunto para garantir a continuidade em todos os contratos comerciais, negociações e gestão do futebol.

A 777, empresa norte-americana, tem expertise global em futebol, com projetos em mais três times: Red Star (França), Standard de Liège (Bélgica) e Gênova (Itália).

Por fim, a direção da empresa reforçou seu compromisso de manter intocada toda a identidade do Club de Regatas Vasco da Gama, como nome, escudo, uniforme, bandeira, hino, mascote, e principalmente valorizar a bela e rica história do clube e seus ídolos.

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