Popó não tinha mais nada a provar para ninguém. Tetracampeão do mundo com um card de 41 vitórias (34 nocautes) em 43 lutas, o baiano foi por muitos anos o maior nome da modalidade no Brasil. Tudo isso aconteceu fora dos tempos áureos das redes sociais, terreno que seu adversário do duelo da noite deste domingo domina com maestria.
E foi aí que Whindersson colocou Popó onde merece: no lugar de estrela. O ex-boxeador pôde ser visto em inúmeros jornais, sites, na TV, nas redes sociais, e angariou com isso, postando publicidades para uma marca de colchões, por exemplo. O marketing era perfeito: 'dormi uma noite de sono tranquila, estou pronto para lutar contra o Whindersson Nunes'.
Acelino, que tinha cerca de 600 mil seguidores no Instagram, já bateu, até a tarde desta segunda-feira, 2,3 milhões - e contando.
Whindersson, que está entre os Youtubers mais seguidos do mundo e tem mais de 56 milhões de seguidores só no Instagram, decidiu furar a própria bolha e se arriscar no boxe, esporte que o ajudou no tratamento da depressão, com chances de passar vergonha mundial. E não passou. Foi guerreiro. Ao fim da luta disse não se arrepender e no Twitter brincou que agora quer ser piloto da Fórmula 1. Vai que...
Já Popó furou também a própria bolha e pôde ser conhecido de perto por uma geração que não o viu lutar e que é especialista em gerar engajamento via redes sociais. Um marketing perfeito para o boxeador que, como dito acima, não precisava provar nada a ninguém, mas precisava e merecia ser lembrado.
Em uma sociedade em que o povo não tem o costume de exaltar e cuidar com carinho de suas referências e exaltar seus feitos, Whindersson conseguiu, através de sua visibilidade, dar essa oportunidade de um ídolo do esporte nacional ser homenageado como merece. Isso é muito mais do que esporte.