Penido diz que Maracanã ‘nasceu pra dar certo’ e revela gol mais encantador que viu no estádio
Grande voz das narrações do Rio, Luiz Penido vê 'mística' no local, critica reformas e 'roubalheiras' e confessa: 'Maraca deve ter algumas centenas de golaços em primeiro lugar'
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Um dos grandes responsáveis por encantar os torcedores cariocas é o narrador da "Rádio Globo/CBN" Luiz Penido. Nos 70 anos do Maracanã, completos nesta terça-feira, Penidão já acompanhou boa parte dos grandes momentos celebrados no estádio, como títulos antigos aos jogos emocionantes dos últimos anos. Quando o assunto foi o maior deles, o locutor fica divido.
- Caramba, tem que se saber se é o mais bonito do Zico, Dinamite, Túlio, Romário... O Dodô fez uma penca de gols lindos no Maracanã, e até alguns jogadores sem fama... Não dá para escolher um gol. Eu costumo a citar muito o gol do Neymar, o segundo do Brasil, na final da Copa das Confederações, em 2013. Foi uma tabela tão bem elaborada. Foi um foguete! É um gol perfeito (o jogo terminou em 3 a 0 contra a Espanha).
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Localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro, o Maraca, como é popularmente chamado, foi inaugurado em 1950 e já recebeu duas finais de Copa do Mundo. Reconhecido por todos os amantes do futebol como um templo sagrado do esporte, até mesmo quem trabalha rotineiramente no estádio assume que existe um lado encantador naquelas arquibancadas.
'O Maracanã era tombado. Na marra, para ganhar um troco sujo, derrubaram, mexeram'
- Realmente é um estádio místico. O Maracanã nasceu para ser um sucesso. Aquela coisa que nasce para dar certo. Tanto que o objeto de sua construção, a primeira pós-guerra, o mundo inteiro se voltou ao futebol. O Brasil vira sede, goleia todo mundo e vai à final, espetacular, e perde de forma bisonha, inacreditável. O Maracanã seria palco de grandes emoções. Seja pelo lado positivo ou negativo dos resultados dos jogos, mas, principalmente pelo gigantismo por tudo nele ser muito dimensionado.
Mesmo com a derrota para o Uruguai na decisão do Mundial de 1950, o estádio já recebeu momentos que ficaram na memória dos brasileiros. A conquista da medalha de ouro pela Seleção Olímpica masculina, em 2016, e a Copa das Confederações, em 2013, com a Seleção masculina são exemplos recentes. Tem também quem se divirta com a derrota da Argentina no Mundial de 2014, contra a Alemanha.
Fato é que, para Penido, o estádio Jornalista Mário Filho passou por uma transformação marcante para a Copa do Mundo realizada no Brasil. A mudança das arquibancadas fez uma drástica alteração, que ainda hoje é alvo de reclamações por parte dos torcedores. Para quem acompanha tudo das cabines, existe ainda uma diferença.
- O Maracanã era tombado. Na marra, para ganhar um troco sujo, derrubaram, mexeram no Maracanã, ficou tecnológico mais qualificado, mas roubaram o patrimônio da humanidade. O antigo era mais charmoso, a acústica era muito melhor, tinha uma série de vantagens. Claro que esse é mais limpo, mais novo e mais moderno. Tudo melhorou no aspecto tecnológico - contou ele, que pondera:
- Essa tecnologia poderia ter sido feita no antigo. A prioridade não era essa, era roubar dinheiro. Não ficou feio, ele é lindo, muito bonito, moderno, tem os telões, cadeiras bem distribuídas. Agora, ficou apequenado e, de certa forma, não tem mais aquele charme histórico. O outro Maracanã tinha um charme que esse não tem.
Garrincha, Zico, Dinamite, Romário, Nilton Santos, Didi,... Penido cita diversos craques que pisaram no místico estádio. De acordo com o locutor, o Maracanã tem esta mística porque nele atuaram sempre os maiores jogadores do mundo, a melhor Seleção do mundo, a Seleção mais ganhadora de todas e foi naquela região do Rio de Janeiro que aconteceram títulos, fatos e jogos memoráveis.
Contudo, o narrador volta a lembrar um aspecto que alterou uma das principais características do estádio: a pluralidade de camadas socio-econômicas.
- O grande defeito do Maracanã atual é ser elitista. Um estádio projetado apenas para o evento Copa do Mundo. Para qualquer competição, ainda que internacional, ele fica devendo m vários aspectos. Para um campeonato Brasileirão, o Maracanã ficou pequeno. É um estádio elitista. Dividir o Maracanã era uma coisa, excluir as pessoas mais pobres é outra.
Aos 65 anos e nas narrações esportivas no rádio desde 1988, Penido reforça que o que não falta são gols "de placa" no estádio.
- Vi alguns do Zico, Dinamite, Romário... Cada gol do Romário! O próprio Gabigol fez um de cobertura ano passado contra o Santos, pelo Flamengo. O Maracanã deve ter algumas centenas de golaços em primeiro lugar.
*sob supervisão de Tadeu Rocha
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