O ciclo como jogador do Cruzeiro segue latente na memória de Rogério Lourenço. Convidado do "De Casa Com o LANCE!" na última quarta-feira, o ex-zagueiro detalhou como foi o desafio de deslanchar com a camisa da Raposa.
- Foram dois anos de dificuldades, de adaptação ao Cruzeiro, após eu ter jogado por 12, 13 anos no Flamengo - e, em seguida, recordou sua curta passagem pelo Vasco:
- Eu tinha uma ligação com o Flamengo, mas aquela sementinha que foi plantada na adolescência, nas categorias de base, me fizeram ir para o Vasco. Mas foi um período muito difícil, no qual convivi com muitas lesões - completou.
Porém, o defensor não esconde que o retorno ao Cruzeiro foi redentor.
- Eu retorno ao Cruzeiro para o melhor ano da minha carreira, conquisto a Libertadores, que com certeza é o maior momento da minha carreira. Fiz excelentes jogos no clube, guardo com muito carinho este período - disse.
Rogério crê que, naquele período, o futebol mineiro não tinha a mesma projeção nacional que possui atualmente. Segundo ele, isto pode ter comprometido sua chance de brigar por seu espaço na Seleção Brasileira.
- Foram muitos detalhes. Eu não queria sair do Cruzeiro e, enquanto isto, o eixo Rio-São Paulo era visto de uma forma diferente, muito mais focado em relação à Seleção Brasileira. Cheguei a ir para a Seleção no fim de 1993 (ainda pelo Flamengo), mas achava difícil ir para a Copa, pois eu tinha 22 anos e os outros zagueiros estavam em um melhor momento que eu, como Ricardo Rocha, Aldair, Márcio Santos.
Em seguida, o ex-jogador contou como foi o destaque nacional para a conquista do Cruzeiro na Copa Libertadores.
- A gente foi campeão da Libertadores com a TV passando a partida somente para o estado de Minas. Os demais jogos passavam para todo o Brasil! Acho que perdi um pouco da minha visibilidade, mas não me arrependo, pois me deu condições de ganhar todos os títulos.
O ex-jogador detalhou o cenário desafiador da competição continental.
- A Libertadores é, até hoje, uma competição muito difícil. Há boas equipes colombianas que sempre fazem grandes jogos. As partidas em ida e volta são complicadas, pois de repente você pode não estar em uma noite boa e perder. É uma competição boa e quando uma equipe brasileira ou argentina está muito bem, é difícil pará-la. Há um peso destas camisas - declarou.
Rogério Lourenço também falou sobre o momento conturbado do Cruzeiro.
- Vejo com tristeza. Quando cheguei no Cruzeiro tinha Toca 1, construíam Toca 2, se falava em Toca 3, tinha sede social e uma estrutura invejável. Quem estava no Cruzeiro não queria sair. Na situação de agora, não tem como as coisas não refletirem dentro de campo - e, em seguida, traçou um paralelo:
- Lembro que no período no qual eu jogava, atletas não queriam jogar no Rio de Janeiro por causa da violência. O Cruzeiro agora ficou numa situação na qual os jogadores se afastaram. Agora, o clube fez muita força para ficar deste jeito. Minhas lembranças são de uma equipe que não dependia de Mineirão lotado, de cota de TV... O clube tem de se reconstruir do zero. Acho que tem de mudar esta lei de responsabilidade fiscal, porque os dirigentes passam e vão embora deixando estas dívidas - completou.