Nem os altos preços dos ingressos e das passagens aéreas prometem esvaziar o Estádio Centenário de Montevidéu, no Uruguai, no dia 27 de novembro, daqui a exato um mês, quando Palmeiras e Flamengo se enfrentam pela final da Copa Libertadores da América. Os dois clubes brasileiros dominaram a competição nos últimos anos e fazem agora um 'tira-teima' a cerca de dois mil quilômetros de Rio de Janeiro e São Paulo.
O LANCE! buscou contato com apaixonados torcedores dos dois clubes para saber como andam os preparativos para a viagem para o Uruguai. Dos dois lados, duas histórias muito parecidas. Diante das dificuldades na compra de ingresso para a partida, mesmo com a ampliação da presença de público, alguns torcedores garantiram primeiro o modo da viagem, pra depois tentar o ingresso.
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Foi o que fez o bombeiro militar e torcedor do Flamengo Vitor Sales, membro do grupo de amigos rubro-negros 'Fla-Olaria', que segue na busca por uma vaga no estádio uruguaio. Outros amigos de Vitor estão na mesma luta e não adquiriram pacotes de agências de viagens ou torcidas organizadas.
- (Vou de) avião até Porto Alegre, mais ônibus para Montevidéu. Ingresso infelizmente não sabemos como vai ser a venda, mas vou tentar o de 200 dólares (cerca de R$1.100, na cotação atual). Fiz upgrade no meu sócio torcedor para ter mais chances de conseguir comprar. Caso não consiga, meu plano B é tentar o ingresso mais caro mesmo - afirmou.
Na torcida palmeirense, o LANCE! falou com o torcedor Guilherme Riveira, que é presidente/cônsul do Consulado do Palmeiras no Rio de Janeiro. O grupo dele organizou uma caravana que já garantiu 42 pessoas em um ônibus, e que está com vagas abertas em um segundo veículo. Ele afirmou que atualmente todos os torcedores no ônibus conseguiram adquirir os ingressos, mas alguns deles chegaram a comprar primeiro a vaga na caravana.
- A princípio vendemos para quem já ia na cara e na coragem. Muitos estavam comprando passagem para Porto Alegre, portanto viabilizamos o translado de Porto Alegre a Montevidéu. O preço do voo para o Uruguai está caríssimo. Totalmente inviável para um trabalhador gastar 7 mil reais somente em um voo para o país vizinho - afirmou o palmeirense.
Padrão Champions League?
Para o torcedor do Flamengo, o padrão de final única não é o ideal. Ele chegou a comprar o ingresso para a final da Libertadores de 2019, em Lima, no Peru, mas não viajou por não conseguir um voo. Agora, corre o risco de ficar de fora do estádio por falta de ingresso.
- Não sou adepto desse “padrão europeu “ de final única. Mas é o jeito que a gente tem para tentar ir. (...) Mas isso (preço dos ingressos) é uma falta de respeito com o torcedor que acompanha o time durante todo o campeonato.
Paga plano de sócio-torcedor, e se esforça para ir em todos os jogos. No momento que é o ápice depois de todo o apoio dado durante o ano, ele é excluído da festa porquê o preço de uma viagem mais um ingresso é 80 vezes mais caro do que um ingresso que ele paga para ir ao estádio (no Rio) - desabafou.
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A opinião é compartilhada pelo adversário palmeirense.
- O valor do ingresso é um absurdo. Completamente imoral aumentar 100% de uma edição pra outra. Mas se formos pensar na importância histórica do evento, vale a pena. Muitos amigos desistiram pelo valor excessivo. A Conmebol quis imitar o padrão Champions League, só "esqueceram" que a logística na América do Sul é completamente diferente. Na Europa tem companhias low cost (que eliminam serviços para cobrar passagens mais baratas) e linhas férreas que comportam o trânsito de um número grande de pessoas. Basta analisarmos a logística que temos que fazer para chegar no Uruguai, que digamos é um país próximo - afirmou o palmeirense.
Estrada ou passagem aérea?
A estratégia adotada pelo Rubro-Negro Vitor Sales diminui um pouco os custas da viagem, que se tornaram astronômicas, como por exemplo, comprando uma passagem aérea até Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Para se ter uma ideia, uma passagem ida e volta para Montevidéu, saindo do Rio de Janeiro, pode custar R$9.500 reais. Já para Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, o valor cai para cerca de R$ 700 reais.
Outra coisa que será evitada pelo flamenguista, pelo menos no maior trajeto no território brasileiro, são os possíveis confrontos nas estradas que já vem sendo especulados em grupos de mensagens e redes sociais. A situação não poderá ser evitada pelo grupo palmeirense, que parte do Rio em um 'bate e volta', chegando horas antes do jogo e indo embora após a partida. Sobre o tema, o palmeirense Guilherme Riveira afirmou que espera que o trajeto seja feito em paz.
- Será um bate e volta mesmo. Os preços dos hotéis estão inflacionados e muito de nós precisam trabalhar. Estamos animados com o tricampeonato. A ideia é irmos e voltarmos com segurança. Eu acredito que cada torcida deveria estar pensando no mesmo. Tenho vários amigos flamenguistas e não quero que sofram as consequências de nada. Queremos apenas assistir ao jogo, mas obviamente estamos preparados para o que der e vier. Só queremos que respeitem o nosso escudo - afirmou.
O LANCE! entrou em contato com duas das principais torcidas organizadas de Palmeiras e Flamengo, para falar sobre as vendas de vagas em caravanas e esquemas de segurança no trajeto, que é uma preocupação de autoridades brasileiras, mas não obtivemos retorno até a conclusão desta reportagem.