A trajetória do Fortaleza, finalista da Copa Sul-Americana, é uma história de resistência no futebol brasileiro. No meio de equipes badaladas pelo seu elenco, como Palmeiras, Flamengo e outros, o Leão do Pici chegou à decisão continental com um elenco de jogadores considerados 'renegados' por outras equipes.
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Apenas entre os titulares, nomes como o goleiro Fernando Miguel, o ponta Yago Pikachu e o atacante Lucero são exemplos de jogadores que foram dispensados de suas equipes ou rodaram o mundo antes de se firmar no clube nordestino.
Fernando e Pikachu, por exemplo, foram dispensados do Vasco após o rebaixamento da equipe à Série B do Brasileirão pela quarta vez, no começo de 2021. As más atuações, além do tempo de clube e o desgaste com a queda fizeram com que os jogadores deixassem o clube carioca com o status de 'vilões'.
A trajetória de Lucero até a chegada ao Fortaleza é bem diferente. Revelado pelo Defensa y Justicia, da Argentina, o atacante rodou por nove equipes antes de desembarcar no Brasil. Defendeu clubes como o Johor, da Malásia, o Tijuana, do México, eo Colo-colo, do Chile, ao longo dessa trajetória.
Mas os jogadores rejeitados do Fortaleza não ficam apenas no time titular. Entre os reservas, nomes de peso como Marinho, Pedro Rocha e Thiago Galhardo também compõem o elenco. Os dois primeiros, por exemplo, compuseram o elenco do Flamengo, multicampeão, em temporadas recentes - o primeiro chegou a conquistar a Libertadores de 2022 pelo Rubro-Negro.
Galhardo, por outro lado, foi destaque do Internacional na temporada 2020, quando o clube terminou o Brasileirão com o vice-campeonato, disputando a taça até a última rodada. À época, seu nome chegou a ser cogitado na Seleção Brasileira, graças ao seu rendimento. Depois da competição, se transferiu para o Celta de Vigo (Espanha), mas não despertou o interesse de mais nenhum outro grande clube do nosso futebol e acabou retornando para o Leão.
Com tantos rejeitados, o técnico Juan Pablo Vojvoda se tornou peça fundamental na condução do Fortaleza à decisão da Sul-Americana: o argentino conseguiu organizar uma equipe competitiva na qual cada jogador tem uma função muito bem definida, mesmo quando está longe da bola, tanto no ataque quanto na defesa. O time começa organizado em um 4-2-3-1.
No momento ofensivo, principal característica do estilo de jogo do técnico argentino, o Leão se organiza em um ataque posicional com um dos volantes (Zé Welison ou Caio Alexandre) se aproximando dos zagueiros para realizar uma saída em três. Com este movimento, os laterais Bruno Pacheco e Tinga têm liberdade total para chegar ao fundo, de preferência alargando todo o campo ao pisar na linha lateral.
Este posicionamento também tem uma intenção tática: alargar a linha de defesa adversária para gerar espaço no meio, onde jogam Thomás Pochettino, Yago Pikachu e Guilherme. Com esses três jogadores alternando posições, além da chegada dos laterais e mais a presença de Lucero entre os zagueiros, o Leão ataca a defesa adversária com cinco ou seis jogadores geralmente.
Ou seja: a função exercida por cada jogador interfere diretamente na função de seus colegas de equipe, como uma sequência. Assim, com toques rápidos e curtos, o Fortaleza consegue chegar ao gol rapidamente sem depender de lampejos dos atletas. Mais coletivo que isso, impossível.
A final da Sul-Americana entre Fortaleza e LDU (Equador) acontece no sábado (28), às 17 horas (horário de Brasília), no Estádio Domingo Burgueño Miguel, em Maldonado-Punta Del Este, no Uruguai.