Levantamento aponta Brasileirão pouco promissor para técnicos; Vojvoda se destaca
Estudo do CIES destaca que treinadores costumam ficar em média 120 dias no cargo
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Ser técnico no futebol brasileiro é visto como uma tarefa árdua. Em geral, bastam alguns resultados negativos para que o treinador seja trocado, sem a oportunidade de desenvolver sua metodologia. A prática foi reforçada pelo levantamento divulgado no Centro Internacional de Estudos Esportivos (CIES), que aponta o Brasileirão como uma das ligas em que os comandantes ficam menos tempo no cargo. De 90 campeonatos analisados, a Série A aparece na 88ª colocação. Contudo, há casos de sucesso no Brasil, como o do Fortaleza, treinado por Juan Pablo Vojvoda desde maio de 2021.
Segundo a pesquisa, o país fica a frente somente de Arábia Saudita e Bolívia. Por aqui, 76,5% dos técnicos estão a menos de seis meses no cargo e nenhum comandante está há mais de 2 anos. O tempo médio do trabalho na elite nacional é de 120 dias, o que representa quatro meses. Do outro lado da ponta, o Campeonato Irlandês aparece como o local em que os trabalhos mais duram, com média de 1.066 dias, ou seja, pouco menos que três anos.
No Leão, o técnico argentino se tornou um dos profissionais mais cobiçados do país, por conta do seu estilo de jogo aliado aos bons resultados. Foi com ele que o time conseguiu sua classificação inédita para a Libertadores desta temporada. Antes de chegar ao Fortaleza, Vojvoda treinou Newell's Old Boys, Defensa y Justicia, Talleres e Huracán, todos da Argentina, além do Unión La Calera, do Chile. A contratação aconteceu justamente por sua filosofia, que ia de encontro ao que buscava a equipe. Presidente do clube, Marcelo Paz falou sobre o assunto.
'Entendo que para um clube ter sucesso esportivo, é fundamental a sequência do treinador, que é um gestor do processo, de pessoas. Em qualquer empresa ou organização, a continuidade faz com que os comandados entendam melhor o que se quer e obtenham melhores performances. Imagina em um restaurante, por exemplo, toda vez que você vai, o maitre é diferente, o gerente é diferente. Logo o atendimento vai mudar, o serviço vai mudar, não vai ter continuidade. No futebol a gente pode fazer essa analogia. É um esporte que precisa dessa sequência, que precisa de automação entre os comandados, e a continuidade da comissão técnica dá mais possibilidades de ter um trabalho exitoso. Se a gente for olhar, historicamente, os clubes que têm mais sucesso conseguem manter o treinador por muito tempo', disse.
O dirigente, contudo, ressaltou a importância de saber o momento ideal para realizar a troca no comando.
'Tem a hora da mudança, que às vezes é necessária para oxigenação do ambiente. Mas muita mudança também é receita de fracasso. Pode olhar que vários clubes quando caem de divisão, da Série A para a Série B, é porque passou por pelo menos três ou quatro treinadores no ano.'
No Brasil, Vojvoda fica atrás somente de Maurício Barbieri, que comanda o Red Bull Bragantino desde 4 de setembro de 2020, de Abel Ferreira, anunciado pelo Palmeiras em 30 de outubro de 2020 e de Gustavo Morínigo, que chegou ao Coritiba em 4 de janeiro de 2021.
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