Um dos jogadores mais vitoriosos do FABR, o defensor Raphael Cruz, de 29 anos, anunciou nesta semana que será o novo general manager do Cruzeiro FA. O atleta, que sofreu duas lesões de ruptura do ligamento cruzado anterior do joelho direito, fez uma pausa na carreira dentro de campo para se juntar ao projeto do time celeste.
Apesar de o anúncio ter acontecido agora, Raphael Cruz já está atuando nos bastidores do Cruzeiro FA há pelo menos um mês. Ele foi o responsável direto pelas contratações do head coach Dan Muller e do quarterback Álvaro Fadini.
Em conversa com a Agência Valinor Conteúdo/Lance, Raphael Cruz destaca que, apesar de assumir a gestão de campo do Cruzeiro FA, pretende voltar a jogar no segundo semestre de 2023 pelo time celeste. Nos últimos três anos, o atleta teve cinco entorses no joelho direito e fará em breve a segunda cirurgia para corrigir o rompimento do ligamento cruzado anterior.
No Brasil, Raphel Cruz tem passagens pelo Corinthians Steamrollers, Sada Cruzeiro e Galo FA. Além disso, ele foi convocado várias vezes para a Seleção Brasileira de Futebol Americano, o Brasil Onças e atuou em times de fora do país.
Em seu currículo de atleta no futebol americano, Raphael Cruz conquistou cinco títulos do Campeonato Brasileiro, dois títulos Sul-Americano, um Campeonato Sérvio, um Campeonato Austríaco e cinco conquistas estaduais. Além disso, o jogador também esteve no Mundial de Ohio em 2015 pela Seleção Brasileira.
Confira a entrevista exclusiva com Raphael Cruz:
- Como foi a decisão de pausar a carreira e aceitar um cargo para fazer a gestão do esporte?
Fui forçado a fazer essa pausa e ela foi longa por dois motivos. O primeiro foi a lesão séria que sofri no meu joelho e operei. O segundo motivo foi a pandemia. Nos últimos três anos, tive cinco entorses no joelho e já estou indo para a segunda cirurgia no joelho. São lesões que forçaram muitos atletas a pararem no passado e até mesmo no presente, ainda mais no esporte amador que vivemos no Brasil. Mas eu sou movido por algumas questões. Tenho resiliência e, na minha cabeça, preciso fazer mais uma última temporada, ainda tenho muito gás. Estou com 29 anos e depois da minha segunda cirurgia e recuperação, acredito que vou poder jogar. Mas a transição para a gestão aconteceu por causa disso. Quando percebi que a lesão me tiraria do campo, comecei a investir. Comecei a faculdade de gestão esportiva, tirei algumas certificações para trabalhar como treinador e também para entender todos os processos até chegar ao atleta, para que ele possa performar dentro de campo.
Já tive experiências com gestão tanto dentro de um outro clube que é o rival Galo FA. Ganhei muitos títulos por lá. Ajudei a iniciar o projeto lá como atleta e também trabalhei em 2020 como gestor. Em 2021, fui convidado a trabalhar na empresa Brasil Futebol Americano, que é uma empresa que trabalha com gestão de campeonatos. Então, trabalhei também como gestor, mas no lado macro do negócio, visualizando como as coisas são feitas para se realizar um evento de futebol americano. Aprendi todos os processos realizados desde realizar um evento de jogo torneio até construir um time de futebol americano.
- E a aproximação com o Cruzeiro FA como surgiu?
O Cruzeiro é um clube no qual eu tenho muito amor, muito apego e apreço. É um clube que fui campeão Brasileiro em 2017 antes da parceria com futebol se encerrar. Já venho namorando o Cruzeiro há um tempo. Eles já vinham me buscando há um tempo, mas até então o projeto apresentado não me agradava. Ele me limitaria poder fazer as mudanças que acredito no futebol americano do clube. Agora, com essa mudança de gestão, houve uma mudança de mentalidade. Acho que é o momento de me entregar a esse projeto para fazer do Cruzeiro uma nova dinastia e referência de projeto no futebol americano no Brasil.
- O head coach Dan Muller disse à Agência Valinor Conteúdo/Lance que recebeu de você o convite para assumir o Cruzeiro FA. Além dele, a contratação do Álvaro Fadini teve sua participação? Temos novos reforços para fortalecer ainda mais o elenco celeste para os próximos meses?
Já faz um mês que eu estou trabalhando nos bastidores. Já estamos com a nova gestão assim que acabou o Campeonato Mineiro. A gente já começou na prática e fizemos a apresentação do nosso projeto para o elenco. Eu fui o responsável por trazer o coach Dan Muller e também fui o responsável por trazer o Álvaro Fadini e agradeço muito a eles por acreditarem em projeto que está começando praticamente do zero. Isso é fruto da confiança e da minha credibilidade dentro do esporte. Já faz 15 anos que eu estou no meio, então essas pessoas acreditaram na minha ideia de projeto para o Cruzeiro e tenho certeza que, com eles e mais outras pessoas que virão, iremos criar uma grande dinastia dentro do futebol americano.
- O Galo FA tem um dos times mais fortes do FABR. Qual é o tamanho do desafio do Cruzeiro FA com o sucesso tão grande do seu arquirrival?
Eu diria que o Galo FA é uma das grandes referências que temos no Brasil hoje, mas juntaria mais algumas equipes, que vão de Norte ao Sul do Brasil, que possuem projetos sensacionais de futebol americano e também são promissores. Apesar de ser um arquirrival, é uma equipe na qual participei desde o início, desde os primórdios quando o time não tinha nenhum campeonato. Então, sei o que deu certo lá dentro e sei o que pode ser melhorado em todas as áreas do time. E é isso que eu vou implementar no Cruzeiro FA. Pegar o que deu certo e implantar e rechaçar o que deu errado. Acho que o Galo FA tem um bom projeto, mas existem alguns pontos que dá pra melhorar. Sempre dá para melhorar e eu sei quais são esses pontos.
- Como vê o Cruzeiro FA para as disputas do Campeonato Brasileiro promovido pela CBFA e também para a Taça Brasil?
Confesso que estou trocando o pneu com o carro andando. Não tive uma pré-temporada com o time, estou conhecendo o elenco agora e estamos criando uma nova filosofia e uma nova cultura no meio do campeonato. Então, é muito difícil pensar em títulos agora. O que a gente tem que pensar é ser o melhor possível. O nosso grande desafio é ser um time melhor e mais competitivo que na última partida. Tendo isso em vista, imagino que nós vamos terminar o ano com o objetivo concluído, que é terminar melhor que começamos. Muitas coisas já vêm sendo mudadas no treinamento, dentro da cultura e da gestão. Mas é preciso tempo para começar a colher frutos dentro de campo e tudo começa, dentro de qualquer time no cenário esportivo, de cima para baixo. Se lá em cima onde se faz o projeto está uma bagunça, automaticamente dentro de campo também vai estar uma bagunça. Então, estamos mudando a cultura, mudando a filosofia e com alguns poucos meses, imagino que a gente já vai começar a colher esses frutos dentro de campo.
- O que você projeta para o Cruzeiro FA para os próximos anos?
O Cruzeiro me deu a oportunidade de ter a caneta na mão, para que eu possa desenhar o maior projeto que o futebol americano brasileiro já viu, respeitando é claro todas as equipes tradicionais já existentes no cenário brasileiro. Mas quero fazer algo novo e completo, não só imediatismo. Às vezes, a gente vê muitas equipes investindo no imediatismo e esquecendo da cultura do futebol americano, o quanto esse esporte pode mudar uma sociedade e o quanto ele pode mudar vidas. Essa é a minha ideia com o Cruzeiro ao longo dos anos: criar muitos núcleos sociais da equipe e ajudar a mudar a vida das pessoas. Quero criar um projeto autossustentável, sólido e que, além de ganhar jogos, seja referência para mudança de vidas dos atletas e de todas aquelas pessoas que estiverem envolvidas.
- O CEO do Cruzeiro FA, Erick Serrat, disse à Agência Valinor Conteúdo/Lance que há uma ótima relação com a SAF do Ronaldo Fenômeno. Há algum movimento para aproximar ainda mais com o time de futebol?
No Brasil, somente atuei por três equipes e por coincidência as três são envolvidas com futebol: o Corinthians, o Galo FA Atlético e agora o Cruzeiro FA. Então, eu entendo que para o futebol olhar e dar uma atenção ao futebol americano, é preciso ter um projeto bem desenhado, ganhar jogos e conquistar torneios para poder chamar atenção de quem comanda o time de futebol. Acho que temos que ir um passo de cada vez. O Cruzeiro (Associação) está abrindo muitas portas, com o presidente Sérgio Santos Rodrigues e uma ligação também com a SAF. Se o nosso projeto tiver uma boa estrutura e tiver bem desenhado, as coisas acontecerão automaticamente.