Victor ‘Mega’ fala sobre torneio intercontinental de flag football e os desafios do esporte amador no Brasil

Jogador é um dos 12 convocados para a competição que acontece nos EUA

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As Seleções Brasileiras de Flag Football, nas categorias masculina e feminina, estreiam nesta semana no IFAF Americas Championship que será realizado em Charlotte, nos Estados Unidos. Um dos grandes nomes do FABR, o recebedor Victor Hugo ‘Mega’ é um dos destaques do selecionado verde e amarelo e conversou com a Valinor Conteúdo sobre as expectativas do torneio e também os desafios para custear as despesas para disputar a competição internacional.

Victor Hugo ‘Mega’ começou a carreira em 2013 no flag football pelo América Ducks. No ano seguinte, o wide receiver conquistou o Campeonato Paulista pelo Corinthians Steamrollers, e ao final de 2014, recebeu uma bolsa integral para jogar na universidade Texas College, em Tyler, no Texas-USA. "Mega" foi convocado pela seleção brasileira em 2015, para representar o país na disputa da Copa do Mundo de futebol americano. Em 2017, Victor Hugo jogou pelo Sada Cruzeiro e foi campeão da Liga BFA. No mesmo ano, ele vestiu novamente a camisa do Brasil Onças, em amistoso contra a Argentina, no Mineirão.

Em 2018, o wide receiver conquistou o bicampeonato nacional pelo Galo Futebol Americano. Victor Hugo "Mega" já participou de Combines em Miami, nos Estados Unidos, com scouts da NFL e CFL (Canadá). O wide receiver também recebeu um convite da XFL (outra Liga dos EUA), para ser avaliado em um combine em Saint Louis, e para um combine privado para CFL. Além disso, o jogador também já atuou na Turquia, pelo Yeditepe Eagles. No ano passado, ele defendeu as cores do Six Spartans (seu clube atual) e Flamengo Imperadores.

Confira abaixo, a entrevista com o jogador brasileiro.

- Qual a expectativa para defender o Brasil no Torneio intercontinental?

 - Qualquer compromisso com a seleção brasileira é extremamente prazeroso e também demanda uma tremenda responsabilidade, pois você precisa dar o seu melhor. Graças a Deus, com a experiência que tenho na minha carreira, consigo fazer isso, pois me dedico no meu dia a dia, nos treinos de flag football e no futebol americano, bem como nos jogos. Essa experiência me traz segurança para me entregar de verdade na seleção, colocando meu coração no trabalho, e acredito que as coisas vão acontecer.

Como foi a sua preparação e a do Brasil para o torneio?

- Posso dizer que foi a melhor preparação da seleção brasileira para competições de flag football. Apesar de ainda não estar no nível ideal que almejamos, foi de longe a maior preparação que já tivemos. Com um país de dimensões tão vastas como o nosso, é difícil reunir jogadores de todas as regiões, e também enfrentamos desafios financeiros. Realizamos dois training camps presenciais para os atletas, focando na execução das jogadas. Também tivemos encontros semanais com os coordenadores de posição, nos quais trabalhamos jogadas, treinamentos e revisões, além de reuniões com o head coach Heitor Medeiros. Além disso, cada atleta passou por preparação física acompanhada pela comissão técnica da seleção brasileira, que padronizou os treinamentos e as avaliações. Por isso, posso dizer que foi a melhor preparação física da seleção brasileira de flag football na história.

- O que podemos esperar da seleção masculina na competição?

- No último Mundial em Israel, em 2021, o Brasil ficou em 17º lugar. Agora, teremos quatro dias de competição e enfrentaremos os Estados Unidos no primeiro jogo, seguido pela Argentina, México, Panamá e Chile. Atualmente, somos os campeões sul-americanos de Flag Football e já vencemos algumas dessas equipes, mas isso não significa absolutamente nada. Acredito que para avaliarmos nosso progresso no flag football, precisamos jogar contra equipes de alto nível, como Estados Unidos, México e Canadá. Seria muito bom se conseguirmos colocar o Brasil entre os quatro ou cinco melhores, o que representaria um grande avanço desde o último Campeonato Mundial.

- O FABR é um esporte amador, e como resultado, os atletas são responsáveis por arcar com as despesas de viagem. Como foi o processo de arrecadação de recursos para custear os gastos da viagem aos EUA?

- O processo de arrecadação de recursos é bastante exigente para os atletas, especialmente, durante esse período de preparação, que inclui treinos físicos e técnicos, bem como compromissos com a seleção de flag football para se manterem mentalmente preparados. Além de tudo isso, os atletas precisam buscar patrocínios individuais, o que pode ser muito difícil de conseguir a curto prazo. Cada atleta teve que desembolsar entre R$ 8 mil e R$ 9 mil, que englobam as taxas de inscrição (em dólares), alimentação, hospedagem e passagens de ida e volta. Estamos realizando campanhas de arrecadação, divulgando entre familiares e amigos. Alguns atletas conseguiram empréstimos de cartões de crédito, como foi o meu caso, e estou sendo auxiliado pelo time em que jogo futebol americano (Six Spartans), que está ajudando a custear parte do valor da passagem. A empresa Focus Fisioterapia, com a qual tenho parceria, também está contribuindo com parte das taxas de inscrição e os custos de hospedagem e alimentação. Sou extremamente grato por todo esse apoio. Infelizmente, a Confederação não possui recursos para cobrir esses custos, o que acaba sendo bastante desgastante para os atletas.

- Fale um pouco sobre como é ser jogador de futebol americano (full pads) e também de flag football. Há alguma mudança significativa quando você está jogando em uma das modalidades?

- Seja jogando futebol americano ou flag football, os jogadores têm algumas diferenças que precisam se adaptar. No entanto, isso vem com o entendimento do jogo. Quanto mais você estuda e conhece o esporte que pratica, melhor consegue gerenciar essas diferenças. No flag football, há um senso de urgência maior, onde as jogadas ocorrem em três ou quatro segundos. Já no futebol americano você, às vezes, precisa ter que esperar uma jogada e ter certa paciência para as coisas acontecerem. Nem sempre você vai ser o alvo daquela jogada. Sempre falo uma frase que é tudo o que você dá para o esporte, ele te retorna. Tudo que você dá para ele, ele te devolve. Então, se você se dedica, estuda vídeos e treina, isso tudo fica mais próximo do seu ambiente. Dentro de campo você vai se familiarizando cada vez mais.

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