ANÁLISE: Em meio a desfalques da Espanha, lado individual da França precisa aflorar na Eurocopa

Craques da equipe comandada por Didier Deschamps têm feito competição abaixo das expectativas

Escrito por Lucas Borges, supervisionado por

Dizer que uma favorita ao título da Eurocopa, uma competição difícil e equilibrada, tem feito uma jornada decepcionante mesmo tendo alcançado as semifinais pode parecer certa hipocrisia. Em um futebol tão dinâmico e que exige de todos o melhor dos desempenhos, resultadistas costumam se contorcer para defender a teoria do "1 a 0 em mata-mata é goleada".

Em ocasiões diferentes, técnicos se veem contra a parede por jogos ruins, mas uma resposta em meio aos jornalistas, como "ganhamos o jogo" ou "estamos classificados" acaba se tornando a saída perfeita para um labirinto. Foi exatamente assim que Didier Deschamps, técnico da França, reagiu a uma espécie de cobrança.

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Os franceses, antes de a bola rolar nos campos da Alemanha, eram os principais candidatos à conquista da taça europeia. Entretanto, dentro das quatro linhas, o favoritismo não se configurou na atmosfera "desempenho", apenas no "resultado".

Prejudicado pela fratura no nariz, Mbappé lida com as dores e não consegue render seu melhor futebol. Griezmann, arrastado por uma temporada intensa e cheia de problemas físicos no Atlético de Madrid, mudou sua função e não brilha como antes. Dembélé não assume o protagonismo. Sobra a Kanté desfazer os contra-ataques adversários e a uma defesa a função de parecer intransponível.

Na fase de grupos, cinco pontos, uma vitória, dois empates e apenas um gol sofrido. No mata-mata, 210 minutos sem ser vazada, mas apenas um tento anotado, contando com chute "errado" de Kolo Muani que desviou em Vertonghen e fez a Bélgica cair. Claramente uma trajetória aquém do que se espera de um campeão.

Contra a Espanha, os números não jogam a favor, já que perdeu mais vezes do que venceu na história do confronto (16 a 13 em favor da Fúria). Enfrenta um time que, recheado de jovens, marcou 11 gols nos cinco compromissos que teve.

Como gerar situações favoráveis diante de tudo isso? Este é o questionamento que ronda a cabeça de Deschamps. De um time que sempre pareceu leve para jogar, recai o peso do protagonismo. Nunca se viu muita variação no método de jogo francês com o comandante; apenas um desempenho que potencializa as individualidades. Tudo se complica quando elas evaporam.

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Para vencer a Espanha, Mbappé precisa aparecer. Precisa vencer os seus duelos contra um Jesús Navas que entra para substituir Carvajal já no auge de 38 anos. A jovialidade do craque tem que prevalecer contra um jogador que, apesar do alto vigor físico, não tem mais o mesmo pique de outrora.

Para vencer a Espanha, Griezmann precisa aparecer. Precisa que todo o seu protagonismo construído no Atlético aflore no momento de dificuldade. Apenas um jogador de sua genialidade pode dominar a bola no meio e gerar dúvidas em Rodri, um dos melhores meias do mundo, sobre como marcar e neutralizar o oponente.

Para vencer a Espanha, Koundé precisa aparecer. Precisa parar o diamante Nico Williams. O zagueiro-lateral costuma perder seus embates mano a mano contra Vinícius Jr no Real Madrid, e condicionou jogadas em diversas oportunidades a Rafael Leão nas quartas de final. Se a história se repetir, será letal contra seu próprio patrimônio.

Para vencer a Espanha, as individualidades precisam dar a cara. Caso contrário, é caso perdido. As condições são grandes: um time que, das últimas duas Copas do Mundo, ganhou uma e foi vice em outra, tem qualidade de sobra para difundir.

Griezmann e Mbappé são as armas da França diante da Espanha na Eurocopa (AFP PHOTO / Anne-Christine POUJOULAT)
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