Trabalhar com Florentino Pérez é sinônimo de vida curta no Real Madrid. Desde 2000, quando ganhou as eleições para a presidência do clube, ele já mandou embora 11 treinadores, o último, nesta segunda-feira, com o anúncio da saída de Rafael Benítez, a quem garantiu todo o respaldo nos últimos dias.
O primeiro a sofrer com Florentino foi Vicente Del Bosque, ganhador de duas Ligas dos Campeões, duas Ligas Espanholas, um Mundial, duas Supercopas da Espanha e uma Supercopa Europeia pelo Real Madrid. O manda-chuva não renovou o contrato com o atual técnico da seleção espanhola e colocou Carlos Queiroz no comando da equipe em 2003. O português não durou mais do que 273 dias.
Veio, então, José Antonio Camacho, demitido com o histórico de apenas três partidas em 2004. Até o Natal daquele ano o Real Madrid foi treinado por Mariano Garcia-Remón, substituído pelo brasileiro Vanderlei Luxemburgo na virada para 2005.
Luxa foi outro que não completou um ano à frente dos Merengues e, sem títulos, perdeu a vaga para Juan Ramón López Caro, o último da primeira era Florentino Pérez. O destino do espanhol foi o mesmo dos antecessores.
Em 2009, Florentino voltou a ocupar a cadeira mais cobiçada do clube. A aposta do mandatário foi no chileno Manuel Pellegrini, que ficou marcado pela eliminação na Copa do Rei para o modesto Alcorcón e pela queda nas oitavas de final da Liga dos Campeões para o Lyon, mesmo com Kaká e Cristiano Ronaldo no elenco.
Para 2009-2010, Florentino chamou José Mourinho, o treinador que permaneceu mais tempo enquanto Florentino Pérez está no poder. O português ficou no banco de reservas do Rei Madrid por três temporadas. Ganhou quase tudo (Espanhol, Copa do Rei, Supercopa). Faltou a tão cobiçada décima Liga dos Campeões da Europa, o que pesou para a demissão do Special One ao fim de 2012-13.
"La Decima" veio em 2013-14, com Carlo Ancelotti, responsável por vencer e convencer. Querido pela torcida e pelos jogadores, o italiano ainda abocanhou uma Copa do Rei, Supercopa Europeia e Mundial de Clubes. No entanto, na temporada seguinte, ele falhou e perdeu os três títulos em jogo (Espanhol, Copa e Champions). Florentino não teve paciência e o mandou embora.
O impopular Rafael Benítez foi a próxima vítima. Contratado em junho, o técnico espanhol contou com o apoio do presidente em dois momentos críticos: na derrota para o Barcelona por 4 a 0, em pleno Santiago Bernabéu, e na eliminação infantil na primeira fase da Copa do Rei em virtude da escalação de um jogador irregular. Porém, no último domingo, Florentino olhou para a tabela do Campeonato Espanhol e lembrou que os Merengues ocupavam a terceira colocação. O manda-chuva não oscilou. Mandou Rafa para a rua e trouxe o ídolo Zinedine Zidane.