Com comissão técnica brasileira, Al-Faisaly tenta surpreender na Arábia

Time não é cogitado como favorito, mas tenta o título inédito do campeonato local. Técnico da equipe é o experiente Hélio dos Anjos. Já o preparador físico é o jovem Anderson Nicolau

imagem camera(Foto: Divulgação)
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Lance!
Harmah City (SAU)
Dia 11/08/2016
16:20
Atualizado em 11/08/2016
17:16
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Antes conhecido como o 'eldorado do futebol asiático', o Oriente Médio vive um período de investimentos mais escassos no futebol. O status agora está no mercado chinês, com os clubes gastando rios de dinheiro na contratação de jogadores - até do futebol europeu. Nesta quinta-feira, o Campeonato Saudita deu início, em busca de retomar o glamour perdido há alguns anos.

No atual formato, 14 clubes disputam o Campeonato Saudita. Os dois primeiros garantem vaga para Liga dos Campeões da Ásia. Os dois últimos são rebaixados, enquanto o 12º participa do playoff com o terceiro colocado da Segunda Divisão para decidir se fica na elite.

Além de 20 jogadores brasileiros divididos pelas 14 equipes, apenas uma comissão técnica inteiramente brazuca comanda um time saudita. O Al-Faisaly tem como treinador o experiente Hélio dos Anjos, como passagens por clubes como Vasco e Goiás, além do preparador físico Anderson Nicolau, de apenas 33 anos, que está em seu terceiro clube pelo futebol asiático após passagem pelo Al Shorta SC, do Iraque, e Buriram United, da Tailândia.

Ao LANCE!, Hélio dos Anjos afirmou que o Campeonato Saudita tem uma peculiaridade, que o difere do futebol brasileiro.

- O Campeonato Saudita, diferente do Brasileiro, causa uma certa surpresa quando olhamos para a matemática. No Brasil, é definido que se você fizer uma certa quantidade de pontos você está entre os quatro primeiros, e dependendo do número está fora do risco de rebaixamento. Aqui isso ainda não tem um padrão tão bem definido, o que torna o campeonato interessante. Para nós, a expectativa é realizar a melhor temporada na história do clube. Os atletas estão assimilando bem tudo até o momento, não vejo a hora de transferir para os jogos tudo aquilo que propomos - disse Hélio dos Anjos, que não é o único treinador do Campeonato Saudita, uma vez que Arthur Bernardes comanda o Al-Mojzel.

O Al-Faisaly não é um dos concorrentes ao título, que fica por conta dos tradicionais Al-Ahli, Al-Hilal e Al-Nasr. Segundo Hélio dos Anjos, a expectativa é fazer a melhor temporada pelo clube.

- Corremos por fora. A melhor posição do Al Faisaly foi a sexta colocação há alguns anos. É um time intermediário, mas que tem grande potencial em função dos atletas e da estrutura. O objetivo é fazer a melhor campanha da história do clube. E, hoje, para o título acredito que Al-Ahli, Al-Hilal e o Al-Nasr são os favoritos, porém alguns clubes podem crescer e disputar a ponta, pois o campeonato aqui cria essa condição - disse o treinador.

Hélio dos Anjos estreia nesta sexta-feira (Foto: Divulgação)

A pré-temporada da equipe para o Campeonato Saudita foi bem proveitosa. Foram 45 dias de treinamentos, iniciados no dia 25 de junho. No dia 15 de julho, a equipe foi para Turquia, onde ficou até 1º de agosto. Neste período, realizou cinco amistosos para chegar bem à estreia no Campeonato Saudita, nesta sexta-feira, contra o Al-Khaleej (nesta quinta, o Al-Shabab ficou no 0 a 0 com o Al Qadisiya e o Al-Ittihad venceu o Al-Raed por 3 a 2).

- Eram equipes de características e níveis diferentes que foi o que eu pedi para o clube. Fizemos um amistoso com o time titular do Fenerbahçe e empatamos em 1 a 1. O desenvolvimento dos jogadores árabes me impressionou, fizemos uma pré-temporada com volume e intensidade que costumo realizar no Brasil, e eles responderam muito bem. Quanto aos brasileiros, trouxemos o atacante Everaldo e o zagueiro Alemão, ambos do Santa Cruz, que estão se adaptando muito bem. Temos o Gonzalo Cabreira, ex-Boca Juniors. O quarto estrangeiro ainda estamos buscando.

EXPERIÊNCIA EM OUTROS CENTROS DA ÁSIA

Ao aceitar o convite de comandar o Al-Faisaly, Hélio dos Anjos convidou Anderson Nicolau para integrar a comissão técnica. O preparador físico afirma que não teve dúvidas em assumir a responsabilidade.

- Dos três países que eu já passei, eu acredito que esse é o trabalho mais desafiador, pois no Iraque e na Tailândia eu cheguei para trabalhar nas maiores equipes de cada um dos países, já aqui o Al-Faisaly não é apontado como favorito ao título. Cabe a nós desenvolver um excelente trabalho e conquistar bons resultados, pois foi para isso que fomos contratados - atestou o preparador, ao LANCE!

Anderson orienta jogadores do Al-Faisaly (Foto: Divulgação)

Em seu terceiro trabalho no futebol asiático, Anderson Nicolau ressalta as dificuldades de cada um e suas particularidades.

- A liga da Arábia Saudita já é consolidada, existe há muitos anos e por aqui já passaram grandes jogadores e treinadores. Isso fez com que o campeonato ganhasse uma importância no futebol asiático. O Iraque, pelos problemas sociais, tem um pouco de dificuldade na organização da liga, até mesmo para receber atletas e comissões de outros países. Isso gera uma limitação no sentido de aumentar o nível e a qualidade dos estrangeiros. Já a Tailândia é um futebol emergente, que tem crescido a cada dia, tem contratado cada vez mais jogadores de um nível melhor, treinadores de ponta, e é uma competição que cresce cada vez mais. Acredito que pode se tornar uma das principais ligas do futebol asiático.

Nicolau revela ainda que o grau de exigência é bem alto, principalmente pelo investimento feito pelas equipes.

Anderson Nicolau com o técnico Hélio dos Anjos (Foto: Divulgação)

- Na minha primeira temporada no Iraque eu cheguei em uma equipe que já era campeã nacional e o mínimo que esperavam de nós é que fôssemos campeões novamente - e conseguimos. Era uma equipe que tinha em média 10 jogadores convocados pela seleção iraquiana, então eram atletas acostumados a trabalhar em altíssimo nível. Tínhamos também o desafio de manter a competitividade interna e não deixar os jogadores de seleção se acomodarem - afirmou o preparador, antes de falar sobre a Tailândia:

- No Buriram United, era a mesma coisa. O time está entre as dez maiores equipes da Ásia e no nosso primeiro ano, apesar de conquistarmos todos os títulos possíveis na Tailândia, havia uma pressão por quebra de recordes. Fomos campeões de cinco competições, invictos, mas mesmo assim houve uma frustração pelo fato de não termos batido o recorde de pontos no Campeonato Tailandês. Víamos uma exigência altíssima pela excelência e por isso o futebol tailandês tem crescido cada vez mais.

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