Após o sorteio das quartas de final da Champions League, duas chaves com pesos diferentes foram separadas. Enquanto Real Madrid, Bayern de Munique, Chelsea e Manchester City estão de um lado em busca de uma vaga na final do maior torneio de futebol da Europa, Napoli, Milan, Inter de Milão e Benfica estão no oposto, mas em busca do mesmo objetivo: a orelhuda.
Em uma primeira avaliação, a sensação é de que o campeão sairá da chave considerada mais forte. Além da história de seus clubes e do histórico assombroso de conquistas, o lado composto por Real, Bayern, Chelsea e City também possui um poderio econômico muito mais alto em relação aos demais.
É inegável que os confrontos entre Manchester City x Bayern de Munique e Real Madrid x Chelsea sejam os mais aguardados. Mas não só isso. Eles prometem uma emoção até o último minuto, como o mundo pôde observar na última temporada em um embate justamente entre espanhóis e ingleses nas quartas de final da Liga dos Campeões.
Mas, apesar dos elencos, os favoritos precisam mostrar mais futebol em relação ao que foi apresentado até o momento. Real Madrid, Manchester City e Chelsea oscilam e têm tropeçado com frequência diante dos adversários nacionais. Até mesmo o Bayern, que mantém um aproveitamento de 100% na Champions e lidera a Bundesliga, tem perdido pontos semanais de forma mais assídua que o comum.
REAL MADRID
O Real Madrid que sobrou em 2021/2022 e conquistou Champions e La Liga apresenta problemas maiores na atual campanha. A começar pelo impacto da evolução do grande rival Barcelona, que lidera o Campeonato Espanhol com folga (12 pontos de diferença para o Real) e venceu a Supercopa da Espanha contra o maior rival. Apesar disso, os merengues aliviaram a pressão com a classificação à final da Copa do Rei.
A cada tropeço do Real, crescem as especulações sobre a saída do técnico Carlo Ancelotti para a próxima temporada. Após um ano mágico, que, é verdade, contou com mais sorte do que juízo em diversos momentos da Champions League, o trabalho do italiano é questionado e não há uma perspectiva de sequência.
Principal jogador da equipe e eleito Bola de Ouro em 2022, Karim Benzema vem reencontrando sua boa forma na reta final de temporada após um início ruim e marcado por muitas lesões. A saída de Casemiro também é um problema na cabeça de Ancelotti, uma vez que Tchouaméni e Camavinga não conseguem ser donos das posições devido as irregularidades.
Aos 33 e 37 anos, Toni Kroos e Luka Modric, respectivamente, estão tendo seus minutos dosados por Ancelotti e foram titulares em menos de 70% dos jogos do Real Madrid na La Liga, segundo o "Transfermarkt". Com isso, Vini Jr é cada vez mais uma válvula de escape em uma equipe que sofre para tentar recuperar o status de outrora.
BAYERN DE MUNIQUE
Líder da Bundesliga, o Bayern de Munique é o único representante da chave mais "forte" que lidera a principal competição nacional de seu país. Mas com apenas dois pontos de vantagem sobre o Dortmund, a equipe da Baviera viu seu desempenho cair desde a volta do Campeonato Alemão após o fim da Copa do Mundo.
Por conta disso, o clube passou por uma reformulação com a decisão da diretoria pela demissão do técnico Julian Nagelsmann e a contratação de Thomas Tuchel. Nos últimos 12 jogos do Campeonato Alemão, o clube levou 16 dos 29 gols sofridos na Bundesliga. Apesar da liderança, as recentes atuações geram dúvidas em relação ao que o elenco é capaz de produzir
E a chegada de Thomas Tuchel ainda não é sinônimo de sucesso. Em três partidas sob comando do alemão, o Bayern venceu dois jogos da Bundesliga, mas foi eliminado em casa diante do Freiburg na Copa da Alemanha, mas segue com a possibilidade de erguer mais dois troféus ao fim da temporada.
A saída de Robert Lewandowski para o Barcelona pesou, uma vez que o meia Jamal Musiala é o artilheiro da equipe na Bundesliga com apenas 11 gols marcados. Substituto do polonês, Choupo-Moting balançou as redes dos adversários em 10 oportunidades. Só na temporada passada, Lewa foi artilheiro com incríveis 35 tentos. Por outro lado, Sadio Mané, principal reforço do Bayern na janela de transferências, encontra dificuldades em sua primeira temporada, principalmente após sofrer uma lesão grave às vésperas da Copa do Mundo.
MANCHESTER CITY
Hegemônico na Inglaterra nos últimos anos, com quatro títulos nas últimas cinco edições de Premier League, o Manchester City encontrou no Arsenal um rival que está dando dores de cabeça para Pep Guardiola. Além da vice-liderança no Campeonato Inglês, os Sky Blues foram eliminados nas quartas de final da Copa da Liga Inglesa. A Champions, mais uma vez, é a obsessão, no entanto, ganhou ainda mais peso porque pode ser a única taça de 2023.
É verdade, por outro lado, que Manchester City é o time que vem apresentando o melhor futebol dentro desse específico grupo. A presença de Erling Haaland, artilheiro da Champions League e da Premier League, alimenta o arsenal ofensivo dos comandados de Guardiola. O norueguês marcou cinco gols na vitória por 7 a 0 sobre o RB Leipzig que culminou com a classificação às quartas da Liga dos Campeões.
A Champions League segue sendo a grande obsessão do Manchester City, que precisará lidar com a disputa em outras duas frentes. A equipe depende apenas de si para vencer a Premier League e a Copa da Inglaterra e o mês de abril pode ser decisivo para as pretensões do clube do Etihad Stadium.
CHELSEA
O Chelsea vive diversos problemas desde o fim da última temporada, onde o clube precisou ser vendido pelo empresário russo Roman Abramovich por conta da Guerra Rússia-Ucrânia. Ainda em 2022, os Blues foram adquiridos por Todd Boehly e novos investimentos começaram a ser feitos na montagem do elenco.
Após um grande sucesso em sua primeira temporada, o técnico Thomas Tuchel foi demitido do comando da equipe por conta do início ruim e alguns problemas internos. Logo após a saída do alemão, Graham Potter foi anunciado como sucessor após um trabalho de sucesso à frente do Brighton, modesto time da Inglaterra, mas também foi mandado embora.
Atualmente, os Blues são dirigidos de forma interina por Frank Lampard, que teve um aproveitamento muito ruim no Everton e iniciou sua segunda passagem no comando do Chelsea com derrota contra o Wolverhampton, na Premier League. Além da superstição do clube que venceu duas Champions League com treinadores que assumiram a equipe no meio da competição, como Di Matteo e Tuchel, não há muitas explicações para a chegada do ídolo.
E nas duas janelas de transferências, o Chelsea contratou 13 jogadores e gastou dinheiro na casa dos bilhões de reais. As sucessivas mudanças no corpo técnico, mas também a chegada de nomes novos não fez com que os Blues emplacassem, mas sim que estejam tendo muitas dificuldades em se encontrar.
Eliminados na Copa da Liga Inglesa e Copa da Inglaterra, os londrinos amargam apenas a 11ª colocação na Premier League e encontram dificuldades para brigar por uma vaga na Liga Europa da próxima temporada. Embora tenha passado, e com dificuldade, sobre o Dortmund nas oitavas de final da Champions League, o Chelsea está jogando menos bola em relação a Napoli e Benfica, por exemplo, e seria uma grande surpresa a conquista do tricampeonato.