Chegada de Haaland ao City marca fracasso do fair play financeiro europeu em seu fim

Uefa inicia novas regras a partir da próxima temporada, mas descarta de vez discurso de que medidas buscam equilíbrio esportivo maior em competições

imagem cameraHaaland se tornará a terceira contratação mais cara do City na história (Foto: ODD ANDERSEN / AFP)
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 10/05/2022
20:40
Atualizado em 11/05/2022
11:57
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A contratação do centroavante norueguês Erling Haaland pelo Manchester City por 63 milhões de libras (cerca de R$ 392 milhões) - o valor pode até dobrar com o pagamento das comissões - marca o capítulo final da história fracassada do fair play financeiro implantado pela Uefa como tentativa de regulamentar as operações financeiras dos clubes, principalmente os de que estão na mesma situação dos ingleses, ou seja, que pertencem a grupos financeiros sustentados com fonte de recursos que parece ilimitada.


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Isso acontece porque a Uefa aprovou no fim de abril uma nova legislação em que os clubes europeus agora poderão usar no máximo 70% no máximo de suas receitas para custear seus departamentos de futebol.

Antes, a regra previa a proibição de gastos acima da arrecadação declarada. Entretanto, o próprio City e outros, como o PSG, burlavam a norma com patrocínios superfaturados de empresas estatais dos estados que o administram. Apesar da documentação que provava a fraude ter vindo à tona, as punições impostas pela entidade máxima do futebol no Velho Continente.

No caso do City, a coisa vai além. No começo do mês passado, a imprensa europeia denunciou que o clube ofereceu vantagens financeiras ilegais a jogadores menores de idade e até realizou pagamentos não-declarados a atletas e membros da comissão técnica, com o dinheiro saindo direto das contas do sheik Mansour bin Zayed Al Nahyan, dono do clube.

Vale pontuar que apesar de punido eventualmente com a Uefa com proibições de inscrição de novos atletas, os ingleses foram absolvidos pelo CAS (Corte Arbitral do Esporte) por falta de provas.

Uefa muda discurso, refaz planejamento e 'joga a toalha'

Durante o anúncio das novas regras, a Uefa admitiu que 'jogou a toalha' no que se refere à tentativa de controlar a desigualdade financeira na Europa em prol de uma competitividade maior nas competições.

Para começar, a entidade vai mudar o nome. Deixará de usar fair play financeiro, optando por chamar de 'plano de sustentabilidade', justamente para brecar a impressão de que se tratava de um assunto pelo qual, de fato, ela se importava.

- Desequilíbrio competitivo não pode ser tratado simplesmente por regulações financeiras. Precisa ser tratado em combinação com medidas esportivas e outras medidas. É por isso que mudamos o nome. O nome Fair Play Financeiro era interpretado como se estivéssemos criando um cenário equilibrado, nós queríamos mudar isso - disse o diretor de sustentabilidade financeira da Uefa, Andrea Traverso.

Haverá um período de adaptação, mas, em três anos, esse limite terá que ser de 70% – caindo gradativamente de 90% em 2023/24 e 80% em 2024/25.

O controle de custos é um dos três pilares do plano. Os outros dois são solvência, para garantir que os clubes tenham dinheiro para pagar o que devem, e estabilidade, que se assemelha ao mecanismo do Fair Play Financeiro que calculava receitas e despesas para limitar prejuízos. As perdas permitidas foram dobradas: de 30 milhões de euros para 60 milhões de euros em um período de três temporadas (R$ 162,2 mi e R$ 324,4 mi. respectivamente).

As punições variam de multas a perdas de pontos, rebaixamento dentro das competições da Uefa, limitação do tamanho do elenco, exclusão dos torneios e até suspensão de jogadores individualmente.

- As primeiras regulamentações financeiras da Uefa, introduzidas em 2010, cumpriram seu principal propósito. Eles ajudaram as finanças do futebol europeu a se recuperarem após estarem à beira do precipício e revolucionaram como os clubes europeus são administrados. No entanto, a evolução da indústria do futebol, junto com os inevitáveis efeitos financeiros da pandemia, mostraram a necessidade de uma reforma e novas regulamentações financeiras de sustentabilidade - disse o presidente da Uefa, Aleksander Ceferin, por meio de comunicado.

As primeiras reações do mercado à chegada de Haaland ao City apontam uma preocupação sincera com o crescimento de um abismo técnico entre o clube e os demais. E o técnico do Liverpool, Jürgen Klopp, afirmou que o negócio 'estabelecerá novos níveis' no futebol.

- Eu sei no momento que outras pessoas falam sobre dinheiro, mas essa transferência estabelecerá novos níveis. Deixe-me dizer isso! Jogamos contra todos os outros times, sim. Mas se Haaland for para lá (City) isso não vai enfraquecê-los. Definitivamente não. Renovei o meu contrato sabendo que o City não vai parar de crescer.

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