O Chelsea pode sofrer sanções da Uefa por não cumprir os critérios de sustentabilidade financeira estabelecidos pela entidade. Apesar de ter registrado um lucro de 128,4 milhões de euros (cerca de R$ 808,9 milhões) na última temporada, parte dessa receita veio da venda de ativos do próprio clube para empresas ligadas ao proprietário Todd Boehly - operação que não é reconhecida pela Uefa por infringir regras sobre transações com partes relacionadas.
Segundo o regulamento europeu, os clubes não podem contabilizar receitas oriundas de negociações com empresas vinculadas aos donos, a menos que passem por uma avaliação independente de mercado. Dessa forma, o Chelsea, que teve prejuízo de 90,1 milhões (aproximadamente R$ 567,6 milhões) na temporada anterior, ainda estaria no vermelho aos olhos da Uefa.
Lucro sob suspeita e risco de exclusão
A situação é agravada pelos resultados da holding que controla o clube, a 22 Holdco Ltd., que acumulou perdas de mais de 1,1 bilhão de euros (cerca de R$ 6 bilhões) nas duas últimas temporadas. Os números chamam atenção num momento em que a Uefa intensifica a vigilância sobre os balanços financeiros dos clubes, especialmente após a implementação de regras mais rígidas de Fair Play Financeiro.
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O clube inglês tenta evitar uma punição severa, como a exclusão de competições continentais. As negociações com a Uefa buscam transformar uma possível penalização em multa ou outras sanções regulatórias, como restrições no mercado de transferências ou a imposição de um plano financeiro supervisionado.
Especialista em direito esportivo, o advogado Álvaro Martin Ferreiro acredita que o caso deve terminar em acordo.
- A Uefa tem adotado uma postura de resolução por meio de sanções financeiras e medidas corretivas, reservando a exclusão de torneios para casos extremos. É provável que o Chelsea receba uma multa e seja obrigado a seguir um plano financeiro supervisionado - afirmou o advogado.
Casos recentes reforçam essa tendência. O PSG, em 2022, pagou 146 milhões de euros (cerca de R$ 795 milhões) em acordo com a Uefa. O Barcelona, em 2023, foi multado em 500 mil euros (aproximadamente R$ 2,7 milhões) por irregularidades fiscais. Já o Manchester City chegou a ser banido das competições europeias em 2020, mas reverteu a decisão no Tribunal Arbitral do Esporte (CAS), pagando uma multa reduzida de 10 milhões de euros (em torno de R$ 54,5 milhões).