Enquanto o futebol brasileiro vive a inédita situação de contar com mais técnicos estrangeiros do que brasileiros na Série A do Brasileirão, um jovem treinador faz o caminho inverso no futebol mexicano, onde se tornou destaque pelo seu bom trabalho no modesto Atlético de San Luís.
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Gustavo Leal tem apenas 37 anos e boas experiências na carreira. Além de passagem pelo sub-17 do Fluminense, acumula um trabalho na Europa, comandando o STK Samorin (Eslováquia), clube que tinha uma parceria para intercâmbio com o Tricolor das Laranjeiras. Também fez parte da comissão técnica medalhista de ouro nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2021, ao lado de André Jardine.
E com o mesmo Jardine que Gustavo iniciou sua trajetória de sucesso no futebol do México. Vale destacar: o Atlético de San Luís era lanterna da Liga MX no começo de 2022, quando assumiram o comando da equipe. Mas ambos tinham convicção de que dava para fazer melhor, como fizeram: logo no primeiro campeonato, classificaram a equipe para a 'Liguilla', como é conhecido o mata-mata da competição.
Em junho deste ano, Jardine deixou o Atlético para assumir outro mexicano, o América. Gustavo foi 'promovido' a técnico principal da equipe e, desde então, se prepara para a desafiadora tarefa de dar sequência aos bons resultados e fazer com que seus jogadores vivam a melhor fase da carreira, seu maior objetivo na vida, como descreveu em bate-papo ao Lance!.
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Concentrado nos Estados Unidos, enquanto se prepara para a disputa da Leagues Cup, competição em formato de Copa do Mundo que coloca frente a frente equipes da MLS e Liga MX, o técnico falou sobre sua chegada ao México, os desafios da temporada e a evolução do futebol na América Central. Veja a entrevista com Gustavo Leal:
Lance!: Como surgiu o convite para trabalhar no México?
- Foi tudo muito rápido. Acabamos o processo olímpico em agosto e depois me dediquei um pouco à família. Até que apareceu o Atlético de San Luís. No começo de fevereiro tivemos a primeira reunião via internet com os diretores. Fizemos um estudo nosso para conhecer o clube e o projeto, e no dia 5 de fevereiro estávamos no Estádio Azteca assistindo ao jogo do time contra o América. No dia seguinte estávamos no campo dando treino. Foi um momento de transição do clube, que tinha acabado de trocar a diretoria, e eles estavam buscando um perfil no qual se encaixava o André (Jardine).
Lance!: Quando vocês estudaram o elenco e o projeto, já imaginavam que era possível obter os resultados que tiveram até aqui?
- Quando tivemos a primeira conversa, o San Luís era o lanterna da Liga MX. A gente fez o estudo do elenco, assistiu às partidas e viu que o elenco não era para isso, pelos jogadores que tinha e pelas contratações feitas. Era questão de trabalho para os resultados começarem a aparecer. Logo no primeiro torneio fizemos um resultado histórico, a classificação para a 'Liguilla'. Quando a gente chega aqui, o primeiro objetivo é não estar entre os três últimos colocados, e com uma ou duas rodadas de antecedência já estávamos livres dessa ameaça.
Lance!: Como enfrentar o desafio de substituir o André Jardine no comando do time, e ao mesmo tempo dar sequência aos bons resultados com o seu estilo de trabalho?
- O fato de eu estar com o André é justamente por pensarmos futebol de forma muito parecida. Isso já facilita o momento que a gente está vivendo, pois somos pessoas diferentes mas com uma ideia parecida de futebol. É um trabalho de continuidade do que já vinha sendo feito. Claro, cada um tem o seu 'tempero', mas não vamos começar do zero e mudar a característica do time. É seguir evoluindo o que vinha sendo feito e desenvolvendo jogadores. É uma coisa que eu tenho como um dos objetivos da minha vida e da minha carreira: desenvolver pessoas, desenvolver jogadores. Eu quero que eles vivam o melhor momento das suas carreiras enquanto estiverem trabalhando comigo.
Lance!: Qual a sua expectativa para a disputa da Leagues Cup?
- É a primeira vez que acontece essa competição, então a gente fica meio perdido com relação ao histórico de campanhas de clubes da MLS e da Liga MX. Tem os confrontos pela Liga dos Campeões da Concacaf, mas não necessariamente todos os times se cruzam. Então, ficamos sem referência. E como é um torneio muito curto, com dois jogos na primeira fase, se você perder o primeiro já se complica, e depois começa o mata-mata. Não dá para pensar em médio prazo porque você precisa dos resultados imediatamente.
Lance!: E quais vantagens você e seu time podem obter com esse enfrentamento mais frequente com os clubes da MLS?
- México e Estados Unidos sempre tiveram uma relação muito próxima em várias áreas, comerciais, culturais, históricas, enfim. Acho que a Leagues Cup aproxima mais ainda o futebol dos países. Acho que as duas ligas vão sair muito fortalecidas dessa competição, e por consequência todos os times envolvidos nela. Como treinador, acho que vai ser uma oportunidade de enfrentar outros estilos de futebol, outros treinadores. Nesse primeiro jogo, vou enfrentar o Bruce Arena, uma referência de treinador nos Estados Unidos, que disputou Copa do Mundo. Esse intercâmbio cultural e futebolístico vai acrescentar muito.
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Lance!: Este intercâmbio também é uma forma de colocar o futebol da América Central como uma potência perante o mundo?
- Na penúltima Concachampions foi a primeira vez que um clube mexicano não ganhou a competição. Acho que isso já mostra como vem evoluindo o futebol dos Estados Unidos, até pelas contratações que faz: antigamente buscava jogadores nos últimos anos de carreira, hoje tem jogadores como (Lorenzo) Insigne, (Xherdan) Shaqiri… até mesmo os brasileiros, Talles Magno, Gabriel Pereira, Lucas Calegari, todos com muito potencial, que teriam nível para jogar na Europa. Para mim, eles foram muito felizes de fazer esse torneio pela primeira vez. Que o projeto continue, sou um entusiasta dele.
Lance!: E quais os objetivos para a temporada como um todo?
- Essa está sendo uma experiência bem legal e inédita para mim. No Brasil a gente disputa competições em paralelo, então você nunca tem a cabeça focada em uma delas. Como a Liga MX para, você consegue dar foco total para a Leagues Cup e colocar ela dentro da sua temporada. Então, o objetivo não muda: é ter um time protagonista, que comanda as ações independente do adversário, se o jogo é em casa ou fora. A gente conseguiu fazer isso nos primeiros três jogos da Liga e seguimos buscando uma equipe que faça o torcedor do Atlético de San Luís contente com o que viu em campo.