De Courtois e Eto’o à vida na Rússia: João Carlos lembra carreira e analisa sede da Copa do Mundo

Zagueiro ex-Vasco virou ídolo na Bélgica e foi referência para grandes nomes da atual geração; passagem pelo Anzhi (RUS) também foi marcante ao lado de Roberto Carlos

imagem cameraCleber Mendes/Lancepress!
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Lance!
- Rio de Janeiro (RJ)
Dia 12/09/2017
16:31
Atualizado em 13/09/2017
10:36
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Carioca de Bangu, Zona Oeste do Rio de Janeiro. aos 35 anos, o zagueiro João Carlos não esperava alcançar tanto sucesso na carreira. Apesar de pouco conhecido no Brasil, o defensor coleciona experiências de causar inveja em muito grande zagueiro do todo o planeta. Entre os causos do jogador, estão o título belga com o modesto Genk, aonde foi mentor de estrelas mundiais como o goleiro Courtois, do Chelsea (ING), e do meia-atacante Kevin De Bruyne, hoje no Manchester City (ING), além de ser companheiro de clube de nomes como William, Roberto Carlos, Jucilei e Samuel Eto'o. Em todas essas passagens, foi um dos principais jogadores do time.

Além disso, os cerca de cinco anos na Rússia, atuando pelo Anzhi e pelo Spartak Moscou, fazem de João Carlos um especialista do país, que sediará a próxima Copa do Mundo. E ele analisa o país, com prós e contras, para receber a maior competição de futebol de todo o planeta.

Mas para falar de João Carlos, é preciso relembrar como foi essa carreira. Com início no Vasco, o defensor surgiu como uma das grandes promessas do clube, em meados dos anos 2000. Foi titular na temporada 2002 e chamou atenção do futebol búlgaro, atuando pelo CSKA Sofia. Poucas oportunidades teve na Bulgária e logo se mudou para a Bélgica, no Lokeren. Depois de três temporada por lá, foi par ao Genk, onde se tornou referência no futebol do país. Capitão e campeão na temporada 2010/2011 com o modesto clube, foi convidado a se naturalizar e aceitou. Em vias de chegar à seleção nacional, teve uma dura escolha que o tirou de defender o país, que anos depois variaria sensação no mundo com uma das gerações mais fortes de todos os tempos.

- Não diria que tive azar em relação à Bélgica. Foi um momento de decisão que a circunstâncias pedia. Era um valor interessante naquele momento. Quando me naturalizei recebi a proposta do Anzhi, que tinha um projeto incrível e não tinha como recusar. Como o treinador da Bélgica tinha sido meu treinador no Lokren, ficaria mais fácil se eu ficasse no Genk, mas não dava para recusar. Depois disso, ninguém mais podia me acompanhar em alto nível na Rússia. Ali foi uma escolha, fui muito feliz, inclusive na decisão. Foi de momento, queria ter jogado na Bélgica, mas não arrependo - comentou o zagueiro.

João Carlos marcando Vagner Love, pelo Campeonato Russo (Foto: Divulgação)

Foi muito bom estar com esses garotos da Bélgica. Na época que subiram do sub-20, eles tinham 17 anos, e já jogavam na categoria acima. Era o capitão do Genk, quando subiram me respeitaram muito, por ser capitão e líder

Na Rússia, inclusive, João Carlos pode ser titular e teve a chance de atuar com nomes como Roberto Carlos, Samuel Eto'o e William, da Seleção e do Chelsea, o que para ele já faz da experiência mais do que incrível.

- Jogar com eles foi um sonho realizado. Foi uma experiência indescritível e vou levar para toda minha vida. Joguei com Roberto Carlos, Diego Tardelli, Jucilei, Willian... Muito jogador excelente. É inesquecível - celebra.

DESTAQUES BELGAS QUE CHAMAM A ATENÇÃO

Logicamente, jogar com craques consagrados é motivo para se orgulhar. Mas João Carlos tem uma história ainda mais interessante, quando fala-se de grandes nomes do futebol mundial. E no Genk, ele foi referência para ninguém menos do que Courtois e De Bruyne, nomes principais da geração de ouro da Bélgica.

- Foi muito bom estar com esses garotos da Bélgica. Na época que subiram do sub-20, eles tinham 17 anos, e já jogavam na categoria acima. Era o capitão do Genk, quando subiram me respeitaram muito, por ser capitão e líder. Procurei sempre estar junto, passei coisas que vivi dentro do clube. Tive uma boa parcela na construção da mentalidade deles. Ensiná-los era impossível, no futebol, apenas ajudei na cabeça deles de juvenil para se tornarem profissional. Falava para levar tudo mais a sério, mais coisas extracampo mesmo. Já subiram com um talento incrível. Estão fazendo sucesso em suas carreiras, em outros países. Fico muito feliz de ter jogado com esses monstros e poder ter ajudado em algo, naquele momento - afirmou o zagueiro.

DICAS PARA A COPA DA RÚSSIA

As quase cinco temporada no futebol russo, totalmente adaptado, João Carlos é um especialista quando o assunto é o país. E o defensor listou os prós e contras da realização do Mundial de 2018. Em sua análise, a Copa tem tudo para dar certo, mesmo com o "gelado" povo russo.

- Vivi um bom tempo em Moscou, eu e minha família gostamos muito. Mas tem problemas. Na Rússia inteira, é muito trânsito  e isso é pesado. E o povo é muito frio. Por outro lado, a segurança está acima de tudo, vai ser uma Copa do Mundo segura, mas espero que a estrutura tenha melhorado com estradas e opções para esvaziar um pouco esse trânsito que era péssimo. O povo não vai mudar, nisso também não influencia nos jogos. Só com os turistas mesmo. É um país seguro, os estádios estão prontos e foram construídos rápido demais. Joguei na casa do Spartak, excelente e pronto há mais de três anos. O do Rubin Kazan também é excelente. Eles adiantaram muitas coisas para 2018. Acho que está tudo preparado e tenho certeza que vai ser uma Copa legal, não melhor que a do Brasil, mas espero que seja de sucesso - analisou.

Na Rússia inteira, é muito trânsito e isso é pesado. E o povo é muito frio. De resto não deve ter nada de errado na Copa. A segurança está acima de tudo, vai ser uma Copa do Mundo segura, mas espero que a estrutura tenha melhorado com estradas e opções para esvaziar um pouco esse trânsito que era péssimo

Sobre o futuro na carreira, João Carlos ainda aguarda novidade. Depois de ajudar o Al-Jazira a conquistar o campeonato dos Emirados Árabes, acabou não tendo seu vínculo renovado, e assim não estará na disputa do Mundial de Clubes, em dezembro, em Dubai.

- Queria muito jogar o Mundial de Clubes, mas não renovamos. Então vim para o Brasil e estou esperando para ver o que aparece. Aqui de dentro e de fora temos algo. Infelizmente não entramos acordo. Não renovamos. Trocaram todos os brasileiros que ajudaram no título. A mentalidade deles é muito difícil de entender, mas fazer o que. Estou fora desse Mundial, mas vou torcer por eles - lamentou o defensor.

No Brasil, João Carlos chegou a voltar para o Vasco em 2015, mas sequer jogou. Em toda a carreira, defendeu o Vasco, CSKA Sofia, Lokeren e Genk, da Bélgica,  Anzhi e Spartak, da Rússia, além do Al-Jazira, sua última equipe.

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