Com a demissão de Gerardo Martino da seleção argentina, o barco da Associação de Futebol Argentino acabou perdendo o rumo, que vinha distorcido há muito tempo. Enquanto a Fifa destaca a Albiceleste como a melhor equipe do mundo em seu ranking de seleções, a realidade marca a AFA atolada em uma de suas crises mais profundas: não tem presidente, o capitão Messi pulou fora, não há informação correta sobre como será o próximo torneio nacional, os clubes não liberam seus jogadores para os Jogos Olímpicos e, com a saída de Tata, também não há treinador. Que o último apague a luz...
A esperada oportunidade para "reencontrar" o futebol argentino após a morte de Julio Grondona nunca foi concretizada. Desde aquela escandalosa eleição na AFA, em que não puderam eleger o próximo presidente, começou uma série de "ganchos" políticos e econômicos que colocaram a bola em segundo plano. A seleção foi disputar a Copa América Centenário quase à deriva, com um técnico que não recebia salários e um vazio na direção: Luis Segura teve que voltar às pressas para apresentar sua renúncia, depois de rumores de uma possível intervenção da Fifa.
Eles ainda esquentaram o tranquilo Messi, que disparou contra a falta de organização da AFA em plena competição. Embora não tenha sido obrigado, Martino fez campanha para estar nas Olimpíadas, mas, na ausência de jogadores confirmados, o treinador acabou por sair pela porta dos fundos.
Pelas circunstâncias, parece incrível que a Argentina tenha chegado às finais dos três últimos grandes torneios que disputou. E, apesar de tudo, agora, talvez, o torcedor argentino ainda tenha consciência que o tão reivindicado amor pela camisa é uma das poucas coisas que permanecem.