O primeiro gol de Vinícius Júnior no empate do Real Madrid por 2 a 2 com o Valencia ficou marcado pela comemoração do brasileiro: braço erguido e punho cerrado. O gesto é conhecido mundialmente por representar a luta antirracista e foi consagrado ha mais de meio século por um grupo que combatia a discriminação racial nos Estados Unidos, os Pantera Negras.
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O movimento surgiu em Oakland, na California, durante os anos 60, período marcado pela luta pelos direitos civis da população negra nos Estados Unidos. Além da pobreza e da violência policial, os negros não poderiam frequentar os mesmos espaços que os brancos em algumas situações.
Os Panteras Negras apareceram, então, para defender a liberdade e o direito de autodefesa dos negros no país. O lema do grupo, "Black Power" (poder negro), era acompanhado sempre do gesto reproduzido por Vini Jr. no último final de semana.
No esporte, o gesto foi reproduzido algumas outras vezes, provocando debates importantes sobre racismo e discriminação. Em 1968, por exemplo, dois atletas estadunidenses foram expulsos dos Jogos Olímpicos do México por reproduzirem o gesto dos Panteras Negras durante a cerimônia da entrega de medalhas.
Tommie Smith e John Carlos ficaram com as medalha de ouro e bronze, respectivamente, na prova dos 200 metros rasos no atletismo. Com as medalhas no peito, e durante a execução do hino nacional dos Estados Unidos, ambos ergueram os punhos como forma de protesto. A reação do COI (Comitê Olímpico Internacional) foi imediata.
Parte da população norte-americana e a imprensa também se voltaram contra os atletas. A cena, no entanto, ficou marcada na história do esporte mundial e, tempos depois, ambos ganharam a condição de heróis na luta pelo fim da discriminação racial.
Recentemente, o jogador de futebol americano Colin Kaepernick passou por situação semelhante após fazer o mesmo gesto com o braço, mas ajoelhado em campo, durante a execução do hino nacional dos Estados Unidos.
Após protestar dessa forma e se colocar como um ativista dos direitos dos negros, o quarterback passou a encontrar dificuldades de atuar na NFL, liga de futebol americano do país.
No futebol brasileiro, outros dois atletas também consagraram o gesto, embora mais por questões políticas e não necessariamente raciais: Sócrates, ídolo do Corinthians, e Reinaldo, ídolo do Atlético-MG.
ENTENDA O GESTO DE VINI JR
Em maio de 2023, uma partida entre Real Madrid e Valencia, disputada no Estádio Mestalla, pelo Campeonato Espanhol, foi interrompida por ofensas racistas de parte da torcida mandante contra Vinicius Júnior. Os criminosos começaram ofender o brasileiro com gritos de "macaco".
A situação provocou repercussão em todo o mundo e colocou em maus lençóis figuras importantes do futebol espanhol, como o presidente da La Liga, Javier Tebas, que minimizou os atos racistas da torcida do Valencia.
O jogo, disputado no sábado (3), foi o primeiro entre os clubes no estádio após o caso. Durante a partida, Vinícius Júnior foi provocado por jogadores e ofendido por parte dos torcedores rivais. Após marcar o seu primeiro gol no jogo, nos acréscimos do primeiro tempo, o brasileiro fez gesto, não apenas em resposta às ofensas que sofreu, mas principalmente como um lembrete: é preciso combater o racismo diariamente.