Quem já nasceu na era do futebol globalizado, com acesso aos campeonatos mais valiosos do mundo, conhece bem um fenômeno que se intensifica a cada temporada: a pressa em cravar sucesso ou fracasso de um jogador talentoso.
Em alguns momentos, esta análise precoce ganha ares de perseguição. Aos 19 anos, Vinicius Junior sofre com isso desde que deixou o Flamengo para vestir a camisa do Real Madrid. Logo se destacou no time B e começou a ter chances com o técnico Zinedine Zidane. Mas oscilou, como é natural da idade, perdeu espaço, ganhou novas chances, até chegar no domingo, quando foi um dos principais responsáveis pela vitória por 2 a 0 contra o Barcelona, que devolveu a liderança ao clube de Madri.
A imprensa local ajuda a criar visões distorcidas. O gênio de hoje é o fracasso de amanhã, num ciclo que perpetua verdades até a próxima rodada. O brasileiro tem o hábito de desmerecer qualquer jovem que não tenha sido formado no time pelo qual torce. Vinicius não é um jogador pronto, tem problemas de finalização e de objetividade. Ao atuar no futebol europeu, tem uma chance maior de evoluir. Se mantiver a paciência que vem demonstrando, pode calar os críticos que exigem uma perfeição ilusória.