A Euro-2016 começará nesta sexta-feira em Paris com o jogo da anfitriã França e a Romênia. A décima-quinta edição do torneio, com vários favoritos e muitos astros de primeira linha, não está sendo marcada pelo lado esportivo e, sim, pela tensão com a possibilidade de atentados durante o evento. Prova disso é que nesta quarta-feira, na conferência de imprensa que abriu oficialmente a programação da Euro e que contou com os seus três principais dirigentes - Theodore Theodoridis (secretário-geral da Uefa), Jacques Lambert (presidente do Comitê Organizador) e Martin Kallen (CEO da Uefa-Eventos) - 60 dos 75 minutos da entrevista foram sobre segurança e Jacques Lambert, mesmo mostrando confiança no sucesso do evento, não descartou até mesmo possíveis jogos com os portões fechados:
- Vemos todas as situações possíveis. Sim, isso pode acontecer, como pode ter algum problema meteorológico que faça a partida ser adiada para o dia seguinte, ou situações de violência entre a torcida.
Pressionado para repercutir declarações que vieram de autoridades dos países que estarão com seleções na França, notadamente inglesas - que pedem cuidado dobrado aos seus cidadãos, pois eles são alvos prioritários - e portuguesas - que destacaram agentes armados e com permissão para atirar em casos extremos, Lambert disse que os franceses fizeram tudo para manter a ordem.
- Foram muitas reuniões com as autoridades, com o objetivo de ter o menor erro possível. Estamos totalmente focados no contexto da segurança. Mas sabemos que não há como ter risco zero.
Outro fator destacado em três oportunidades, na abertura do evento e em duas perguntas: se as Fan Fests, que devem receber 7 milhões de pessoas, não deveriam ter sido suspensas. Lambert disse que, diferentemente do que as pessoas pensam, estas áreas aumentam a segurança do evento. Mas que as fan fests podem ser interrompidas.
- Imediatamente depois que ocorreram os atentados, fizemos reuniões com o Ministério do Interior, representantes político e outros cidadãos e foi analisada abertamente a questão. Convergimos para uma decisão conjunta: manter as fan fests, pois é mais fácil para a segurança ter um local especifico do que vermos espalhados por toda a parte. Mas estamos atentos e reativos. Caso ocorra alguma coisa essa nossa ideia pode mudar.
E a área da Fan Fest receberá o mesmo tratamento que os estádios nos dias de jogos:
- Haverá uma revista dupla. Dois perímetros diferentes pelos quais o torcedor irá passar, o que minimizará a entrada de qualquer artefato. E tudo controlado por imagens e cerca de dez mil policiais.
A tensão nas perguntas dos jornalistas na conferência de imprensa ganhou motivação a mais com a prisão de um francês na Ucrânia que carregava armas e explosivos. Preso na segunda-feira, ele teria revelado interesse em realizar 15 pequenos atentados em território francês durante a Euro.
Com isso, cresceu ainda mais a preocupação das delegações. A imprensa inglesa repercutiu com Lambert as declarações do chefe do setor de ataques terroristas da Scotland Yard, pedindo que os torcedores ingleses que estiverem na França tenham a atenção redobrada, pois são alvos preferenciais do terrorismo.
Já Portugal teme algo com o time. A delegação, que chega hoje (é a última a desembarcar), carregou junto policiais da GNR e PSP - duas polícias de elite do país, tipo o nosso Bope - e elas estão armadas e com a permissão dos franceses para atirarem em casos extremos.
Lambert diz que jamais uma competição teve tanta preocupação com a segurança e que na terça-feira houve uma reunião que contou com a presença de chefes de segurança das delegações para finalizar os últimos detalhes do policiamento.
Aplicativo
O governo francês lançou um aplicativo gratuito para smartfones chamado SAIP. Trata-se de um localizador. Quem baixá-lo será avisado se estiver perto de algum local com possibilidade de ser atacado. O aplicativo informará para onde o usuário deverá seguir para ficar em segurança.