Federação Alemã rebate acusações de racismo e perseguição a Özil

DFB respondeu a críticas de Özil, que se aposentou da seleção da Alemanha no último domingo; ex-camisa 10 afirmou se sentir discriminado por ter raízes turcas

imagem cameraÖzil se aposentou da seleção da Alemanha neste domingo (Foto: Philippe Huguen / AFP)
Avatar
Lance!
Berlim (Alemanha)
Dia 23/07/2018
12:25
Compartilhar

No último domingo, Mesut Özil oficialmente se despediu da seleção da Alemanha. O motivo? Questões políticas. O jogador, que tem raízes na Turquia, declarou se sentir perseguido pela Federação Alemã de Futebol (DFB), em especial pelo presidente Reinhard Grindel. Nesta segunda-feira, foi a vez da entidade responder às críticas feitas pelo meia.

Em nota oficial, a federação rebateu as acusações de racismo feitas por Özil e afirmou que a diversidade é de 'importância fundamental em todos os níveis' do futebol da Alemanha.

Vale lembrar que às vésperas do Mundial, o agora ex-camisa 10 da Alemanha foi duramente criticado por ter posado para uma foto ao lado do presidente turco Recep Tayyip Erdogan. Passada a polêmica, o próprio pai do jogador disse que, caso fosse o filho, já teria optado pela aposentadoria. O episódio foi relembrado pelo comunicado da federação alemã, que reforçou a necessidade de um pronunciamento de Özil a respeito do assunto.

Özil posa ao lado do presidente da Turquia (Foto: Hayhan Ozer/AFP)

- As fotos com o presidente turco Erdogan levantaram questões para muitas pessoas na Alemanha. Concordamos que a DFB também contribuiu para lidar com o tópico. E é lamentável que Mesut Özil tenha achado que não tinha sido suficientemente protegido como alvo de slogans racistas contra sua pessoa, como foi o caso de Jerome Boateng. Mas era importante que Mesut Özil, como Ilkay Gündogan antes dele, desse respostas a essa foto, independentemente do resultado esportivo do torneio na Rússia. Na DFB, ganhamos e perdemos juntos, tudo em equipe - diz a nota.

Confira a nota da Federação Alemã de Futebol, na íntegra e traduzida:
'O presidente da Federação Alemã de Futebol (DFB) recebeu, hoje, a informação da saída de Mesut Özil através de uma ligação telefônica. Özil jogou 92 vezes pela seleção alemã e ajudou a moldar uma era de sucesso, dentro e fora de campo. Ele fez uma contribuição decisiva para a Alemanha se tornar campeã mundial no Brasil em 2014. É por isso que a DFB é muito grata a Mesut Özil pelo seu excelente desempenho com a camisa da seleção alemã.

A diversidade é uma força não só no futebol. É por isso que nosso trabalho de integração é de importância central e todos os níveis. Nós jogamos e vivemos juntos com nossas diferentes raízes familiares, religiões e culturas. Nós sempre temos que respeitar, dentro e fora de campo, os direitos humanos consagrados na lei básica, a defesa da liberdade de expressão e de imprensa, bem com o respeito, a tolerância e o fair play. Um compromisso com esses valores básicos é necessário para todos os que jogam futebol na Alemanha.

As fotos com o presidente turco Erdogan levantaram questões para muitas pessoas na Alemanha. Concordamos que a DFB também contribuiu para lidar com o tópico. E é lamentável que Mesut Özil tenha achado que não foi suficientemente protegido como alvo de slogans racistas contra sua pessoa, como foi o caso de Jerome Boateng. Mas era importante que Mesut Özil, como Ilkay Gündogan antes dele, desse respostas sobre essa foto, independentemente do resultado esportivo do torneio na Rússia. Na DFB, ganhamos e perdemos juntos, tudo em equipe.

A DFB teria ficado feliz se Mesut Özil quisesse continuar fazendo parte da equipe nessa base compartilhada. Ele decidiu o contrário. A DFB respeita isso. Para nós, como associação, é também necessário lidar de maneira respeitosa com um jogador merecedor. Deixamos algumas declarações que não são compreensíveis para nós em tom e conteúdo sem comentários públicos.

O fato de a DFB estar associada ao racismo, nós rejeitamos. Por muitos anos, a DFB esteve fortemente envolvida no trabalho de integração na Alemanha. Entre outras coisas, premia o Integrationspreis, lançou a campanha "1: 0 for a Welcome" e integrou dezenas de milhares de refugiados na família do futebol. Nos últimos 15 anos, estabelecemos um trabalho de integração em várias camadas, o que afeta os clubes amadores. A DFB é sinônimo de diversidade, dos representantes no topo às incontáveis ​​pessoas dedicadas do dia a dia da base.

A DFB lamenta a saída de Mesut Özil da seleção. No entanto, isso não altera a determinação da associação para continuar o trabalho de integração bem-sucedido de forma consistente e com profunda convicção.'

Siga o Lance! no Google News