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João Félix, vencedor do prêmio Golden Boy (melhor jogador jovem) de 2019, não conseguiu cumprir as expectativas que o futebol europeu tinha sobre ele. O português chegou ao Milan nesta temporada, emprestado do Chelsea, e ainda não conseguiu performar, repetindo o que aconteceu no Atlético de Madrid, Barcelona e no próprio Chelsea. Mas por que isso acontece? João não joga o mesmo futebol ou o futebol não é mais o mesmo?
Comparado com o compatriota Cristiano Ronaldo quando surgiu no futebol, o futebol do ex-Golden Boy na verdade nunca se assemelhou ao do camisa 7. João Félix se aproxima mais de um camisa 10, que joga por dentro, do que de um ponta. Mas ele também não flutua tanto no meio de campo como um armador, fica mais próximo da área. Mesmo assim, o português também não consegue fazer o papel de um centroavante.
A posição que mais se aproxima das melhores características de João Félix é provavelmente a de segundo atacante. Boa finalização, sem ser matador como um 9. Bom passe, mas sem a armação de um 10. Bom drible, mas sem o um contra um e a recuperação defensiva de um ponta. Afinal, essa posição ainda existe no futebol? Será por isso que João não consegue ser o que se esperava?
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Outros 'João Félix' na Europa
Para tentar entender melhor o caso do português, essa reportagem vai analisar outros jogadores que estão ou passaram pelo futebol europeu. Depois disso, a análise passa para o Brasil, entendendo alguns atletas em atividade no país verde e amarelo.
Rodrygo
Um dos melhores jogadores do mundo, Rodrygo já atuou em todas as posições do ataque durante a sua carreira. Porém, por ter muita velocidade e força física para recomposição, ainda consegue estar entre os melhores ponta do mundo. No Brasil, principalmente, o Rayo é visto mais como um camisa 10, mesmo que não desempenhe esse papel no Real Madrid. Conclusão: as melhores características do Rodrygo fazem dele quase que o exemplo perfeito de um segundo atacante. Mas ele é tão bom que continua efetivo adaptado em outras funções.
Havertz
Terceiro colocado na disputa do Golden Boy, quando João Félix venceu o prêmio, Kai Havertz era visto como a próxima grande estrela da Alemanha no futebol. Porém, o jogador do Arsenal não conseguiu se firmar como um camisa 10. Nas pontas, faltou velocidade, agilidade. O jeito foi aproveitar a boa estatura. Agora, Arteta usa o alemão quase sempre como um centroavante. Ainda que seja mais móvel que um camisa 9 tradicional, Havertz não jogano espaço que poderia ter o seu melhor desempenho, mas se adaptou a outra função por uma característica física.
Musiala
Diferente dos dois acima, Musiala tomou outro caminho. O alemão que foi a sensação do país após Havertz, passou a jogar mais como meio-campista. O jogador de 21 anos surgiu em um contexto do futebol que o conceito de segundo atacante já quase não existe. Com isso, ainda que suas melhores valências no campo sinalizem essa função em um esquema, Musiala se mostra bem adaptado a atuar mais próximo da base das jogadas.
Griezmann
Griezmann é o que mais se aproxima do segundo atacante nos grandes times da europa nesse momento. No Atlético de Madrid, o francês joga por trás de Julián Álvarez, aparecendo também no meio e dos lados, com bastante liberdade. Antoine, porém, consegue ter uma entrega defensiva acima da média para esse tipo de jogador, além de ser protegido pelo time de Simeone, bem conhecido por sua capacidade defensiva.
O atacante também é prova de que jogar dessa maneira não depende só dele, mas sim de uma situação característica do time que ele atua. Na seleção francesa, Griezmann faz um papel totalmente diferente. O jogador fica mais próximo do meio-campo, por vezes fazendo papéis parecidos com os de um volante - no ataque e na defesa.
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E no Brasil?
Gabigol
No Brasil, o sumiço da posição ainda não é tão forte quanto no velho continente. Ainda que esses jogadores também estejam sumindo aos poucos. Gabriel Barbosa é um dos exemplos. Apesar de jogar mais como 9 na maior parte de sua carreira. Gabigol viveu uma de suas melhores temporadas pelo Flamengo jogando atrás de Pedro, em 2022.
Paulinho
Artilheiro do Brasileirão em 2023, Paulinho deixou de ser o ponta que surgiu no Vasco para atuar mais próximo do gol quando esteve no Atlético-MG. Em 2023, foram 31 gols pelo Galo. O atacante conseguiu unir força física, qualidade técnica no passe no drible e poder de finalização. Agora no Palmeiras, resta saber se o jogador vai exercer a mesma função ou terá que cair para os lados ou jogar como centroavante com Abel Ferreira.
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O fim do segundo atacante
Observando os últimos grandes times do futebol europeu, é difícil identificar um jogador que tem a liberdade de circular no setor de ataque sem muitas obrigações defensivas. No atual Real Madrid galático isso é um problema, inclusive. Entre tantos craques que podem decidir na frente, quem volta para marcar? Quem é sacrificado?
No Manchester City, com o futebol posicional do histórico Pep Guardiola é ainda mais difícil de ver um jogador como esse. Com pontas bem abertor para gerar amplitude e um centroavante enfiado para empurrar a bola para dentro, fica quase impossível um esquema suportar a circulação de um outro jogador.
Na atual temporada, Barcelona e Liverpool, os times a serem batidos, também não fogem dessa lógica. Mesmo com ataques mais móveis. Os jogadores além do centroavante no ataque não exercem essa função de segundo atacante e acabam caindo mais para as pontas, tendo também muitas obrigações defensivas.
Destaque do Barça na temporada, Raphinha concorre a Bola de Ouro da temporada 2024/2025 como um jogador de muita intensidade. O brasileiro aparece nas duas pontas e no meio-campo, criando e finalizando as jogadas. Além disso, Raphinha é muito elogiado por Hansi Flick pela sua dedicação defensiva.