Gol perdido, Abreu ‘fominha’ e a simpatia de Cebolla: o que você não viu sobre a despedida de Diego Forlán

Após anunciar aposentadoria em agosto, goleador uruguaio realizou uma partida festiva no estádio Centenário, em Montevidéu. Agora, ele segue carreira como técnico do Peñarol

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Com o filho caçula César nos braços, Diego Forlán caminha com as suas chuteiras azuis, pela última vez, pelo túnel que dá acesso ao gramado do estádio Centenário. Acompanhado pela esposa Paz Cardoso e os outros dois filhos, Martín e Luz, ele observa a entrada dos companheiros convidados e sorri. Chegara o momento de se despedir, e os fogos anunciavam os passos do goleador uruguaio pelo longo tapete vermelho, diante de aproximadamente 25 mil pessoas. Começava ali, no dia 28 de dezembro de 2019, o “Adeus de Forlán”.

Aos 40 anos, o lendário jogador da seleção uruguaia anunciou a aposentadoria em agosto deste ano, após passagem discreta pelo Kitchee Sports Club, de Hong Kong. Na última semana, ele foi confirmado como técnico do Peñarol – clube no qual é considerado ídolo – para a temporada 2020. Será a estreia dele como treinador.

Por isso, antes de iniciar a trajetória à beira do campo, o ex-atacante reuniu grandes nomes do futebol mundial para a partida de despedida entre “Uruguai 2010-2011” e “Amigos de Forlán”, entre eles, Diego Lugano, Álvaro Pereira, Lodeiro, Luis Suárez, Loco Abreu, Verón, Diego Milito, Riquelme e Cambiasso. O placar terminou empatado em 6 a 6, e causos não faltaram para eternizar a noite tomada pelos gritos inflamados de “ole, ole, ole, Diego, Diegooo!”.

- Muito obrigado a todos por vir, pois sei que é uma data complicada. Quero agradecer a toda a seleção, aos meus companheiros, amigos que o futebol me deu, os que também não puderam vir. Quero agradecer a todos pela disposição. A verdade é que 21 anos de carreira foram muito mais do que imaginei. Estar aqui me despedindo, junto com a minha família, amigos, companheiros, e ter vivido tanta coisa dentro desse campo, é algo muito emocionante. Agora começa outra etapa, muito obrigado a todos – discursou o autor de 36 gols com a camisa celeste.

A reportagem do LANCE! acompanhou de perto a última exibição do craque e relata aqui os bastidores que tornaram o evento ainda mais especial. Desde a cornetada de Loco Abreu a mister simpatia de Cristian “Cebolla” Rodríguez e defesas do “goleiro” Luis Suárez. Confira:

Pai nervoso e emocionado
Ex-jogador e técnico, Pablo Forlán, estava mais nervoso e emocionado que o próprio filho antes de a partida começar. Em conversa com os jornalistas, na zona mista do estádio, o ex-defensor apontou a partida entre Liverpool (1) x (2) Manchester United, na temporada 2002/03, no Anfield, como uma das mais marcantes da carreira de Diego.

- Aquela partida ficou para a história. Quando o jogo terminou, um dos auxiliares que não lembro qual disse a ele: 'você não sabe o que fez, Diego. Os anos vão falar para você o que fez hoje”. E é uma grande verdade, porque até o dia de hoje, a torcida canta a canção na data.

Em tradução livre, a música feita pelos Red Devils diz: "Diego, wooah, Diego, wooah. Ele veio do Uruguai, ele fez os "scousers" (como são chamados os torcedores do Liverpool) chorarem".

Cebolla, o mister simpatia
Ídolo do Peñarol, Cristian “Cebolla” Rodríguez deu uma exemplo de humildade antes de entrar em campo. Enquanto os atletas se preparavam dentro do vestiário, o meia-atacante atendeu pedidos de autógrafos de alguns torcedores que quebraram o protocolo e espiavam por uma pequena janela. Em uma das solicitações, o jogador pegou uma camisa infantil das mãos de um pai, voltou para o vestiário e depois a devolveu assinada. Ele também posou para fotos através da pequena fresta.

Maestro Tabárez e as crianças
Mesmo com a dificuldade para se locomover – o faz com a ajuda de uma bengala - o técnico Óscar Tabárez fez questão de tirar fotos com crianças e famílias antes de entrar no gramado e assumir as orientações da equipe “Uruguai 2010-2011”. Ele, no entanto, deixou o estádio sem conversar com a imprensa.

Deram o “bolo”
Edinson Cavani e Martín Cáceres, embora confirmados na lista prévia de escalação, não compareceram à partida. Horas antes, Cavani compartilhou um vídeo nas redes sociais onde aparecia sobrevoando em um helicóptero a cidade de Paysandú, no interior do país – a 374 quilômetros de Montevidéu.

Inacreditável FC
Logo início da partida, Diego Forlán perdeu um gol que nem ele acreditou. Após cruzamento rasteiro pela esquerda de Luisito Suárez, o homenageado da noite finalizou de chapa com pé esquerdo e mandou para a linha de fundo, apesar do gol estar livre. Na sequência, ele chutou a bola contra as placas de publicidade e coloco as mãos no rosto, fazendo o sinal de negativo com a cabeça. Até o craque ficou incrédulo com a falha.

Loco e fominha
Quando o assunto é fazer gols, Loco Abreu leva isso a sério mesmo quando a partida é festiva. Aos 24 minutos do primeiro tempo, o atacante reclamou com o árbitro Darío Ubriaco por anotar – corretamente – o gol para Nico Lodeiro. Isso porque, no chute do companheiro, a bola bateu no travessão, pingou dentro do gol e saiu. Como o veterano havia empurrado a redonda para o gol no segundo lance, entendeu que era dele o tento. Espertinho, não?
Plus: na etapa complementar, Loco Abreu aguentou poucos minutos sentado no banco de reservas. Não demorou para ele pedir modificação na equipe e ser atendido pelo Maestro.

El Pistolero e goleiro
Como nas práticas do Barcelona e seleção uruguaia, Luis Suárez aproveitou o momento de descontração para substituir Juan Castillo no gol, no segundo tempo. Ele divertiu a todos ao executar boas defesas, incluindo uma delas na finalização do próprio Forlán.

Cadê o VAR?

Quando a partida é uma homenagem a um camisa 10 vale até mesmo uma ajudinha da arbitragem, não é? Na segunda etapa, Forlán – em posição irregular – recebeu um passe mágico de Riquelme e seguiu a jogada, sem que o bandeira anotasse o impedimento. O lance terminou com a assistência do craque e gol de Milito a favor dos “Amigos de Forlán”. O mais engraçado é que o bandeira, como estava mal posicionado, desistiu de marcar qualquer infração ao correr para acompanhar a linha da defesa.

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