Os gramados artificiais, também conhecidos como sintéticos, têm se tornado uma opção cada vez mais comum no futebol, principalmente em estádios multiuso, onde a manutenção de um gramado natural pode ser impraticável ou muito cara. O uso de gramado artificial no futebol está regulamentado pelas diretrizes da FIFA, que define os padrões de qualidade, segurança e jogabilidade. Apesar disso, o debate sobre a utilização dessas superfícies permanece acalorado entre jogadores, treinadores e torcedores.
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O gramado artificial é permitido no futebol?
Sim, o gramado artificial é permitido no futebol, desde que atenda a determinados padrões estabelecidos pela FIFA. A entidade exige que os campos com essa superfície sejam certificados através do programa FIFA Quality Programme for Football Turf. Para isso, o gramado artificial precisa passar por uma série de testes que avaliam aspectos como durabilidade, segurança, absorção de impacto, qualidade de jogo e até mesmo o comportamento da bola em contato com a superfície.
Essas certificações garantem que o campo ofereça condições semelhantes às dos gramados naturais, tanto no controle da bola quanto na proteção dos jogadores contra lesões. Vale lembrar que, nas competições mais importantes, como a Copa do Mundo, a FIFA ainda dá preferência aos gramados naturais, especialmente em fases decisivas como as semifinais e finais.
Quais as vantagens do gramado artificial?
O gramado artificial oferece várias vantagens em comparação com o gramado natural, sendo uma das principais a economia nos custos de manutenção. Estádios que utilizam grama sintética não necessitam de sistemas de irrigação, corte regular, adubação ou tratamentos para controle de pragas, o que reduz significativamente os gastos operacionais. Segundo estimativas, enquanto a manutenção de um campo de gramado natural pode custar milhões por ano, o gramado sintético exige bem menos manutenção, com custos anuais em torno de R$ 200 mil.
Outra vantagem é a durabilidade. Campos de gramado artificial resistem melhor ao uso contínuo e às condições climáticas extremas, como chuvas intensas e temperaturas elevadas. Em locais onde o clima não é favorável para a manutenção de grama natural, como estádios em regiões com invernos rigorosos ou verões muito secos, o gramado sintético oferece uma alternativa viável. Além disso, ele se recupera mais rapidamente após eventos que desgastam o solo, como shows ou partidas consecutivas.
Por isso, o gramado artificial é bastante utilizado em estádios multiuso e em campos de treinamento, onde a necessidade de um gramado uniforme e resistente é alta. No Brasil, clubes como o Athletico-PR e o Palmeiras adotaram o gramado sintético em seus estádios, e o uso tem se mostrado uma escolha prática e econômica.
Desvantagens e críticas
Embora o gramado artificial tenha se popularizado, ele também recebe críticas significativas de jogadores, treinadores e especialistas. Uma das maiores preocupações é o impacto na segurança dos atletas. Muitos acreditam que jogar em gramado sintético aumenta o risco de lesões, especialmente em articulações como tornozelos e joelhos, já que o comportamento da superfície e o nível de absorção de impacto diferem dos gramados naturais.
Outro ponto crítico é o quique da bola. Jogadores que estão acostumados a atuar em gramado natural relatam que, em superfícies sintéticas, a bola tende a quicar mais alto e correr de maneira mais imprevisível. Isso pode dificultar o controle da bola e afetar a fluidez das jogadas. Além disso, o calor gerado pelo atrito do calçado com o gramado artificial pode causar desconforto aos atletas, especialmente em dias de sol forte.
Treinadores renomados como Fernando Diniz e Rogério Ceni já expressaram publicamente sua desaprovação ao uso do gramado sintético em jogos de competições importantes. Eles defendem que essa superfície altera a dinâmica natural do jogo, criando uma vantagem para os times que estão mais acostumados a treinar e jogar nesse tipo de campo.
Exigências e regulamentação da FIFA
Para que um gramado artificial seja aprovado pela FIFA, ele precisa seguir as normas descritas no programa FIFA Quality. Essas normas abrangem não apenas a segurança e a qualidade de jogo, mas também aspectos relacionados à sustentabilidade. A FIFA considera fatores como a quantidade de água economizada, a durabilidade do material e a capacidade de reciclagem da superfície ao final de sua vida útil.
Uma vez que o campo passa nos testes de certificação, ele recebe uma classificação, que pode ser FIFA Quality ou FIFA Quality Pro, dependendo de seu desempenho nas avaliações. Esses selos garantem que o campo possa ser usado em competições oficiais da FIFA, e a certificação deve ser renovada periodicamente para garantir que o gramado continue atendendo aos padrões estabelecidos.
O futuro do gramado sintético
A utilização de gramado artificial no futebol continua a crescer, mas seu futuro ainda é incerto em algumas ligas. Na Europa, por exemplo, há uma forte tendência de proibição de gramados sintéticos em determinadas competições. Sim, as regras do futebol preveem que as competições podem vetar gramados sintéticos. A Holanda, por exemplo, anunciou que todos os clubes da Eredivisie, a primeira divisão do país, deverão eliminar o uso de gramado sintético até a temporada 2025/2026. Nos Estados Unidos, o MetLife Stadium, que será um dos palcos da Copa do Mundo de 2026, também terá seu gramado artificial substituído por um campo de grama natural, como parte das exigências da FIFA para o torneio.
Esse movimento reflete a preferência por gramados naturais em eventos de grande porte, como as Copas do Mundo e as finais de grandes competições continentais. Apesar disso, o gramado artificial continua sendo uma solução viável em muitos estádios e campos de treinamento, especialmente em locais onde a manutenção da grama natural é inviável ou excessivamente dispendiosa.